Quando voltava da primeira expedição que empreendi pelas Rochosas Canadenses, em 2018, passei alguns dias em Washington D.C. e aproveitei para comprar o recém lançado MacBook Pro de 16” da Apple. Mais fino, mais leve, com tela Retina Display e uma faixa de teclado touch. Mas umas das maiores novidades que ajudou-o a ficar mais fino e leve, foi o desenvolvimento do novo teclado borboleta, que substituiria o antigo teclado tesoura. Essa troca ocorreu em 2015 e o meu computador já contava com a terceira geração do novo teclado. Apesar de eu ter gostado, muitas pessoas reclamaram que devido as teclas serem mais finas, a sensação de teclar tinha diminuído, algo que não fez diferença para mim.

Mas o que acabou matando o teclado borboleta um ano depois, não foram essas críticas, mas começaram a aparecer muito mais chamados para reparo com problemas nas teclas do que quando se usava o teclado tesoura. O problema começou a crescer e a Apple se viu obrigada a incluir todos os MacBooks com o teclado borboleta em um programa de qualidade – algo como uma garantia –, onde o usuário não teria nenhum custo em caso de problemas.

No meio do ano de 2022 a letra M começou a apresentar falhas e no início de novembro o problema piorou ao ponto de eu precisar teclar entre 5 a 10 vezes até a letra ser digitada. Neste momento você descobre o quanto usamos essa letra em nossos textos.

O M ganhou o meu respeito.

Levei o meu MacBook Pro a uma assistência Apple e eles confirmaram que ele fazia parte do programa de qualidade. Em uma semana iriam me entregá-lo e fariam a mudança do “top case”, que consiste de um novo teclado, touchpad, bateria, além da carcaça de alumínio.

Apesar de ainda ter o meu primeiro iMac, quando fiz a transição do Windows para a Apple em 2007 e sendo o mesmo computador que desenvolvi e lancei o Extremos meses depois, resolvi não usá-lo e trabalharia de forma limitada pelo iPhone. Isso acabou me gerando mais tempo livre e aproveitei para ler livros e deixo aqui para vocês como sugestões de leituras para 2023. Feliz Ano novo!

When you find my body

Quando você encontrar o meu corpo

Essa é uma história comovente e de leitura obrigatória para todas as pessoas que pensam em sair caminhando pelas trilhas do mundo, principalmente pelos ensinamentos e reflexões que a história gera.

Em julho de 2013, Geraldine Largay , de 66 anos, estava percorrendo a Appalachian Trail e em um determinado trecho em que caminhava sozinha, precisou fazer necessidades e saiu da trilha e se embrenhou na floresta para não ser vista e quando tentou voltar, não encontrou mais a trilha. Apesar da enorme operação de busca e salvamento que foi empreendida, o corpo dela só foi encontrad0 por acaso em outubro de 2015. O mais terrível de tudo é que descobriram que ela sobreviveu na floresta durante 26 dias.

Essa notícia foi destaque no Extremos naquela época.

A história no livro abrange desde a preparação dela para a travessia da Appalachian Trail até a repercusão post mortem.

Geraldine deixou um diário para a família contando como foram seus dias enquanto estava desaparecida, mas se o leitor busca saber sobre o diário, lamento informar que o autor publicou apenas pequenos trechos que já haviam sido divulgados na época.

Como acontece na aviação, a morte de Geraldine não se resume a um pequeno erro, mas sim a uma sucessão de fatos que culminou em sua morte. Apesar da triste perda, a história de Geraldine liga um importante alerta para quem pretende se aventurar. Com certeza essa lição salvará muitas outras vidas.

Você encontra o livro na Amazon no formato impresso ou ebook, ambos na versão em inglês.

Thirst - 2600 miles to home

Sede - 2600 milhas para casa

O nome Heather "Anish" Anderson pode soar familiar para alguns ouvintes do podcast do Extremos. Já mencionamos ela durante bate-papos com a brasileira Elaine Bissonho, exatamente porque Anish é a principal "algoz" da intrépida brasileira.

Os principais recordes de caminhada de longa distância nos Estados Unidos pertecem a "Anish" e Elaine sempre termina logo atrás.

Neste livro, seguindo o método de "A Jornada do Herói" o que deixa o livro mais pobre e previsível, ela narra desde a infância quando sofria bullying até a sua consagração com o novo FKT (fast know time - o tempo mais rápido) da Pacific Crest Trail (4.620 km). Caminhou em 60 dias, 17 horas e 12 minutos, quebrando o recorde masculino anterior em quatro dias e se tornando a primeira mulher a manter o recorde geral. Para você ter uma noção, a brasileira Rose Eidman percorreu a PCT em 127 dias e entenda, esse foi um ótimo tempo para um hiker.

"Anish" (seu nome de trilha), detém o FKT feminino da Triple Crown em um ano civil. Caminhou as trilhas da Paficic Crest Trail (4.620 km), Appalachian Trail (3.531 km)e Continental Divide Trail (5.070 km) em 251 dias, 20 horas e 10 minuitos.

É a única pessoa até hoje a completar 3 vezes a Triple Crown.

Diferente da filosofia de um hiker que é caminhar para apreciar o momento na natureza, "Anish" trás para as trilhas o estilo de competição que viveu durante anos quando praticava trail running.

Recomendo. Você encontra na Amazon na versão em inglês.

Sobre homens e montanhas

Eiger Dreams

Esse é um livro que me escapou e só fui ler agora. Na verdade, quando eu o folheei em uma livraria logo após o lançamento, acabei não comprando por ser uma coleção de artigos.

De todo modo, eu não estava errado. Caso você queira ler esse livro, não pense no que anos depois se tornou Krakauer com os lançamentos dos best-sellers "Na Natureza Selvagem" de 1996 e "No Ar Rarefeito" de 1997. Livros com grandes histórias e com começo meio e fim.

Sobre Homens e Montanhas tem artigos muito bons e outros com histórias não tão empolgantes. Quando fui pesquisar a versão em inglês, descobri que na verdade se chama Eiger Dreams e foi lançado em 1990. Esse é o primeiro livro do autor. O título em inglês é o tema de um dos artigos do livro.

Comprei na Amazon na versão em português. Recomendo!