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7 CUMES GUSTAVO ZILLER
 
Elbrus
A TERCEIRA MONTANHA NO PROJETO DOS 7 CUMES DE GUSTAVO ZILLER
 
 
Ataque ao cume do Elbrus. Foto: Gabriel Tarso
 

14.09.2015 - 09:58

11º Dia de Expedição

Todos dormindo ao meu redor. E eu aqui pensando sobre o dia 12 de setembro de 2015, também conhecido como ontem, dia do ataque ao cume do ponto culminante de todo continente europeu.

A escalada do Monte Elbrus não é trivial. Apesar do 'certo' conforto com hospedagem nos vilarejos locais nos primeiros dias de aclimatação e depois nos refúgios da montanha, como o que estou, a montanha é marrenta, e para um aprendiz - como eu - dura e muitas vezes técnica.

Deixamos nosso refúgio às 4 da matina e subimos de Snowcat até pouco depois de 4550 metros. O clima nervoso prometia trégua, mas não foi o que vimos ao descer da escavadeira. Vento forte e muito frio no início do ataque possibilitando poucas imagens, mas preciosas. Todas estarão nos espisódios do 7CUMES Elbrus no Canal Off.

Essa 'tal' ventania do Elbrus, que raramente dá trégua nos acompanhou durante todo o ataque, às vezes com rajadas fortíssimas e outras com frequência irritante. O psicológico vale muito na montanha, estou cada vez mais seguro disso.

Mas ali, pelo meio da manhã, o sol chegou e por incrível que a previsão 'acertou' o céu apareceu e revelou um Elbrus impávido colosso. Nessa altura, estávamos começando a etapa final do ataque. Uma subida muito forte e pra mim, técnica, com início entre os dois cumes, o leste e o oeste, nosso destino.

Mas antes, paramos uns minutos para hidratação e para comer qualquer coisa que descesse, no meu caso, meia barra de chocolate. Esse local, entre os dois cumes, é chamado de Sela. Checamos crampons, cadeirinha e cordas. Liberamos poucos equipamentos que não usaríamos e seguimos pra cima!

A subida desde Sela é muito íngreme, em terreno traiçoeiro. Você precisa de técnica cramponada. Uma pisada em falso, uma queda e dificilmente você consegue frear a descida. A inclinação passa dos 50%, fácil. Em três etapas dessa parte você precisa clipar em cordas fixas nos locais mais tensos. Pra mim, primeira vez no gelo e usando piqueta e crampons, foi difícil. Na primeira etapa fui clipado com Brad e na descida com o Mad Max. Tenso, mas não desisti!

Chegamos no contorno da crista, parte mais técnica, com nosso amigo vento de volta. E depois desse contorno, você vê o cume do Elbrus logo ali, a uns 200 metros em ascensão leve.

Por incrível que pareça, completamos essa etapa em aproximadamente 40 minutos, ou seja, passo largo pra quem está escalando a quase oito horas, sem comer e com hidratação insuficiente.

Cume!

Há um rampa final, de uns 20 metros, para o pequeno espaço do cume. O sonho dos montanhistas ao conquistar esse ponto é céu aberto, pra admirar a Cordilheira do Cáucaso e toda região do Elbrus. E, mais uma vez, assim como no Aconcágua e Kilimanjaro, céu aberto. Mas muito frio (sensação de 30 negativos) e vento, vento, vento...

Gabriel, parceiro de 7CUMES, fotógrafo e filmmaker, captou imagens espetaculares que serão protagonistas dos episódios do Elbrus no Canal Off, tenho certeza.

Corta pra hoje

Continuo aqui deitado, escrevendo e vendo a neve bater na janela do refúgio. O tempo aqui é muito louco, acabamos de fazer cume com céu aberto, e poucas horas depois, tempestade de neve. Tenho sorte, ou melhor, temos uma equipe de ponta, trabalhamos muito, planejamos muito e temos muita paciência.

Até a próxima história no Maciço Vinson, ponto culminante da Antártida.

Stay tuned!
Gustavo Ziller

 
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12.09.2015 - 05:53

Cume

"Acabo de conquistar o cume do Elbrus, ponto culminante de toda Europa. Equipe bem emocionada."

Gustavo Ziller

 

10.09.2015 - 22:30

8º Dia de Expedição

  Roberta Abdanur  

Hoje foi o primeiro treino puxado de aclimatação. Nosso objetivo foi sair dos Barrels, 3650 metros, e subir até Pastukhov Rocks, 4550 metros. Foi minha primeira experiência 'cramponado' e pisando por longas oito horas em neve e gelo. Confesso que o esforço foi dobrado por causa da ansiedade, entender o movimento do corpo usando bota dupla e crampons. Fundamental pra evitar a fadiga geral.

Subimos em seis horas de um trekking longo e penoso por causa do mal tempo. Já tinha lido diversos relatos sobre o mal humor do Elbrus em diversas situações. O próprio Nikolay, quando nos encontramos a primeira vez, disse que o Elbrus permite a escalada quando anuncia a chegada de tempo bom. Mas hoje não foi o caso, desde o início do treino, o vento batia forte, chuva fina e neve, tudo misturado. Quando chegamos a 4000 metros, o vento atingiu 45km/h e uma nevasca nos pegou em cheio. Pra minha surpresa, e muito por causa da vibração da nossa equipe, comemoramos o tempo ruim.

É que a sensação do vento soprando forte com a neve batendo no corpo energiza. Parece dose cavalar de energético, seu corpo entra num estado de alerta inacreditável. Tudo fica em câmera lenta e as micro partículas da neve se tornam um espetáculo à parte.

Na descida de Pastukhov, conseguimos voar o drone entre os Barrels e os refúgios logo acima de 3900 metros. Mesmo com vento forte, pouco menos de 30km/h, o drone #7CUMES captou belas imagens do glaciar que envolve os refúgios da região. O Elbrus é um vulcão, e tem 22 glaciares ao longo dos 360° da montanha. É muito gelo, muita neve, muita água.

Por aqui ninguém com mal de montanha. Expedição segue cada vez mais unida em torno de captar imagens e histórias extraordinárias da #vidacriativa.

PS: também levantamos o drone em Barrel Huts. E ele quase foi atacado por um Falcão/Gavião/Águia. Surreal.

Stay tuned!
Gustavo Ziller

 

09.09.2015 - 09:45

7º Dia de Expedição

  Roberta Abdanur  

Estamos subindo pros Barrels. Dia amanheceu feio, muita neblina e chuva. Nevou a noite. O teleférico de Abay não vai funcionar hoje. Precaução. Situação que pode atrasar um pouco nossos planos.

Mas...

Diferente de uma Expedição comercial, em que o cliente cumpre os objetivos diários e toda infra-estrutura é movimentada pelos assistentes e equipe local, numa Expedição própria você move tudo, e decide o que fazer nas adversidades. Estamos com quase 250kg de carga entre comida, água, mantimentos, equipamento de vídeo, de montanha, enfim, tudo que precisamos para a escalada. Subir isso na 'corcunda' não rola, amigo!

Então Nikolay descolou um Kamaz. Caminhão russo, clássico dos clássicos. Sabe aqueles filmes do 007 onde as ogivas nucleares soviéticas são transportadas nuns caminhões gigantes? Pois é, esse é o Kamaz.

Mais uma história espetacular pra série do Canal Off, pra vida, pros netos.

Avante
Gustavo Ziller

 
O famoso caminhão russo Kamaz. Foto: Gustavo Ziller
 
     
 

07.09.2015 - 22:00

Monte Elbrus, a terceira escalada do 7CUMES Canal Off

  Roberta Abdanur  

Mal cheguei do Kilimanjaro e cá estou na Cordilheira do Cáucaso, Rússia, fronteira com a Geórgia. Apesar da tensão na fronteira, das incríveis histórias de resistência da Segunda Guerra, o vale que abriga os vilarejos próximos ao Elbrus é calmo, de paisagem cinematográfica e com muito verde no pé das montanhas.

Voltando quatro dias.

Pousei em Moscou no 04 de setembro, dia do aniversário da cidade. Ah, esse projeto 7CUMES que me surpreende a todo momento. A semana toda era de comemorações. Na primeira noite, do quarto de hotel, uma saraivada de fogos de artifício capturados num timelapse maroto.

No dia seguinte tentamos andar pela Red Square, mas estava muito confuso, então caímos no complexo do Kremlin e suas catedrais maravilhosas, onde estão os restos mortais de uma dúzia de quizares famosos, como Ivan, o Terrível.

Ah, Moscou, ainda volto com minha mulher para fotografar todas as estações de metrô que você abriga, 10 fotos de cada. Não tem pra Paris, Londres ou Roma, as estações de Moscou são as mais belas do mundo.

Corta pra hoje.

Mas antes um fato: Max e eu planejamos as expedições 7CUMES com muito carinho e pensando em cada detalhe. Quero produzir imagens e histórias únicas, para continuar na missão de provar que pessoas comuns fazem coisas extraordinárias.

Estamos no vale do Elbrus. E nosso guia local, ninguém menos que a lenda do montanhismo russo, Nikolay Shustrov, escolheu o vilarejo de Baydaevo para nosso pernoite - em vez de Terskol, o mais conhecido da região. Estamos na estalagem da Nina Baydaevo, uma figura. Aliás, Baydaevo é o sobrenome de todos que vivem aqui. Nikolay é o nome por trás da Elbrus Race, seu recorde pessoal de ascensão ao cume do Elbrus partindo do refúgio 11 é de 02h12 minutos. Uma expedição 'normal' leva de 6 a 8 horas para completar o percurso. É mole?

Bom, já tenho tantas histórias pra contar que passei a gravar um pequeno podcast por dia, pra lembrar de todos os detalhes e dividir com vocês tim tim por tim tim.

Stay tuned!
Gustavo Ziller

     
 
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