Estávamos há 2 dias sem internet, no Camboja. Quando conseguimos acessar, uma notícia muito triste acabou com a gente: o terremoto no Nepal. Dias atrás estávamos relembrando tudo o que vivemos naquele país. Foi tudo tão maravilhoso. Chegamos a conclusão de que foi o país que mais curtimos e mais gostamos. Só estando lá para sentir aquele ambiente de paz e relaxamento. Nos sentimos confortável logo no primeiro dia e assim foram os dois meses que vivemos no Nepal.
Agora, há uma ferida em nosso coração. Que pelo visto, vai demorar muito a cicatrizar.
Em Nova Delhi, Índia, acordamos cedo, o taxista estava nos esperando. Quando fechamos o pacote para conhecer as cidades mais famosas da Índia de trem, estava incluso também o ônibus que nos levaria até Pokhara, no Nepal. Detalhe que eles iam fazer a gente achar o local do ônibus sozinhos e pedalando, exigimos um taxi. O taxista se perdeu várias vezes, o local era no meio do nada, impossível de achar, a gente ia se lascar demais, fiquem atentos com os indianos. Pegamos o ônibus zela-master. O ônibus era muito velho e muito sujo. Colocaram as bikes lá em cima no bagageiro. Nossos acentos eram os últimos.
Resumindo a história: viajamos durante 40 horas sentados nas ultimas poltronas sem inclinação, num treme-treme sinistro, pois não existe amortecedor naquele ônibus há muito tempo, nos alimentando com biscoito somente. Chegamos a noite numa cidade nepalesa onde iríamos pegar outro ônibus para Pokhara, ficamos esperando 6 horas até o ônibus sair, a essa altura já estávamos roxos de fome e fracos de sono. Chegamos em Pokhara as 06:00 da manhã debaixo de chuva, não tinha nenhum lugar coberto para de proteger. Arrumamos uma gueste house e capotamos.
Acordamos meio dia e fomos procurar outro lugar pra ficar. Comemos um belo almoço, depois de passar 10 dias se alimentando de bananas e biscoitos. Tudo o que a gente engordou na Turquia, emagrecemos na Índia. Estamos no Nepal, que delicia! A gente tava tão cansado, mas tão cansado, que chegamos até o Lago Phewa e aquela paisagem parece que carregou toda a energia perdida na Índia. Achamos uma guest house perfeita, chamada Babylon, com uma varanda virada para o lago. E ao invés de dormir, fomos curtir a cidade. Estávamos felizes demais. Achamos o lugar com a nossa cara. Era tudo o que procurávamos. Pedalamos por 12 países, e só fomos encontrar o lugar perfeito aqui no Nepal.
Pokhara é uma cidade turística. Esportes radicais diversos. Tem diversão para todo mundo. Qualquer lugar, é lugar para você apenas ficar admirando o visual. É tudo muito lindo. O melhor é o preço das coisas, hospedagem por 15 reais o casal. Quarto top.
Demos um rolezão pela cidade. O povo aqui é muito sereno e feliz. As coisas acontecem em ordem. Cada um no seu comércio de boa. Aqui tem muito indiano, e eles vivem em total harmonia, são irmãos. Os nepaleses são artistas e artesãos de primeiríssima qualidade. Tudo aqui é maravilhosamente bem feito. Os animais de rua são bem alimentados e bem cuidados. Os cachorros passam o dia esparramados no chão no meio da calçada pegando sol, no fim da tarde eles vão para o lago brincar, atormentar os búfalos e a noite eles vão caçar confusão e ficam latindo a noite toda. Eles são muito alegres. Todos eles tem um porte bonito. É muito legal ficar andando e observando as coisas por aqui. Os bebezinhos aprendem desde cedo a falar namastê e a fazer o gesto com as mãos, são lindos.
Num certo dia, subimos de bike até a montanha onde a galera salta de parapente. Foi uma subida pesada. Passamos por famílias que moram nas montanhas. Foi muito legal. Foi o dia todo para subir, chegando no cume estávamos roxos de fome, resolvemos comer alguma coisinha. Depois que terminamos já era noite e tínhamos que descer tudo ainda. Ligamos as head lamps e fomos nessa. Estava uma escuridão sinistra, foi muito massa. A melhor coisa é você se enfiar nos cantos sabendo que nada de ruim vai te acontecer. Nos sentimos muito seguros aqui no Nepal.
Depois de 7 meses pedalando, dormindo cada dia em um lugar diferente, economizando até as tripas e depois de ter passado por uma experiência intensa na Índia, resolvemos finalmente tirar férias. Isso mesmo, férias. Estávamos num rala sem fim. A gente nunca tinha passado mais de 3 noites no mesmo lugar. Chegando aqui em Pokhara, sentimos essa paz que o lugar transmite, demos uma desacelerada. Nem a gente sabia que estávamos precisando desse tempo. Chegamos já compramos um mapa para fazer trekking, mas não rolou, a gente só queria ficar de boa. A gente só dormia, comia e relaxava. Essa era a nossa rotina e foi assim até o réveillon. Nosso natal foi na varanda da guest com 3 nepaleses jovens, rindo e escutando rock. Era só rolé de varanda, quando não estamos na varanda do quarto comendo, estamos na varanda dos fundos pegando um sol. É bom sentir que temos uma casa, mesmo que por pouco tempo. Estávamos numa fase de preguiça extrema. É bom também viu. Preguiça é uma palavra feia né, vou mudar, estávamos num momento de reposição das nossas energias.
Depois de duas semanas em Pokhara, conseguimos partir de lá. Renovamos nosso visto para poder ficar mais um mês no Nepal. É super simples, paga 40 dólares e fica por mais um mês. O pedal foi muito gostoso. Agora sim estamos conhecendo um Nepal sem turismo. Tem casas humildes, mas também tem casas gigantes coloridas, um luxo. As pessoas ficam fora de casa o dia inteiro, tudo o que fazem é fora de casa, até o banho. Isso mesmo, as mulheres tomam banho na bica que geralmente fica na rua. Não existe água quente, a eletricidade é muito precária. O jeito é tomar banho no sol. As crianças são muito lindas, por onde passamos elas nos deram tchau. Ficam muito curiosas. Teve até dois meninos que se aproximaram e nos pediram doce, na maior vergonha do mundo, eu dei um biscoito e eles ficaram muito felizes.
Arrumamos um diocamping ótimo numa pequena vila. Perguntamos para umas moças se teria problema dormir ali perto, elas disseram que não. Mais tarde veio um senhor falar com a gente. Disse que morava na casa roxa e que se precisássemos de qualquer coisa era para falar com ele, disse que ali era muito seguro para dormir. Mais tarde ficamos curtindo uma fogueira coma família toda dele. Ficamos com medo de passar frio de madrugada, mas a barraca ficou super quentinha. Ahhhh como é bom voltar a acampar!
Iniciamos a subida rumo a cidade de Bandipur. O caminho foi muito lindo até chegar lá. Pequenas vilas rurais. Verde para todo o lado, lindos visuais que faz até você esquecer o quando subida é chato. Chegamos em Bandipur, ficamos na Guest House chamada Milan, bem simples e com o preço muito bom, 10 reais o casal, ainda tinha internet. Mas o visual que tínhamos ali dos Himalaias, não tinha preço. Que maravilha, aqui na Ásia podemos ter o luxo de ficar em hotel e comer fora sem passar dos 30 reais diários. É claro que os hotéis daqui são bem diferentes dos da Europa. Geralmente não trocam a roupa de cama, só quando está bem suja. Não costuma ter vaso sanitário, é só aquele buraco que fica no chão. Os banheiros são muito fedidos. E de madrugada veio até um ratinho nos visitar. Mas você acostuma.
Fomos dar rolé na cidade de Bandipur. É uma cidade totalmente graciosa. Muito antiga. Carro nem circula dentro da cidade. Os nepaleses são pequenos, mas antigamente eles deveriam ser quase anões. Todas as portas dos comércios e das casas são baixinhos, do meu tamanho. Thiago é que passa perrengue com isso. Fomos procurar um mirante no alto da montanha. Achamos um lugar incrível para ficar admirando o visual. Uma linda visão da montanha Manaslu e lá embaixo várias cidades pequenas. Estávamos muito alto. Que grandiosidade aquela vista. Maravilhosa. Perto dali tinha um camping muito, mas muito irado. Não tinha placa nem nada, fomos entrando e encontramos um restaurante. Pedimos um fried rice (arroz com legumes fritos) e minha nossa, que comida deliciosamente gostosa. Aqui no Nepal a comida é tão barata que nem vale a pena cozinhar. Cada pratada generosa de fried rice varia entre 1,80 a 2,60 reais. É muito surreal de barato, sem contar que é muito bom. Vista maravilhosa com um belo restaurante, íamos lá todos os dias.
Ainda em Bandipur, fomos visitar uma das maiores cavernas da Ásia, foram 4 km descendo, a perna chega tremia de tanto frear. Pelo caminho encontramos um pé de macacos. Olhamos para uma linda árvore e haviam muitos macacos, todos na mesma árvore. A trilha foi bem gostosa, ar puríssimo, que delícia. Chegamos lá, pagamos uns 3 reais para entrar. Eles te dão uma lanterninha zela que mal da pra ver as coisas. Tivemos que dar umas escaladinhas no molhado para subir, teve uma hora que eu grilei, tava subindo e a lanterna parou de funcionar, um breu total, meu tênis escorrega muito na pedra molhada. Teve uma parte que descemos por uma escada super inclinada, difícil se segurar, tem que descer agachado, segurando uma lanterna. Muito imensa a caverna. Muito bonita. Dá pra ver a marca da água, deve ser muito legal quando fica cheia. Na hora de ir embora, aqueles 4 km de descida viraram subida. As coxas ficaram fritas.
Saímos de Bandipur, 8 km de descida da boa, uhuuu! Fomos em direção ao Parque Nacional Chitwan, muitas paisagens lindas. No caminho encontramos quatro indianos. A gente saiu da Índia com um pouco de antipatia dos indianos, mas conhecer esses quatro, nos deixou até com remorso. Eles são muito bacaninhas, muito bonzinhos, só queriam trocar umas ideias e nos conhecer. Os indianos que não estão envolvidos com o turismo são muito legais. Dormimos em Mugling, cidadezinha bem caótica. Todos que vem da Índia para ir para a capital Kathmandu param nessa cidade. Muitos ônibus e carros. Muita buzina. Nesse dia teve um acidente feio na estrada onde passaríamos amanhã.
O pedal esta cada vez mais gostoso. No caminho, o rio Marsyangdi nos acompanhava. As vezes ficava mirrado mas depois ficava grande e cheio. A água era um azul lindo. A cada quilometro percorrido ao lado desse rio, me dava mais vontade de acampar perto dele. Ficávamos de olho em algum acesso, mas era difícil chegar até ele. Até que avistamos uma via. Chegando lá, não poderia ter um lugar melhor para acampar. O problema é que não tínhamos muita comida. Achamos uma vendinha perto que vendia miojo e ovo. Perfeito. Fizemos uma fogueira delícia. Nem passamos frio a noite.
Fomos para a cidade de Sarauha, onde fica o Parque Nacional de Chitwan. O caminho até lá foi lindo. Logo de cara encontramos dois elefantes. Um casal francês veio falar com a gente, Antony e Caroline, também estão viajando de bike, nos indicaram o hotel mais irado do planeta. Totalmente roots, banheiro seco, agua quentona, você toma banho olhando para o céu, internet e uma paz maravilhosa. Quando chegamos lá, imaginávamos que fosse ser o olho da cara. Mero engano, 10 reais o casal. O nome do hotel é Evergreen Ecolodge. O casal francês que nos indicou era a coisa mais bonitinha. Muito simpáticos, o tempo todo vinham com algo para nos agradar. Até ganhamos um aparelho que conecta no dínamo da bike e pode carregar os celulares. Perfeito!
Passamos 6 dias na cidade de Sarauha. No primeiro rolé que demos pelo parque (fora dele, porque era caro o ingresso para entrar ainda tinha que pagar pela permissão) saindo do hotel, vimos um prédio com umas 10 colmeias de abelha. Tem uma ave cabulosa que ataca essas colmeias. Ela dá um rasante e vai atacando até a colmeia cair. Ficava perto do restaurante que sempre comíamos. A cada rasante a gente grilava, com medo das abelhas nos atacar. Nunca tinha visto algo tão selvagem. Chegando no parque já avistamos um jacaré, tava quietinho no canto dele. Agora o que mais vimos foram os elefantes. É lindo de se ver, mas a história deles é triste. São adestrados desde pequenos, e usam uma arma horrível para educá-los. Dizem que ficar carregando gente o tempo todo não faz bem para a coluna deles. Eles trabalham a vida toda levando gente para fazer safari. Eu não sei o que fazem com eles quando ficam velhos e não podem mais trabalhar, só sei que tinha muito elefante acorrentado e estressado. Tinha um que estava tão entediado que chegou a jogar um pedaço de pau em nossa direção. Acredito que nem devem enviar de volta para a floresta, porque eles não se adaptariam. Vimos até um elefante chorando. Saía muitas lágrimas de seus olhos, não sei se tem a ver com o emocional.
Agora, se tem algo que eles gostam de verdade, é de tomar banho no rio. Um dia pela manhã, vimos vários elefantes passando pelo o hotel em direção ao rio. Fomos atrás, tinha um elefante jovem que era a coisa mais linda do mundo. Ele ficava nadando pra lá e pra cá, se jogando, virando, batendo na água. Foi muito lindo ver aquilo. Até ajudamos a dar banho nele. Bebezão maravilhoso.
Lá no hotel, sempre aparecia um menininho do restaurante vizinho. Ela era muito atentado, mas se identificou muito com a gente. Acho que porque dávamos uma atenção a mais para ele. Eu fico louca com meninos, me fazem lembrar dos meus nenens (tenho 6 sobrinhos), morro de saudade deles. Lá também tinha uma dupla de gatos que eram muito divertidos, são irmãos e viviam coladinhos e aprontando, vez ou outra um subia lá na nossa manjedoura. Apelidamos eles de Chapati e Mohamed, só descobrimos depois que eram duas meninas. Que delícia de hotel, queremos morar num lugar assim!
Deixamos o hotel roots, com um pouco de dó, porque estava muito gostoso ficar lá. Mas descansar também cansa. E a gente vai ficando meio de saco cheio de não fazer nada. Quando saímos daquela tranquilidade e enfrentamos o transito com aquelas buzinas escrotas, Thiago desanimou. Além da galera buzinar para tudo, a buzina é muito alta, então eles passam por nós e parece que eles esperam a saída do som chegar mais perto da gente para poder buzinar com mais potência. Sei que não é por mal, mas é muito ruim. Paramos na cidade de Manahari, ficamos num hotelzinho cheiroso, comemos nepali food, Thiago até comeu com as mãos igual os nepaleses fazem. Quando vimos a primeira vez, ficamos chocados, é estranho, é muito selvagem. Mas acostuma rápido. A gente fica impressionado com umas coisas bestas que a gente desconhece. É a santa ignorância!
Pegamos muita subida, e chegamos numa parte onde haviam duas estradas. Tínhamos que escolher por qual iríamos para Kathmandu. Uma tinha menos curvas, mas tinha 50 km a mais que a outra. Então decidimos ir pela outra, mais curta. A estrada era bem estreita, só passava um carro por vez. O bom é que dificilmente passava um ônibus ou caminhão, passavam muitos jipes. Sempre buzinavam, então a gente já ficava ligado quando tinha algum jipe se aproximando, pensando bem, nesse caso a buzina é bem útil. Muito gostoso os lugares que passamos. Paramos na cidade muito roots de Bhimfedi. Gostei muito da cidade, assim que chegamos logo veio uma cachorra cheia de tetas moles nos dar as boas vindas, super simpática, uma linda. Os prédios eram muito antigos. Nessa cidade quase ninguém falava inglês. Dificilmente vai um turista lá. Achamos um hotel por 300 rupias nepalesas, ou seja, 8 reais. Quarto antigão, com um teto baixo de madeira preta, bem diferente. Até que chegou a hora do banho. Era só uma bica do lado de fora, para todos verem. Eles tomam banho assim, aquele hotel não é pra gringo, então vamos banhar igual a eles. Thiago ficou de cueca e mandou ver na bica. Eu fui para um lugar mais escondido onde tinha outra bica, o Thiago ficou me escondendo e pude tomar meu banho de pano tranquilamente. Avistamos a subida assustadora que nos aguardava no dia seguinte.
Sabíamos bem que ia ter muita subida. Só não sabíamos que iam ser tão inclinadas a ponto de não conseguirmos pedalar. Foram 10 km só empurrando as bikes. Empurrar numa reta é tranquilo, mas na subida carregando 40 kg é muito chato. Cansa demais. Conseguimos uma guest house no alto da montanha, ainda bem! Ficamos destruídos.
Ainda faltavam 20 km para chegar numa cidade que íamos ficar antes de chegar na capital Kathmandu, pensamos então: se estamos no topo, então só vai ter descida. Tava um frio terrível, mas descemos sorrindo, felizes e empolgados, com a certeza de que iríamos chegar na cidade de Pharping. Foram 6 km de descida, até que surgiu a primeira subida. Primeira e única. Começou a ficar cada vez mais inclinada, até chegar ao ponto de não dar mais para pedalar. Putz grila viu! A estrada só tem espaço para um carro por vez, e desses jipes tinham aos montes, cada vez que um passava, levantava ainda mais poeira. Começamos a nos preocupar, pois vimos que não daria tempo de chegar em Pharping. Ah tudo bem, a gente arruma um diocamping. Seria uma alternativa boa se não estivéssemos sem comida, sem água e sem dinheiro. Tínhamos o equivalente a 20 reais somente. O jeito foi seguir, sem desespero e esperar para ver o que iria acontecer...
A cada curva que alcançávamos, uma subida imensa surgia. Passou então pela nossa cabeça tentar uma carona. Mas só passavam os jipes cheio de gente e não temos muito jeito para pedir carona. Nessa hora já estávamos exaustos e longe de chegar em Pharping. Foi então que surgiu um caminhão carregado com 8 toneladas de pedra. Passou por nós devagar e gesticulou, mas eu estava tão cansada que nem percebi, o Thiago que falou, mas até a gente responder, ele acabou seguindo. Quando chegamos na curva, vimos que o caminhão estava parado. Fomos até lá e ele nos perguntou se precisávamos de ajuda. Mas é claro. Colocamos as bikes por cima das pedras e fomos nessa. E assim foi nossa segunda carona abençoada da viagem. Num caminhão lindo e cheiroso. Demorou muito para chegar em Pharping de caminhão, imagina de bike. A estrada é muito ruim, asfalto falhado, a beira do abismo. A cada curva dava um frio na barriga. E nas descidas dava um medo danado do freio falhar. Mas graças a Deus e a Buda, tudo ocorreu bem. Pensamento positivo é tudo!
Passamos 2 dias na cidade de Pharping. Cidade muito interessante. Cheia de monges budistas. Cheio de monastérios lindos. Tem dois budas gigantes na cidade. É tudo muito budista. Subimos até uma montanha e nos deparamos com um monte de bandeiras coloridas pendurada nas árvores. É uma tradição do budismo tibetano. Cada bandeira tem uma oração impressa. Colocam nas árvores para o vento poder levar mais longe as mensagens. Senti uma energia muito forte nesse local. Fantástico. Adoramos!
Depois de 18 km tranquilos, chegamos em Kathmandu. Imaginávamos que fosse ser uma loucura, tipo Varanasi, na Índia. Fomos super preparados para tudo. Estávamos muito ansiosos. Porém, chegamos na cidade, fomos indo para o centro e foi totalmente tranquilo. Claro que tem um movimento grande, afinal é a capital. Mas o povo nepalês, onde quer que estejam, vivem na paz, sempre. O centro da cidade, a parte antiga , a praça Darbar, é muito surreal. É um medieval diferente do medieval da Europa. É um medieval roots. Difícil explicar. Só sei que os nepalesês são bons artistas desde os primórdios do mundo. Ficamos numa guest house perto dessa praça medieval, longe do turismo. Preço muito mais em conta. Sem contar que nessa guest tinha água quentérrima e tinha mais um opcional que nunca vi em outras guest, um dog. Seu nome é Danfu. É o bebe mais gostoso desse mundo. Chamo ele de cãopeta. Quando ele não estava dormindo ou comendo, ele estava no auge da pilha. Aí você vai falar com ele, ele só quer saber de brincar. Só que seus dentinhos são muito afiados, ele morde forte e você fica todo machucado, dói pra caceta. Todos os dias ele vinha nos visitar no quarto. É a sensação do hotel. Todos amam muito ele, nós também.
Ficamos 9 dias em Kathmandu. Foram dois meses de felicidade extrema no Nepal. Esse país já tem um grande espaço reservado em nosso corações.
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