A essa altura, você já deve ter ouvido falar em bikepacking e se ainda não ouviu, é só esperar um pouco que o termo vai te alcançar mais cedo ou mais tarde. Backpacking é a nova grande onda do cicloturismo e da aventura no mundo! A nova febre outdoor nos Estados Unidos e na Europa! E não pense que é algo novo... Mesmo sem saber que tinha esse nome chique, há muitos praticamentes no Brasil.
Resumindo em um parágrafo curto, essa seria a definição do conceito:
“Bikepacking é a união do trekking ultraleve com o mountain bike.”
Guilherme Cavallari
Trekking Ultraleve
Simples e ao mesmo tempo complexo, como a maioria das coisas boas da vida. Para começar, é preciso entender o que é trekking ultraleve, que vem do inglês Ultralight Trekking. Mas como muita gente ainda confunde o conceito, vale lembrar: trekking é uma caminhada em contato com a natureza. Não precisa ser longa, não precisa ser difícil, mas tem que ser em contato com a natureza o mais preservada possível.
A diferença entre o trekking convencional e o trekking ultraleve está na equação conforto x eficiência. Alguns autores norte-americanos brincam dizendo que “quem gosta de acampar pratica trekking, quem gosta de caminhar faz trekking ultraleve”.
Em outras palavras, se o sujeito leva uma barraca superconfortável, travesseiro, panelas e utensílios de cozinha, cafeteira e um livro para ler, essas amenidades farão do acampamento um paraíso, mas caminhar com todo esse peso será um inferno. Se o mesmo sujeito optar, por exemplo, por dormir numa rede leve e compacta, sem barraca, levar a comida exata e na forma mais leve e compacta possível, não carregar absolutamente nada supérfluo, sua mochila estará tão leve que ele vai conseguir percorrer muito mais terreno, muito mais rápido, com o mesmo esforço. Isso seria trekking ultraleve.
“Ir mais longe e mais rápido, para poder ir a qualquer lugar!” — é o que entendemos como o lema do trekking ultraleve. E para chegar a essa máxima, toda a estrutura do trekking convencional foi questionada, redefinida e reconstruída.
Menos é mais no bikepacking. |
|
Dois estilos de camping minimalista com bikepacking. |
|
|
Trekking ultraleve sobre rodas: Bikepacking
A revolução do movimento do trekking ultraleve não demorou a se estender a outras modalidades de esporte e turismo de aventura. Uma vez que o kit de acampamento autossuficiente ficou menor e mais leve, os horizontes naturalmente ampliaram. Acampar de bicicleta deixou de ser complicado e os conceitos por trás das inovações tecnológicas alcançaram também o mundo das mountain bikes.
O movimento bikepacking está mais associado ao ambiente natural e a viagens de aventura. Se o roteiro previsto, a cicloviagem, acontece aonde já existe oferta de serviços como hotel, restaurantes, mercados e afins, fica no mínimo “artificial” passar ao largo desses serviços para usar seu kit de acampamento selvagem no quintal da casa de alguém ou no estacionamento de um shopping center. O que também não significa que é preciso escolher lugares totalmente inóspitos, ermos e desertos de gente para praticar o bikepacking.
É um novo mundo no segmento de equipamentos para bike. |
|
Um modelo de bolsa para o selim. |
|
|
Bikepacking: A bicicleta
Alguns autores norte-americanos especializados em bikepacking costumam dizer que “a bicicleta ideal para bikepacking é a bike que você já tem”.
A bike ideal para bikepacking no Brasil é uma mountain bike que permita ao ciclista pedalar em qualquer terreno, dentro de sua forma física e sua capacidade técnica. Isso, obviamente, é relativo e individual.
No livro "Manual de Mountain Bike & Cicloturismo", de autoria de Guilherme Cavallari e referência no mercado nacional, você encontrará mais informações sobre as características da tal “bike ideal”. Resumidamente, se o ciclista já faz trilha de mountain bike não precisa de outra bicicleta para fazer bikepacking — e é isso o que os autores norte-americanos querem dizer.
Assim, a bike ideal para bikepacking é uma bike de trilha, uma mountain bike. Os principais pontos a serem cuidados são:
1 - Tamanho do quadro compatível com o ciclista;
2- A melhor relação possível, com as marchas mais leves disponíveis no mercado, novamente compatíveis com o ciclista;
3- Não importa muito o tamanho da roda, com exceção de viagens internacionais para países onde a disponibilidade de peças possa gerar problemas;
4- Versatilidade compatível com qualquer terreno, assim mountain bikes de uso específico, como bikes de downhill ou semelhante, bikes de competição delicadas demais, bikes de uso misto urbano e trilha, híbridas, não são as mais apropriadas;
5- Tecnologia de eficiência e não tecnologia de conforto, alinhado com o conceito de trekking ultraleve, onde às vezes freios a disco mecânicos (a cabo) pode ser melhor que freios a disco hidráulicos, onde uma bike sem suspensão alguma com pneus mais grossos pode funcionar melhor do que uma full-suspension (suspensão nas duas rodas).
|
|
|
Sugestão de equipamentos de um bikepacker. |
Equipamentos para manutenção da bike. |
|
|
Curso de bikepacking
Para os interessados nesta nova modalidade do segemento de aventura, Guilherme Cavallari, colunista do EXTREMOS e diretor da Editora e Refúgio Kalapalo, baseado em Gonçalves / MG, ministra o curso "Introdução ao Bikepacking", que inclui: ajustes da bicicleta e bike fit, identificação e escolha de equipamento adequado, técnicas e equipamento de transporte de carga na bicicleta, deslocamento em trilha, acampamento selvagem, mecânica de emergência e escolha e criação de roteiros.
Nota do editor
Bikepacking é muito mais que um equipamento mais leve e minimalista.
É a liberdade de se aventurar com mais autonomia.
Menos equipamentos e mais contato com a natureza!
Bikepacking, Ultralight Trekking e Free Climbing compõem um radical estilo de vida outdoor!
|