Eu, Leanna Shuttleworth, 18, estou saudável e feliz e já a salvo de volta ao Acampamento Base com o resto da equipe. Nossa tentativa de chegar ao cume foi, como posso dizer, diferente, digamos. Kami, meu guia Sherpa, até agora foi a cume do Everest 18 vezes e falou que desta vez foi o pior clima que ele encontrou e que não achava que fossemos chegar lá. Meu guia Sherpa, Mingma, que esteve lá 15 vezes concorda, e Lakpa, que até agora esteve lá 16 vezes teve a pele do rosto congelada e queimada pelo vento pela primeira vez. Somado tudo, o clima estava terrível. Nossas previsões se revelaram erradas, e ao invés dos ventos diminuirem, às 21:00 eles apareceram para ficar ou até piorar. Dito isso, 5 dos 7 do nosso grupo de clientes fez a subida ao cume, e todos nós estamos em segurança com todos os nossos dedos das mãos e dos pés, embora aparentando como se tivéssemos estado na guerra com a maior parte da equipe queimada pelo vento, com queimaduras solares ou a pele congelada em seus rostos. É tudo superficial e estarão curados em breve, mas por enquanto a maioria de nós parece desarrumada! Eu incluí uma foto nossa no Acampamento Base antes de tomarmos banho para o seu divertimento.

Nós fomos muitos fortes como um time e o que foi um fator forte entre nós é que fomos capazes de chegar ao cume no dia 20 e voltar relativamente rápido – partindo às 21:00, chegando ao topo às 6:10 e voltando para o Desfiladeiro Sul logo após as 10:00. Nós fomos o único grupo que fez isto naquele dia pelo Lado Sul, e ultrapassamos bastante algumas outras equipes que começaram do Acampamento Base e voltaram depois. Algumas das coisas que nós vimos tanto na subida quando na descida foram horríveis e eu sei que irão assombrar muitos de nós por toda a vida. Acabei chorando durante a subida e quando a noite se arrasta a sua imaginação realmente toma posse com todas as sombras e pedras. Por causa do clima o sol nem sequer começou a aparecer até estarmos na ponta do cume, e com o vento cortante e a neve sendo soprada ao redor, nossos casacos congelaram por inteiro, não conseguimos beber nossas garrafas de água porque as tampas congelaram, não conseguimos abrir os bolsos porque os zíperes foram congelados, cílios, sobrancelhas e chapéus tinham gelo em si, e as válvulas das nossas máscaras de oxigênio se mantiveram congeladas. Devido ao vento, Chris realmente teve suas córneas congeladas no “balcony” e, portanto, ficou temporariamente cego e, obviamente, precisou retornar imediatamente e fez a descida sem ser capaz de enxergar. Felizmente a visão dele voltou completamente ao normal e ele passa bem.

Jim também teve que voltar porque seus dedos ficaram ameaçados de congelar justo quando subíamos o Hillary Step (do qual eu incluo uma foto). Ele estava tão perto, mas retornar com todas as suas digitais é muito mais importante e então ele voltou a apenas 100 metros verticais do topo, mas felizmente seus dedos estão todos intactos e saudáveis. Os dedos de Laurence tem se saído incrivelmente bem depois de seu congelamento no início da viagem e só melhoraram com o tempo.
Nossa tentativa de escalar o Lhotse foi cancelada devido às previsões meteorológicas para a noite seguinte e porque as cordas fixas não estava colocadas até o cume. Já que os últimos 200m são de uma escalada técnica no gelo sem nenhuma corda fixa par anos guiar, e, de qualquer maneira, eu não tenho comigo as ferramentas técnicas do gelo. Ben Jones conseguiu chegar ao cume, e preparou maior parte do percurso com outra pessoa, mas não tinha corda suficiente para terminá-lo. Ele disse que era assustador pela quantidade da queda de pedras e ele realmente foi atingido no joelho por uma pedra caindo. Felizmente ele está bem melhor agora. Nosso guia Eric era apenas um guia para Lhotse, não para o Everest, assim, enquanto ele subiu conosco até o cume, ontem ele subiu até o topo do Lhotse durante o dia para evitar o mal tempo e, com uma técnica muito boa de escalada, fez a última etapa com ferramentas de gelo e nenhuma corda fixa. Agora ele está a meio caminho de volta do Ice Fall e deve se juntar a nós em breve para uma noite de celebração.

Descemos até o Acampamento Dois (C2) no dia seguinte ao que alcançamos o cume (tendo dormido maravilhosamente bem no oxigênio) – parecia muito fácil porque nós estávamos no oxigênio em toda a descida, mas com todos os declives meus pés e joelhos se sentiram agredidos. Foi uma mudança tão incrível – tinha me sentido sem fôlego e bastante podre ao permanecer lá antes, desta vez aqui no C2, me senti como em um hotel luxuoso e o ar parecia espesso! Para alguém que descera o Ice Fall hoje em tempo recorde, cerca de 3 horas e meia, o Acampamento Base parecia com um resort cinco estrelas. Bem, quase. Nós até chegamos ao estágio em que consideramos os banheiros aqui civilizados. Hoje à noite nós estamos celebrando nosso retorno seguro, o sucesso da chegada ao cume, e realizações pessoais, e meu pai e eu esperamos extremamente estar em casa amanhã. Devido aos joelhos lesionados do meu pai e as restrições do tempo nós temos esperança de pegar um helicóptero para Kathmandu pela manhã, e voar de volta a Dubai ao anoitecer. Vai ser um choque para o nosso corpo isso tudo.

Outras coisas a mencionar incluem meu pai e eu, agora, completamos os Sete Cumes, o que deixa a ambos muito orgulhosos e eu acredito que agora detenho o recorde britânico da mais jovem mulher a alcançar o topo do Everest. Nós também pensamos no meu avô no cume e eu me vi fazendo uma oração, o que não costumo fazer.

Uma última coisa: eu gostaria de dizer um imenso obrigada a todos que nos deram apoio por aqui, para a nossa equipe brilhante que realmente funcionou bem e olhou para outro e, talvez o mais importante, para os nossos guias e Sherpas, sem os quais não poderíamos ter feito isso e cuja força nos puxou através de tudo.