Lhasa / Tibet
Depois do Trekking ao Acampamento Base do Everest eu tinha várias opções a escolher como próximo destino e acabei escolhendo conhecer o planalto tibetano. Uma viagem de 5 dias até a sua capital, Lhasa. Como qualquer outra pessoa a minha curiosidade em conhecer este "país" onde o Dalai Lama foi obrigado a abandonar era grande.
Eu e mais 14 pessoas partimos em um micro-ônibus para o Tibet, o grupo era composto de alguns belgas, duas israelenses, um espanhol e somente eu de brasileiro.
Após a burocrática travessia da fronteira, já começamos a sentir que não estamos no Tibet, mas sim em um país dominado pela China. A policia chinesa está em toda parte, os check-points são constantes para verificarem o passaporte e o limitado visto oficial chines, que só vale para o roteiro oferecido. As construções também tem um estilo moderno e vai ganhando espaço a cada dia que viajamos, enquanto as áreas dos vilarejos destinados aos tibetanos continuam em estado precário. Tanto aqui como no Nepal não existe água encanada, ficando ela destinada apenas aos hotéis em que hospedamos. A sujeira e a precariedade de condição de vida chega a incomodar. Mas aparentemente para eles, esse é o mundo que eles conhecem, nunca viveram de forma diferente e a pergunta que uma belga me fez foi pertinente:
- Elias, você acha que eles são felizes - perguntou a belga Marie
- Acredito que sim - respondi mesmo relutante - eles são naturalmente pessoas simpáticas e alegres, adoram ver turistas e não pensam duas vezes em posar para uma foto e não é costume deles pedir dinheiro por causa disso. Na verdade é a simpatia deles e a beleza natural da região que atrai tanto nós turistas.
- Humm - Marie fita o vazio por um momento - eu acho que eles não são felizes, eles não tem muitas escolhas e acabam fazendo as coisas praticamente por obrigação.
Mas uma coisa é verdade, é um povo trabalhador, imensamente simpático e religioso.
Quanto a beleza natural, cada dia é mais surpreendente, atingimos o ponto mais alto da viagem chegando aos 5.248m de altitude em Gyaltso la Pass. No 2º dia avistamos a face norte do Everest e aqui sim ele é visualmente a maior de todas as montanhas a sua volta, é imponente e causa alvoroço e admiração entre todos nós. A cordilheira do Himalaia se estende graciosamente a nossa frente e também é possível avistar o Cho Oyu com seus 8.201m. Diferente do lado nepales - face sul - onde você precisa caminhar por 10 dias entre o vale até chegar a base do Everest e lá ele fica praticamente escondido atrás de outras montanhas, aqui no Tibet é possível avistá-lo em todo seu esplendor e é possível chegar ao acampamento base de 4x4.
O constante visual árido e estéril ganha vida no último dia de viagem, como um presente de despedida desses dias em meio o planalto tibetano, surgem lagoas em tons de verde e azul.
A chegada a Lhasa causa admiração e espanto, a capital do Tibet é grande e está em franco desenvolvimento, há grandes lojas de todas marcas de carros, as avenidas são largas, outdoor da Red Bull e Coca-Cola estão por todas as partes, não há quem não tenha um celular, construções e prédios modernos, e em meio a tudo isso está o Potala Palace, monastério onde o Dalai Lama vivia e que agora em seu topo tremula a bandeira da China.
- Que país é este? - já dizia o Legião Urbana. |