Ciao Itália!!!
Não estou saindo da Itália, pelo contrário estou chegando, é que aqui usa-se o tchau (Ciao) tanto para quando chega quanto para quando vai embora, é bem estranho, você chega para falar com uma pessoa e ela fala - Tchau!... parece que está te mandando embora...rss.
Acordei cedo e após um café da manhã no refúgio, partir as 8h para a trilha, estava indeciso em qual caminho seguir, e acabei optando por ir junto com os italianos, eles resolveram fazer uma variante do roteiro, mais curta e um pouco mais difícil, mas isso quando está com neblina ou nevando, como o céu ainda continua com sol forte e sem núvens resolvemos arriscar. A subida era forte e eles foram na frente, e percebi que mudaram novamente de roteiro para subir a uma montanha ao lado. Esperei por alguns minutos e nada de eles retornarem, conseguia vê-los lá no pico, bem longe. Eu estava no Col des Fours, pois descobrira isso após ver uma sinalização escrita na rocha, parece que na Itália há menos placas de sinalização das trilhas.
Estava sozinho novamente, essa é a minha constante aqui. Consegui avistar bem longe duas pessoas a minha frente, estavam 40 minutos de distancia então imaginei que estava no caminho certo e resolvi seguir em frente. Logo alcancei as duas moças e passei. Essa parte era de descida íngreme em rocha e elas estavam tomando muito cuidado.
Assim que atravessei o Col de Fours, um barulho que parecia de vozes e sinos ecoava em todo o vale, não dava para saber exatamente de onde vinha, e quanto mais descia mais forte o som ficava, mesmo percebendo que vinha de longe. Notei que era algo parecido com sinos, olhei no meio do vale e avistei um grupo grande de trekkers em fila com seu guia a frente. De repente um esquilo nota a minha presença e sai pulando de rocha em rocha e some na vegetação de montanha, sem me dar a chance de fotografá-lo. Toda essa cena me remeteu a minha infância, quando junto com meu irmão, ficávamos admirando as ilustrações e um grande livro, que sempre pedíamos para o meu pai ler. Era “O Flautista de Hamelin”, que por sorte, na minha realidade aqui nos Alpes, os trekkers atravessaram o riacho em segurança, o bicho que eu vi eram algo mais gracioso e uma hora depois encontro um rebanho de vacas leiteiras com seus guizos ecoando o som por todo o vale.
Após passar pela Ville des Glaciers e fazer uma parada no Refuge des Mottets, onde reencontrei os italianos, partimos para a travessia do Col de la Seigne, a divisa da França com a Itália, a placa indicava 2h de caminhada, mas meus pés e ombros que já estavam doloridos do dia anterior, agora estava pior e foram 3h de subida, depois mais uma hora de descida até chegar finalmente no Refúgio Elizabetta, era exatamente 18h. Este foi o típico dia de trabalho, das 8h as 18h, só faltou picar o cartão. |