Escalada
Elias Luiz  |  26.02.2025  •  13:44

No universo da escalada em grandes paredes, poucos nomes ressoam com tanta força quanto o de Silvia Vidal. Nascida em Barcelona, Espanha, em 17 de dezembro de 1970, essa escaladora, exploradora e alpinista catalã conquistou um lugar único no panteão dos esportes de montanha. Conhecida por suas ascensões solo em algumas das regiões mais remotas e desafiadoras do planeta — como Paquistão, Índia, Patagônia e Alasca —, Silvia transforma a solidão em aliada e a autos suficiência em filosofia de vida. Em 2021, ela fez história ao se tornar a primeira espanhola a receber o prestigioso Piolet d’Or, o “Oscar” do alpinismo, em reconhecimento às suas façanhas extraordinárias.

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Dos Campos de Atletismo às Paredes Verticais

A trajetória de Silvia no mundo da escalada começou quase por acaso. Aos 24 anos, enquanto cursava Educação Física no INEF (Instituto Nacional de Educação Física), ela participou do Raiverd, uma competição multiesportiva em Catalunha que incluía escalada. Até então, Silvia era uma atleta de atletismo, acostumada a correr e competir em terrenos planos. Mas o contato com a rocha mudou tudo. “Foi a primeira vez que toquei a pedra”, ela já declarou, marcando o início de uma paixão que a levaria a algumas das paredes mais imponentes do mundo.

Apenas um ano após esse primeiro encontro, Silvia já escalava rotas de dificuldade A5 — uma graduação que exige técnica apurada e coragem extrema na escalada artificial. Desde então, sua evolução foi meteórica, guiada por um desejo de explorar o desconhecido e testar seus limites em total isolamento. Como ela mesma reflete: “A montanha não é só um lugar físico, é um espaço onde descubro quem sou.”

A montanha não é só um lugar físico, é um espaço onde descubro quem sou.

– Silvia Vidal

Conquistas que Ecoam nas Montanhas

Silvia Vidal é sinônimo de escalada solo em grandes paredes, muitas vezes em locais onde poucos ousam chegar. Suas expedições são marcadas por uma abordagem minimalista e independente: ela rejeita qualquer forma de comunicação — como rádio, celular ou GPS —, confia na intuição para navegar terrenos selvagens e carrega sozinha todo o equipamento necessário, que pode chegar a 150 quilos em algumas aventuras. “Carregar tudo sozinha me dá liberdade, mesmo que seja um peso enorme”, diz ela, resumindo sua relação única com a autos suficiência.

Suas conquistas notáveis:

  • 1999 – Sol Solet (A5, 1.650m): Primeira ascensão da torre Amin Brakk, no Karakoram (Paquistão), ao lado de Pep Masip e Miguel Puigdomenech. Foram 32 dias contínuos na parede, um teste de resistência física e mental.
  • 2007 – Life is Lilac (A4+, 870m): Uma rota solo no Shipton Spire, também no Karakoram, onde passou 21 dias pendurada na rocha.
  • 2012 – Espiadimonis (A4, 1.500m): No Chile, enfrentou 32 dias na parede — 16 deles inativos devido à chuva incessante —, após atravessar uma selva densa para chegar ao local. Um dos momentos mais dramáticos de sua carreira aconteceu nessa expedição. Após semanas cortando caminho pela selva com um facão e atravessando rios selvagens, Silvia enfrentou chuvas torrenciais que transformaram a parede em uma cascata. Em suas palavras: “Eu me sentia como se estivesse em uma piscina. A parede, um funil natural, transformava-se em uma cachoeira. Não podia escalar, não podia descer, só esperar, encharcada, enquanto a água caía com tanta força que era impossível até rapelar.” A descida foi igualmente tensa: “Foram dias de incerteza absoluta, com as cordas se prendendo, me obrigando a cortá-las e abandoná-las, algo que me doía por deixar rastros na montanha.” Esse foi um teste supremo de resiliência, onde a solidão e a natureza implacável se fundiram em uma experiência quase transcendental.
  • 2017 – Un pas més (A4+, 530m): No Alasca, na face oeste do Xanadu, nos Picos Arrigetch, uma expedição de 53 dias totalmente sozinha, incluindo 36 dias de porteio de 150 quilos de equipamento. Antes de tocar a parede, Silvia enfrentou pântanos e rios gelados, carregando tudo sozinha. “Era como carregar minha vida nas costas, passo a passo, sem saber se o próximo seria o último antes de colapsar”, descreveu. Na escalada, uma tempestade de neve a confinou por quase 72 horas em seu portaledge: “O vento gritava como se quisesse me engolir, e a neve entrava por todos os lados. Eu só ouvia o barulho da montanha me testando, me perguntando se eu aguentaria mais um dia.” Ao descer, exausta, caiu de joelhos na base, com as mãos sangrando: “Foi como se a montanha finalmente me libertasse, mas só depois de me espremer até a última gota.”
  • 2020 – Sincronia Màgica (A3+/6a+, 1.180m): Primeira ascensão da face oeste do Cerro Chileno Grande, na Patagônia chilena. Foram 32 dias na parede, completamente incomunicada, em um feito que lhe rendeu uma menção especial no Piolet d’Or.

Essas escaladas não são apenas números ou nomes em um currículo. Elas representam uma conexão profunda com a natureza e uma busca por autoconhecimento que poucos conseguem compreender.


Sua filosofia de escalada:

  • Solidão Escolhida: Silvia evita qualquer contacto com o exterior durante suas expedições, buscando intensidade e silêncio.
  • Autosuficiência: Carrega todo o equipamento sozinha e planeja cada detalhe, da pesquisa à logística.
  • Mérito acima de tudo: Defende que os feitos de escaladores, independentemente do sexo, devem ser avaliados pelo mérito.
  • Exploração Pura: Prefere paredes virgens em locais remotos, muitas vezes sem informações prévias, guiando-se apenas por instinto.

Um Legado Além das Alturas

O que torna Silvia Vidal especial não é apenas sua habilidade técnica, mas sua visão única da escalada. Para ela, o esporte transcende a conquista física: é uma ferramenta para experimentar sensações intensas e encontrar equilíbrio na incerteza. “O silêncio da parede é mais eloquente que qualquer palavra”, ela já afirmou, destacando como a solitude amplifica a experiência. Outra reflexão poderosa veio após uma de suas expedições: “Escalar é estar em paz com a incerteza” — uma frase que encapsula sua força mental diante dos perigos imprevisíveis das grandes paredes.

Em 2021, o Piolet d’Or reconheceu essa dedicação com uma menção especial, celebrando não só suas ascensões, mas também seu compromisso com um estilo ético e autêntico. Silvia tornou-se um símbolo de resistência e inspiração, mostrando que a verdadeira aventura está em enfrentar o desconhecido com as próprias mãos — e coração. Como ela mesma resume: “Não há vitória maior que voltar inteira, com a mente mais clara que antes.”

Hoje, aos 54 anos, Silvia continua a explorar, seja nas paredes geladas da Patagônia ou nas montanhas selvagens do Alasca. Seu legado não está apenas nas vias que abriu, mas na mensagem que deixa: na montanha, como na vida, os maiores desafios são os que nos levam a descobrir quem realmente somos.


Pergunta
O que você faria para enfrentar 32 dias sozinho em uma parede, como Silvia Vidal?

comentários
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