Ao avistarem o objeto, não houve dúvidas sobre o que estavam vendo: uma bota derretendo no gelo. Ao se aproximarem, perceberam que o couro rachado era antigo e desgastado, e a sola estava cravejada com cravos de aço em padrão de diamante, típicos de uma era passada de alpinismo.
Em setembro, na vasta extensão da geleira Central Rongbuk, abaixo da face norte do Everest, uma equipe de documentário da National Geographic, que incluía o fotógrafo e diretor Jimmy Chin, juntamente com os cineastas e alpinistas Erich Roepke e Mark Fisher, examinou a bota mais de perto. Dentro, descobriram um pé, restos que eles reconheceram instantaneamente como pertencentes a Andrew Comyn Irvine, ou Sandy, como era conhecido, que desapareceu há 100 anos junto com o famoso alpinista George Mallory.
Levantei a meia e havia uma etiqueta vermelha com 'A.C. IRVINE' bordado. Estávamos literalmente correndo em círculos, soltando palavrões.
Irvine e Mallory foram vistos pela última vez em 8 de junho de 1924, enquanto tentavam ser as primeiras pessoas a chegar ao topo do pico mais alto do mundo. A questão de saber se eles alcançaram o cume perdura como o maior mistério do montanhismo. Caso tivessem sucesso, o feito teria ocorrido 29 anos antes de Tenzing Norgay e Edmund Hillary finalmente conquistarem o Everest, em 1953.
Os restos de Mallory foram encontrados em 1999, enquanto o paradeiro de Irvine permaneceu desconhecido. "É a primeira evidência real de onde Sandy terminou", diz Chin sobre a descoberta. "Muitas teorias foram levantadas." Ele espera que a descoberta ajude a esclarecer o que aconteceu na montanha em 1924 e traga algum conforto aos parentes de Irvine, que ainda o reverenciam.
Quando alguém desaparece sem evidências do que aconteceu, pode ser muito desafiador para as famílias. E ter alguma informação definitiva sobre onde Sandy pode ter terminado é certamente útil e também uma grande pista para a comunidade de alpinismo sobre o que aconteceu.
Uma das primeiras ligações de Chin para compartilhar a notícia foi para Julie Summers, sobrinha-neta de Irvine, de 64 anos, que escreveu uma biografia de Irvine em 2001 e há anos defende suas contribuições ao montanhismo. Ela ficou grata pela notícia. "É um objeto que pertenceu a ele e tem um pouco dele", diz ela sobre a bota. "Conta toda a história do que provavelmente aconteceu." Summers suspeita que os restos tenham sido arrastados pela montanha por avalanches e esmagados pelo movimento da geleira. "Considero isso como algo próximo de um encerramento." Membros da família se voluntariaram para compartilhar amostras de DNA para comparar com os restos e confirmar sua identidade.
A descoberta trouxe de volta memórias de quando, em 1999, o corpo de Mallory foi encontrado pelo alpinista Conrad Anker, como parte da Expedição de Pesquisa Mallory e Irvine, que buscava resolver a questão de se a dupla havia realmente chegado ao cume.
Pergunta
Você acha que Mallory e Irvine chegaram ao cume do Everest?