Waldemar Niclevicz, renomado alpinista brasileiro com 36 anos de dedicação às escaladas, alcançou um marco histórico ao completar a escalada de todos os 82 picos dos Alpes com mais de 4 mil metros. Este feito não apenas solidifica a posição do Brasil no cenário mundial do alpinismo, mas também serve de plataforma para um empreendimento ainda mais significativo: o estabelecimento da Reserva Natural do Alpinista (RNAWN).
A jornada de Niclevicz pelos Alpes, apoiada pela Audi do Brasil desde 2018, transcendia os desafios habituais devido à pandemia e às mudanças climáticas, demandando estratégias adaptativas e inovadoras. A escalada, culminando no feriado de Tiradentes, em 2023, não somente celebrou um triunfo pessoal, mas também a contribuição notável do Brasil para a rica história do alpinismo.
Nas palavras de Waldemar Niclevicz
Completar a escalada de todos os 82 picos dos Alpes com mais de 4 mil metros de altitude foi muito mais exigente do que eu achava! Eu sabia que não seria fácil, mas a pandemia e a crise climática deixaram o desafio ainda maior, e exigiram uma nova abordagem, uma ida aos Alpes no início da primavera, em abril, enquanto o normal seria ir em pleno verão, em julho e agosto.
De fato, em pleno verão os dias são espetaculares, mas sabemos que tem feito mais calor mais do que o normal, e não só no verão. O último inverno nos Alpes foi o mais quente e seco de toda a história, segundo os registros do MeteoSwiss. O inverno teve cara de primavera, fevereiro e março tiveram dias de pleno sol e nenhuma precipitação.
Então eu cheguei nos Alpes e a primavera passou a ter cara de inverno, nevou mais de um metro e meio nas montanhas. Na primeira semana de abril nevou quase todos os dias. Mas na semana da Páscoa veio uma trégua, cinco dias de tempo bom, que aproveitamos para escalar o Les Droites (4.000m), a Aiguille Verte (4.122m) e o Grande Rocheuse (4.102m), faltou então apenas UM Quatro Mil para ser escalado!
No dia que deixamos as montanhas de Chamonix (França), domingo de Páscoa, eu voltei para o meu acampamento-base, um pequeno hotel no Vale d’Aosta (Itália), e naquela noite começou a chover. Na segunda-feira vi que os topos das montanhas amanheceram brancos de neve, nas altitudes mais baixas choveu dois dias, e na quarta, acreditando na previsão do tempo, corremos novamente para as montanhas, e, por fim, escalamos a Aiguille du Jardin (4.035m) na quinta-feira, feriado de Tiradentes, o que representou a entrada do Brasil no seleto clube dos países que completaram a escalada de todos os 82 Quatro Mil dos Alpes, algo que só tinha acontecido até então com países europeus e com apenas 51 alpinistas!
Para mim, sem dúvida, foi o projeto mais importante da minha carreira de alpinista, em razão da beleza e imponência das montanhas, e do caráter histórico-cultural, pois cada Quatro Mil representa uma página da história do alpinismo mundial, que começou oficialmente como esporte com a escalada do Mont Blanc, em 1786.
Segue-se a essa conquista a visão de Niclevicz para a RNAWN, com o objetivo de revitalizar 113 hectares de terra através do plantio de araucárias e espécies nativas, além de enfatizar a educação ambiental. Situada na confluência dos rios Açungui e Palmital, próximo a Curitiba, a reserva aspira a ser um corredor ecológico que fomente uma consciência preservacionista.
As instalações da reserva já estão em funcionamento, com a Casa do Mel produzindo mel orgânico de alta qualidade e a Casa de Trabalho promovendo a educação e a pesquisa ambiental. Com o plantio de mais de mil árvores, algumas das quais estão ameaçadas de extinção, Niclevicz agora busca patrocínio e parcerias para ampliar o projeto e atender às exigências legais e ecológicas.
Niclevicz expressa gratidão pelo apoio até o momento, mas enfatiza a urgência de recursos adicionais para avançar com seu projeto ambiental. A RNAWN não é apenas um compromisso com a conservação, mas pretende ser um legado duradouro para as gerações futuras, ilustrando como a paixão pelo alpinismo pode motivar iniciativas significativas em favor do meio ambiente.
PERGUNTA
Você já conhecia o projeto RNAWN?