No próximo dia 10 de junho, três aventureiros iniciarão a “Expedição Rio Amazonas”. Os paraenses Igor Vianna, Ivaldo Rostand, e o britânico e deficiente auditivo Murdock Henderson, percorrerão, em caiaques, quase mil quilômetros de rio, de Santarém a Belém. O início desta jornada amazônica marcará o lançamento de uma campanha de arrecadação de fundos para a criação de uma Escola Pública de Canoagem em Belém, destinada à jovens e adolescentes.
Serão somente os três, sem contar com barco de apoio, durante treze dias, até o dia 22 de junho, sábado, quando chegarão à capital paraense. Ao percorrer da foz do rio Tapajós, em Santarém, à foz do rio Guamá, em Belém, em um tempo estimado de 13 dias, os canoístas passarão por pelo menos nove municípios: Monte alegre, Prainha, Almeirim, Gurupá, Breves, Curralinho, São Sebastião, Barcarena. E outras dezenas de comunidades ribeirinhas.
O trio deverá imprimir uma velocidade média de 12 quilômetros por hora, todos os dias, das 7h da manhã às 17h, com duas horas de parada para o almoço. Alimentação e descanso também serão feitos dentro do caiaque, de onde sairão somente para acampar e dormir.
O Amazonas é o segundo rio mais extenso do mundo, com o mais fluxo de água por vazão. A expectativa é de que, até Breves, os três tenham pela frente rio largo e de corrente constante. Depois disso, a preocupação é com balsas e navios de passageiros que circulam com frequência naquelas águas. Além disso, ratos d’água e piratas – assaltantes que têm passageiros de todo tipo de embarcação como suas principais vítimas - são uma realidade nos rios da Amazônia.
O Amazonas tem se tornado, cada vez mais, destino de aventureiros de outros países. No ano passado, uma equipe formada por três norte-americanos percorreu o rio desde sua nascente no Peru. Para os canoístas, a expedição é uma possibilidade para que os paraenses também tenham essa experiência ou saibam que isso é possível. “Nosso objetivo é incentivar que as pessoas tenham contato com o meio ambiente por meio da prática da canoagem, sobretudo por morarmos em uma cidade que é cercada por águas”, afirma Igor Vianna, instrutor da Escola Marenteza Canoagem, ao destacar a importância de que se desenvolva mais atividades náuticas.
Dentro do caiaque, além do básico para uma alimentação nutritiva, os remadores portarão equipamentos de registro em foto e vídeo full HD. Toda a expedição será registrada em vídeo para ser transformado em documentário.
Escola pública - “A descida de Santarém até Belém permite que a prática da canoagem seja mais difundida, principalmente na região Norte, tão propícia a este esporte. Apesar disso, ela extrapola a modalidade canoagem e é capaz de estimular as pessoas a superarem seus limites. Esperamos, no futuro, conhecer pessoas que realizaram o feito de diferentes formas e, mais que isso, queremos mostrar a crianças e adolescentes que superar limites, adversidades, é possível”, avalia Igor Vianna.
A arrecadação da verba para a criação da Escola Pública de Canoagem será por meio do Crownfnding – uma forma de financiamento coletivo e colaborativo. Qualquer pessoa pode participar adquirindo uma cota. Esse fundo será usado para a aquisição de materiais como coletes salva-vidas, café da manhã aos alunos, remos, combustível, gastos com uniformes, além da aquisição de uma lancha, fundamental para a realização das aulas nos rios que cercam a cidade de Belém e Ananindeua. Todo projeto está estimado no valor de R$ 48 mil.
Perfil
Igor Vianna é paraense de Belém, canoístas desde 2007 e instrutor da Escola de Canoagem Marenteza. Realizou expedições em diversas regiões do Estado do Pará.
Ivaldo Rostand é nativo da comunidade de Urucurituba, no município de Aveiro. Residente em Santarém, fará pela quinta vez esse percurso em caiaque. Na primeira descida que se tem registro em caiaques, acompanhou um amigo cuja namorada exigiu que fosse de Santarém a Belém remando para provar seu amor.
Murdock Henderson é britânico naturalizado norte-americano. É surdo e fundador da Organização Não Governamental Intaba, cujo objetivo é colaborar com pessoas com deficiência auditiva de países em desenvolvimento. Será sua primeira expedição de canoagem. Atravessou os Estados Unidos pedalando para chamar atenção da causa dos deficientes auditivos. |