O parque nacional da serra dos órgãos contempla uma das mais lindas paisagens do país. Uma diversidade de clima, ambiente, e cenário privilegiada.
Possui muitos atrativos como Agulha do Diabo, Dedo de Deus, Pedra do Sino, muitas trilhas e cachoeiras e entre estas a clássica Travessia Petrópolis x Teresópolis que era uma das poucas que me faltava fazer. E a fiz com chave de ouro, incluindo a escalada da Agulha do Diabo, em 3 dias alucinantes de trilha, escalada e boa companhia.
A convite do amigo Alexandre Charão, escalador do Rio de Janeiro, me juntei ao grupo que iria fazer a clássica Travessia Petrópolis x Teresópolis e ainda escalar a Agulha do Diabo.
Apesar de todos os “contras”, pois teríamos que além de levar nossas mochilas carregadas para a travessia, levar todos o equipos pra escalada, como cordas, ferragens, capacetes, cadeirinhas, etc, estávamos decididos a escalar a Agulha do Diabo e nesta travessia. Bom nossas mochilas ficaram com alguns “quilinhos” a mais!
Todos os colegas diziam: “Vocês são loucos?! Impossível fazer a travessia, vocês se separarem do grupo irem escalar a Agulha do Diabo ( que envolve pelo menos mais 3 horas de trilha pesada, e mais 4 horas de escalada) e ainda retornarem a trilha principal para terminar a travessia junto com o grupo no mesmo dia!! Impossível”
Bom, parace que quanto mais ouvíamos isso, mais nos convencíamos de que era possível.
E lá fui eu me encontrar com a galera no Rio, não conhecia o grupo com o qual iria compartilhar esses momentos fantásticos. Conhecia apenas o Alexandre Charão e o Cadu Spencer, este iria fazer a travessia completa com o restante do grupo.
A “trupe” da escalada foi composta por 2 cordadas, Eu e Carla Milioni, e Alexandre Charão e Jerônimo Quintes dos Santos.
Muito bem, tudo pronto partimos de van do Rio para Petrópolis, entrando no Parque Nacional da Serra dos Orgãos.
Primeiro dia: Bonfim-Castelos do Açú
Aproximadamente: 6 horas
A caminhada até o Açú é considerada pesada devido à grande variação de altitude e desnível. Parte-se da portaria do parque (cerca de 1.100m de altitude), chegando-se a 2.245m na Pedra do Açú. A caminhada é relativamente curta, mas exige preparo e físico e muita disposição pois é uma subida praticamente constante.
Segundo dia: Castelos do Acú-Pedra do Sino
Aproximadamente: 7 horas
A caminhada é quase toda nos campos de altitude, formação vegetal de pequeno porte. Este é um dos trechos mais cênicos de toda a travessia, porém que exige experiência na orientação, principalmente em dias nublados. Neste trecho da travessia poderá ser avistado os Portais de Hércules, e tem algumas passagens clássicas e pitorescas como a subida do Elevador, que é uma escada de ferro. Depois chega-se ao Morro do Dinossauro, um dos pontos mais altos do parque, de onde já é possível avistar a Pedra do Sino, o Vale das Antas e a Pedra do Garrafão. Em seguida tem o Dorso da Baleia, em frente à vertente da Pedra do Sino.
Do local é possível avistar a clássica parede da Pedra do Sino, e uma das maiores do Brasil, onde estão algumas escaladas tipo “big wall” como as vias Franco-Brasileira e a recém aberta “Nova Era”.
Seguindo a trilha por subida íngreme chega-se a passagem conhecida como “Cavalinho”, é o ponto mais folclórico e talvez perigoso da travessia, e pode ser necessário o uso de cordas. Após o Cavalinho, segue por trilha estreita que contorna a Pedra do Sino até encontrar a trilha de subida para o cume, este é o ponto culminante da Serra dos Órgãos, com 2.263m. Chegada no Abrigo 4.
Terceiro dia: Pedra do Sino – Agulha do Diabo -Teresópolis
Aproximadamente 10 horas
Bom pra nós aqui começava de fato a aventura, acordamos cedo e saímos antes do grupo do abrigo 4, pois tínhamos muita trilha e escalada pra fazer e ainda encontrar com o grupo no final do dia em Teresópolis para retornar ao Rio de Janeiro.
O percurso deste dia, pra quem faz somente a travessia, segue quase todo por estradinha pavimentada com pedras numa descida suave até a Sede Teresópolis do Parque.
Nós tínhamos que achar a trilha, na Cota 2000m que dá acesso ao caminho para Agulha do Diabo em direção ao Rio Paquequer, conhecido como Caminho das Orquídeas. O Alexandre, experiente em Serra dos Orgãos nos levou sem erros a base da Agulha do Diabo.
A escalada da Agulha do Diabo , é uma escalada clássica e de aventura, usando técnicas que hoje em dia já não estamos tão acostumados.
Não sou dessas pessoas que ficam decorando croqui ou querendo saber de todos os detalhes da via. Gosto do desconhecido e de descobrir a cada cordada o que me espera! Aliás não gosto de ficar decorando lance ou croqui, prefiro o elemento surpresa. Me informei sobre o grau, e o tipo de escalada, eu sabia que tinha uma grande chaminé e um lance chamado “Cavalinho”. Linda descoberta, chaminés, fendas, “segura em galho”, “laça grampo”, escala em livre, trepa daqui e acolá, enfim valia tudo, o lance era não se machucar tão longe de casa. A escalada é fácil, considerando o grau de dificuldade, porém é bemmmmm exposta.
Algumas horas e estávamos no cume minúsculo e incrível, naquela Agulha no meio da Serra, imponente que dava até frio na espinha. Bom, comemorações feitas, nossos colegas que seguiram caminhando conseguiram nos ver e fotografar de um ponto da trilha, trocamos comprimentos e gritamos ao vento.
Toca descer e acelerar o passo pra retornarmos a trilha e encontrar com o grupo.
Estava escalada a Agulha do Diabo! Durante a Travessia Petrópolis x Teresópolis.
Obrigada aos amigos Alexandre, Carla, Jerônimo pela oportunidade e por terem me permitido escalar com vocês.
Obrigada Cadu, sua esposa Carol e todo o grupo pela companhia e momentos incríveis.
Links úteis:
• www.icmbio.gov.br/parnase1rradosorgaos/guia-do-visitante.html
• www.carioca.org.br/croqui/croqui-cec.psp?0057
Boas escaladas,
Karina Filgueiras
www.brasilvertical.com.br
karinafilgueiras@blogspot.com |