Trinta anos depois de dar a primeira volta ao mundo, a família Schurmann se prepara para voltar a alto mar. Desta vez a intenção é explorar a teoria de que os chineses foram os primeiros navegantes a darem a volta mundo, antes mesmo dos europeus. Batizada de Expedição Oriente, a aventura, que vem sendo planejada há cinco anos, está marcada para começar no dia 24 de novembro.

Muita coisa mudou em relação à primeira viagem feita em 1984. A mais visível para quem ficará em terra firme é o barco. O veleiro, que ganhou o nome de Kat, em homenagem à caçula da família que faleceu em 2006, está sendo construído aqui no Brasil sob medida para os desejos e necessidades da família. “Estamos construindo a casa dos nossos sonhos”, diz David Schurmann, cineasta e produtor, que será o líder da tripulação em terra.

A pedido do capital Vilfredo Schurmann, a embarcação terá até uma quilha retrátil, que pode reduzir seu tamanho de 4,5 m para 1,8 m, o que facilitará a entrada do barco em lugares onde a profundidade é menor. Internamente também há muita novidade. O veleiro terá uma infraestrutura tecnológica e de comunicação que permitirá o contato dos tripulantes com o mundo inteiro, via internet. A bordo haverá um sistema elétrico digital, que deixou a embarcação mais “inteligente”. Será possível acionar 2000 comandos à distância, por meio de tablets ou smartphones. Entre eles, ligar e desligar alguma câmera ou verificar se todas as janelas estão fechadas.

Toda a expedição poderá ser acompanhada via internet. Será possível conversar com os Schurmann pelas redes sociais e acompanhar a movimentação do veleiro (incluindo posição e velocidade) graças a um script que está sendo desenvolvido especialmente para a expedição. Toda tecnologia foi desenvolvida pela empresa brasileira CSP. “Estamos tentando utilizar o máximo possível de equipamentos, materiais e tecnologia nacionais”, diz David.

A conexão com a internet será feita via satélite, mas com um upgrade considerável: a velocidade, que na última expedição era de 9,6 Kbps, agora será de 492 Kbps. Para atrair a atenção das novas gerações, a família Schurmann também prepara alguns games que aproximarão o jogador da expedição. “Apostamos na gamefication para engajar a nova geração. Cada pessoa poderá ter seu próprio barco para viagem conosco. E durante a viagem realizaremos minigames, numa espécie de gincana, sobre os lugares por onde passaremos.”

Além da tecnologia, o veleiro será sustentável. Todo esgoto será tratado e não precisará ser jogado no mar. O lixo orgânico será reaproveitado utilizando um equipamento especial para a produção de adubo em forma de pequenos tijolos, desenvolvido pela empresa Solví. Ainda haverá um sistema de geração de energia limpa, por meio de eólicos e painéis solares, e dois hidrogeradores (que produzirão energia a partir do movimento do barco). Os exercícios da tripulação também produzirá energia, graças a duas bicicletas ergométricas especiais.

A nova expedição também ajudará projetos de educação. Professores e alunos e da Universidade Estácio de Sá estarão a bordo em trechos da viagem para pesquisar o meio ambiente de alguns pontos do mundo. A partir de amostras coletadas durante a viagem, serão feitas análises da qualidade das águas e dos plânctons por onde o veleiro passar.

Depois de cinco anos de planejamento, o veleiro kat irá zarpar no dia 24 de novembro de Itajaí, em Santa Catarina, e seguirá para o sul, com o objetivo de repetir prováveis rotas utilizadas pelos chineses. “Sem nenhum rigor acadêmico, vamos buscar evidências da passagem dos chineses pelos lugares que visitarmos”, diz o capital Schurmann. A Expedição Oriente passará por Uruguai, Argentina, Antártica, Chile, Polinésia Francesa, Nova Zelândia, Austrália, Papua Nova Guiné, Micronésia, Japão, Indonésia, Singapura, África do Sul e outros países. A previsão de retorno, também em Itajaí, é dia 29 de novembro de 2015. Estarão a bordo, além do casal Vilfredo e Heloísa, o filho Wilhelm e o neto Emmanuel. Os filhos Pierre e David estarão em alguns trechos da aventura.