|
|
|
|
da redação: Texto e fotos de José Murillo
3 de janeiro de 2012 - 16:25 |
|
|
|
comentários |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Caminhar pelo Himalaia e chegar perto do Everest é o grande sonho de muitos que gostam de natureza, esportes de aventura, trekking e montanhismo. Depois de ler um livro sobre o trekking ao acampamento base do Everest, comecei a sonhar com essa possibilidade, mas sempre me pareceu um sonho distante, quase impossível. Até que em meados de 2010 tive um estalo e resolvi que iria lá, que faria o trekking.
Foram 6 meses de preparativos. Treinamento físico intenso, muita leitura, escolha da operadora, compra de passagens, reserva de hotéis, escolha e compra de equipamentos. Só pensava na viagem.
Depois de 2 dias entre o Brasil e o Nepal, finalmente comecei a realizar o sonho. Fiquei uns dias em Kathmandu e um dia frustrado no aeroporto tentando embarcar para Lukla até que comecei a jornada. Estava super bem fisicamente e andava com tranquilidade pelo Himalaia, subindo e descendo as montanhas sem dificuldades. Como estávamos com um dia de atraso, a guia optou por pular o dia de aclimatação em Namche Bazar. Continuei super bem, até que chegando em Dingboche (4343 m), iniciei um quadro de rinite e gripe, que me deixou um pouco debilitado, mas depois de um dia de aclimatação por lá, me senti melhor. No caminho de Dingboche para Laboche, fiquei para trás do grupo, ajudando uma de nossas colegas de trekking que havia passado mal e acabou voltando. Depois disso, dei uma acelerada para tentar alcançar o grupo, mas antes tinha que subir um dos trechos de maior aclive de toda trilha. Daí para frente, minha condição física foi deteriorando, a gripe piorando e me sentindo mais fraco, até que em Gorak Shep (5181 m) iniciei um quadro de prostração intensa, fraqueza e chequei a ter saturação de O2 de 62%. Estava experimentando o mal da montanha.
Ainda assim, mesmo contra a vontade da guia, que só aceitou por eu ser médico, tentei subir ao acampamento base, mas minhas pernas não tinham força nem equilíbrio. Acabei no lombo de um cavalo montanha abaixo, num frio cortante e por horas que pareciam intermináveis até Pheriche (4251 m).
Foi um dos dias mais frustrantes da minha vida. Estava triste de não chegar ao meu objetivo e sonho de tantos anos e decepcionado comigo mesmo. Chorava bastante. Não me conformava com o que estava acontecendo. Várias pessoas no grupo eram mais velhas e talvez eu fosse a pessoa com melhor preparo físico. Mas, o mal da montanha não distingue condicionamento físico ou idade e todos nós somos susceptíveis a seus efeitos.
Fiquei em Pheriche até o retorno do grupo e continuei o resto do trekking de volta a Lukla. Mas, estava ainda debilitado pela gripe e com um péssimo astral. Calado, introspectivo e muito, mas muito triste. Mas, como em tudo na vida, o tempo é o senhor e, à medida que vai passando, a nossa perspectiva e visão dos fatos vão mudando.
Hoje, compreendo cada vez melhor que o ponto de chegada é apenas um ponto, e que o mais importante é a jornada. E a minha jornada pelas trilhas do Himalaia foi fantástica! Cheia de experiências culturais e novas amizades. Aprendi e me diverti muito pelo caminho. Não guardo tristezas por ter chegado apenas a poucos metros de meu objetivo, mas alegrias e ótimas lembranças dos momentos inesquecíveis que trilhei no meio daquelas montanhas maravilhosas.
Visite o blog do Zeca e veja o dia a dia de sua jornada pelo Himalaia:
www.zecanoeverest.blogspot.com |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|