O historiador e estudioso da região polar David M. Wilson tomava uma bebida em um mercado de arte alguns anos atrás quando um colecionador desconhecido aproximou-se. ''Ele disse: 'Você não vai adivinhar o que eu tenho em minha coleção’'', lembra Wilson.
O colecionador era Richard Kossow e lhe disse que em 2001 havia adquirido um portfólio de fotografias da Antártica do início do século 20. Contudo, não eram fotos comuns da Antártida: as fotos eram da expedição de Robert Falcon Scott que durou de 1910 a 1913 e na qual ele vários homens – incluindo o tio-avô de Wilson, Edward Wilson – morreram ao regressar.
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Além disso, não eram fotos de expedição quaisquer, contou Kossow: eram fotos tiradas pelo próprio Scott. ''Eu quase engasguei com o gim-tônica’', afirma Wilson.
Durante muito tempo, o paradeiro da maioria das fotos de Scott – tiradas nas proximidades do local de invernagem na ilha Ross e no caminho em direção ao polo – fora um mistério. Apenas uma ou duas dezenas haviam sido publicadas, sendo que muitas delas foram atribuídas a outras pessoas de forma indevida. As fotos não publicadas aparentemente permaneceram por décadas em um arquivo comercial.
Agora, à medida que se aproxima o centenário da morte de Scott, que faleceu em março de 1912, Wilson publicou todas as imagens em seu livro 'The Lost Photographs of Captain Scott’ ('As fotografias perdidas do capitão Scott’, em tradução livre) juntamente com descrições detalhadas do local e do momento em que foram tiradas, da melhor maneira que foi possível ao autor determinar.
Scott contratou Herbert Ponting, conhecido fotógrafo profissional de viagens. Nunca se esperou que Ponting realizasse a árdua viagem da ilha Ross ao polo com trenós, pôneis e cachorros. Em vez disso, ele ministrou um curso intensivo de fotografia a Scott e outras pessoas, ensinando-os a usar câmeras volumosas, lentes e filtros, e tirar a fotos com adequada exposição à luz em condições extremas.
A curva de aprendizagem foi bastante acentuada, mas Scott tornou-se um dos melhores alunos de Ponting. Muitos de seus fotógrafos provêm dessas sessões de treinamento.
Sophie Gordon está montando uma exposição de trabalhos de Ponting como curadora sênior da coleção real do Castelo Windsor e Frank Hurley, fotógrafo mais de uma época mais recente da Artártida, afirmou que Scott aprendeu bem com o professor.
''Ele realmente usou de sensibilidade artística’', afirma Gordon. ''As suas melhores fotos parecem com as de Ponting’', afirma.
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