O pesquisador Paulo Roberto Cunha estava pronto para pegar seu voo. Na bagagem despachada, roupas, barraca, panelas, fogareiro, bastão de caminhada, kit de primeiros socorros. E uma bicicleta, com suas respectivas ferramentas. Familiarizado às longas pedaladas desde 2004, quis voltar à Nova Zelândia (país que conheceu e se apaixonou em 2002) com uma proposta diferente: desbravar cidades e parques sobre duas rodas.
Começou o tour na ilha sul, na cidade de Christchurch, e seguiu pedalando em direção à costa oeste. Com um roteiro para lá de maleável. "Tinha na cabeça os locais que queria visitar na região, como a cidade de Queenstown e o Parque do Monte Cook, onde está a montanha mais alta do país. Mas ao mesmo tempo estava livre, me lançando mesmo. Para conhecer o que aparecia no caminho e curtir o aleatório da viagem", conta.
Foi nesse espírito que descobriu a Copland Track, trilha a cerca de 20 quilômetros do Fox Glaciar que percorre um vale, até alcançar uma piscina natural de formação vulcânica. "Nunca havia ouvido falar dela. E o lugar é simplesmente maravilhoso".
Em dias de boas pedaladas, percorria até 90 quilômetros - ao todo foram 1.300 quilômetros ao longo de 40 dias. Sempre em uma velocidade tranquila, garante. Afinal, além de carregar cerca de 35 quilos na bicicleta, Paulo é adepto do cicloturismo. Ou seja, queria observar o cenário, sem perder nada do que surgia à sua frente. Muito menos as oportunidades de jogar conversa fora com outros viajantes - segundo ele, a melhor e mais segura fonte de boas dicas.
Quando chegava em algum parque, também não hesitava em alternar os trechos de bike com caminhadas, trekking pelas montanhas e trilhas. Sem contar as inúmeras pausas para clicar as paisagens que encontrava.
Cultura. As formas de hospedagem foram variadas, de campings permanentes ou em um cantinho próximo à estrada, onde Paulo montava sua barraca e organizava os seus apetrechos para fazer o jantar. "Na Nova Zelândia é permitido acampar em quase todos os lugares, você vê muita gente fazendo isso." Além de ultrasseguro, o país se mostra bastante receptivo aos ciclistas. Há sinalizações por todos os lados, placas sugerindo que veículos devem dar espaço para as bikes - mesmo nas rodovias - e rotas alternativas.
Na visão do viajante, tão correto que às vezes era até exagerado. "Uma vez tinha que deixar o camping às 9 horas da manhã. Me atrasei quinze minutos e o dono já estava me pondo para fora, tive que me trocar em uma cabine telefônica. Um tanto estranho para nós, brasileiros. Nestas horas parece que falta um pouco de jogo de cintura, sabe?"
* DICAS ÚTEIS
Transporte: a maioria das aéreas - TAM e Gol incluídas - despacha a bicicleta como bagagem comum. Cobra-se taxa extra somente se o limite permitido for ultrapassado
Referências: adesivos e camisetas do Brasil e de grupos de ciclismo facilitam a aproximação de outros viajantes
Câmara extra: para quando o pneu furar |