Um ano de preparação, cinco meses de aventura e muitas histórias para contar. No momento, a equipe do Planeta Extremo colhe os louros pelo sucesso das quatro reportagens exibidas no Fantástico. No entanto, para se chegar a esse resultado, o grupo teve que driblar constantemente o medo, o frio e, principalmente, a saudade de casa.
A primeira parada da trupe foi na Antártida. O produtor Claudio de Moraes, o roteirista Marcelo Outeiral, o operador técnico Claudio Carneiro, os cinegrafistas Ari Junior e Fábio Brandão, o editor Saulo Azevedo e o repórter Clayton Conservani tiveram dificuldades para dormir. Tudo isso para registrar os 42 km de maratona no gelo. Prova que aconteceu com 30 graus abaixo de zero, ventos de 100 Km/h e ao mesmo tempo embaixo de um sol escaldante.
- A logística foi bem complicada. Sem falar que a roupa era bastante pesada e os óculos, para se proteger dos raios solares, incomodavam. O sol não se punha e rebatia o tempo todo nos nossos olhos. Tivemos que proteger a câmera com uma capa para não ter problemas com o equipamento - contou o repórter cinematográfico Fábio Brandão.
Em seguida, os setes integrantes do Planeta Extremo partiram para a Cordilheira dos Andes. Quer dizer, o produtor Claudio de Moraes não conseguiu seguir viagem. Na preparação para subir o cume, o jornalista caiu de uma mula e não pôde participar da gravação do episódio "Sobreviventes dos Andes".
- Estava num treino para me acostumar com o animal, o instrutor dava as últimas dicas, quando o bicho se assustou. Então, ele foi para um lado e me jogou para o outro. Levei uma pancada muito forte na lombar. Por causa disso, fiquei três dias internado em um hospital argentino e não pude seguir com os meus companheiros - revelou Claudinho, que antes disso teve de dormir, assim como os outros integrantes, em um alojamento repleto de ratos.
Os percalços não pararam por aí. Os aventureiros levaram três dias para subir e mais três dias para descer da montanha. Em vez do helicóptero, eles preferiram fazer o trajeto, digamos, com emoção.
- Foi muito perigoso subir os Andes de mula. O caminho ficava no meio de um precipício. Tínhamos que jogar o corpo para trás o tempo todo para não sermos projetamos para frente. Ficamos com a virilha assada por ter andado tanto tempo em cima daquele animal. Depois, o Clayton ainda teve de fazer massagens nas costas para suportar a dor - lembrou Ari Júnior.
Na Noruega, a promessa era de que a Aurora Boreal iria compensar todo aquele esforço de reportagem. Realmente, os integrantes do Planeta Extremo ficaram impressionados com a beleza do fenômeno natural. Porém, enfrentaram todo o tipo de dificuldade para registrar o clímax da aventura. O lugar era tão inóspito que foi preciso alugar uma câmera mais potente, a fim de cumprir aquela missão.
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Ari Junior, Marcelo Outeiral, Clayton Conservani, Fábio Brandão e Cláudio de Morais em ação (Foto: TV Globo) |
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Equipe e Aurora Boreal ao fundo |
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Bernardo Fonseca e Clayton Conservani na maratona na Antártida. |
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- Ao contrário da Antártida, que tinha sol o tempo todo, na Noruega era só noite. Além disso, foi o lugar que sentimos mais frio. Pegamos 27 graus abaixo de zero. Para filmar a Aurora Boreal, fazíamos imagens por dez minutos e depois voltávamos correndo para o carro com aquecedor térmico - disse o roteirista Marcelo Outeiral.
Em seguida, o repórter Clayton Conservani resolveu pregar uma peça nos companheiros. Ele sumiu por meia hora e voltou correndo para a barraca, dizendo ter encontrado ursos polares. Animais selvagens que, lá para aquelas bandas, têm fama de comer carne humana.
- Estávamos muitos dias na Noruega e o clima era de total silêncio. Foi quando o Clayton me disse que ia dar um jeito nisso. Mas eu não podia imaginar que ele iria fazer aquilo. O pior é que saímos correndo para o carro e eu fiquei com tanto medo que não conseguia dar a partida - afirmou o produtor Claudio De Moraes.
Dias depois veio a vingança da equipe do Planeta Extremo ao repórter. Ele teve que se redimir à força do susto que havia passado para os companheiros.
- Na saída para o trenó, o Ari Júnior agarrou e amarrou as mãos e as pernas do Clayton. Ele teve que pedir perdão a todos nós e também falar que nos amava - disse Outeiral, às gargalhadas.
A última parada dos aventureiros foi nas Bahamas. Mas para mergulhar nos buracos azuis, o repórter Clayton Conservani teve que fazer um curso especial de mergulho em cavernas da Flórida, nos Estados Unidos. Só depois de tirar licença para enfrentar tal desafio, ele pôde seguir adiante. O jornalista conta que pensou em desistir de realizar esse episódio.
- Antes de mergulhar, tive que nadar por 15 metros de um barco até uma jaula. O problema é que o trajeto era feito no meio dos tubarões. Antes de cair na água, percebi que os animais estavam eufóricos e olhei para o Outeiral com aquela cara de que "não sei se vou conseguir". No fim das contas, deu tudo certo - recordou Clayton.
Claudinho conta que esse foi o ponto mais preocupante das quatro aventuras.
- Ficamos aflitos do lado de fora da caverna. Para termos certeza que o Clayton estava bem, tínhamos que esperar ele fazer um sinal nas águas. Cada mergulho era uma preocupação. Não temos esse tipo de esporte no Brasil. Então, era difícil prever o que poderia acontecer.
O editor Saulo Azevedo resumiu os cincos meses de perregue e um ano de preparação em uma frase.
- As imagens são lindas, mas os riscos são reais.
Para quem pensa que acabou, os integrantes avisam que já estão planejando uma segunda temporada da série. Os locais já foram pesquisados e um roteiro das aventuras entregue à direção da Rede Globo. Desta vez, eles devem produzir sete ou oito episódios. O tempo de preparação, da pré-produção até a exibição, deve durar mais de um ano. |