Como pai de dois filhos de 12 anos de idade, tentando quebrar o recorde mundial como a família com filhos mais novos atravessando as Américas de bike, estou excepcionalmente qualificado para responder essa pergunta. Saímos de Junho de 2008, quando os meninos tinham 10 anos e esperamos alcançar o nosso objetivo quando eles estiverem completando 13 anos.
Para algumas pessoas, a idéia de colocar as crianças em uma bicicleta para uma travessia tão longa, seria um abuso. Os críticos acreditam que as crianças não sabem o que é viver além de estar o dia todo pedalando, e isso não seria saudável para elas.
Mas a realidade da nossa jornada está longe disso, muito longe de suas percepções mal concebida. A nossa média diária até agora (depois de dois anos na estrada) é de apenas 27 quilômetros. Normalmente viajamos menos de quinze dias por mês.
Nós sentimos que estamos dando aos nossos filhos a realização de muitos sonhos de infância. Somos uma família trabalhando junto para um objetivo em comum. Nossos filhos são membros iguais da nossa equipe, trabalhando lado a lado com seus pais.
Nossos meninos também estão aprendendo sobre o mundo de uma forma que poucas crianças o fazem. Estão conhecendo pessoas de muitos países diferentes, interagindo e convivendo com diferentes culturas, usando moedas estrangeiras para o consumo diário, e adquirindo uma compreensão mais profunda da humanidade do que a grande maioria dos norte-americanos nunca terão a oportunidade de ter. No mundo interconectado de hoje, isso só torna a nossa viagem valiosa apesar das dificuldades que enfrentamos.
Eu não quero adoçar o nosso caminho de qualquer maneira. Lidamos com a nossa quota de provações e tribulações. Fomos perseguidos por um urso em British Columbia, pegamos uma chuva torrencial durante uma semana inteira entre Jasper e Banff, e acordei em uma barraca enterrada na neve em Montana. Nós empurramos as bikes por quilômetros de areias profundas no México e suavamos como porcos febris na Costa Rica. Pedalamos lentamente e dolorosamente acima dos 2.400m nos Andes e batalhamos dia após dia, com ventos ao longo da costa peruana.
Sim, nossa jornada tem sido difícil em muitos aspectos, mas cada um de nós está mais do que dispostos a lidar com esses desafios para os bons momentos que partilhamos. Enquanto eu pedalava, lado a lado com meu filho, Davy, outro dia ele disse: "Eu não posso acreditar que de fato, tivemos maus momentos nesta viagem. Quando olho para trás em nossa viagem, tudo que eu lembro são os bons tempos."
E muitos bons momentos tivemos. Pedalamos ao lado de um bisão. Pedalamos por montanhas e vislumbramos as belezas de seus vales. Nós visitamos as ruínas maias e incas, surfei ondas enormes, e as crianças brincaram nas piscinas termais. Mas, principalmente, temos prazer em estar juntos como uma família e explorando o nosso mundo.
Davy e Daryl estão aprendendo que a vida não é uma cama de rosas - existem alguns espinhos lá também. Aprenderam que a vida não é feita apenas de estradas planas e tailwinds (vento de cauda, vento a favor) - há dias difíceis e que nos põe à prova a nossa determinação.
Mas isso é como a vida é - se você estiver viajando de bicicleta, alguns dias serão sempre assim. Meus filhos aprenderam a avançar, aprenderam a colocar um pé na frente do outro, para continuar seguindo seus sonhos. Aprenderam que o triunfo é passageiro até um próxima desafio.
Assim somos, o meu marido e eu egoístas, irresponsáveis pais que estão abusando de nossas crianças, andando de uma extremidade da terra até a outra com eles? Eu não penso assim. Eu acho que estamos simplesmente incentivando nossos filhos a sonhar grande e se esforçarem para atingir seus objetivos. Estamos ensinando-os a sonhar o sonho impossível, alcançar a estrela inalcançável - e eu não tenho dúvida que farão exatamente isso.
Sobre a educação das crianças
A Família Vogel levou consigo alguns materiais escolares, e estão aproveitando as paradas em hotéis para ensinar os filhos um pouco de matemática e outras matérias. Eles acreditam que os filhos estão aprendendo muito mais com a vivência do dia-a-dia na expedição.
Eles sabem que nessa combinação de livros e vivência possa haver algum buraco no aprendizado dos filhos, mas eles questionam que em qualquer escola pública você teria essa deficiência, é como comparar uma escola pública em Boise / Idaho (noroeste dos EUA) com uma escola particular de Nova York, sempre haverá diferenças. |