Um barco, uma bicicleta e as próprias pernas são os recursos de um casal suíço que, acompanhado de seus três filhos, pretende ser pioneiro ao viajar pelos sete mares e se aproximar dos pontos mais altos dos sete continentes usando apenas energia natural.
Embora Dario Schworer, 42 anos, e Sabine Schworer-Ammaun, 33 anos, tenham pensado inicialmente que levariam quatro anos para chegar às mais altas montanhas dos sete continentes com a ajuda do barco a vela, da bicicleta e a pé, mas agora acreditam que poderão levar 14.
"Nosso objetivo é ajudar as pessoas afetadas pela mudança climática e incentivar os estudantes a viverem em harmonia com a natureza", disse Schworer à agência EFE, em Katmandu, antes de partir para o Tibete.
De lá irão a Xangai de bicicleta. A família foi também de bicicleta de Calcutá, na Índia, à região do Everest, onde passou três meses.
Schworer passou parte deste tempo escalando o Everest, mas admite não ter chegado ao topo. A família recolheu lixo e interagiu com estudantes das localidades próximas à montanha com a intenção de orientar para a preservação do meio ambiente.
Antes de chegar ao Nepal, a família viajou por 46 países, passando por Europa, Caribe, América do Sul, Austrália e Oceania.
Depois do Mont Blanc, na Europa, navegaram até o Caribe em seu barco, que atualmente está na Tailândia (o Nepal não tem acesso ao mar) e usa energia solar para obter eletricidade, mas aproveita o vento para navegar.
Através do canal do Panamá, a família foi ao Equador e às ilhas Galápagos, e depois ao Chile e à Argentina para escalar o Aconcágua.
O casal teve em 2004 a sua primeira filha, Sabine, na Patagônia chilena, onde sua embarcação estava sendo consertada após ter se chocado contra um navio contêiner.
"Não sei como é fazer o parto em casa. Mas foi difícil, porque não havia ninguém para nos ajudar", comentou Sabine sobre sua primeira experiência maternal.
Após o nascimento da pequena, os Schworer tentaram desembarcar na Antártida para escalar o maciço de Vinson, mas o gelo impediu que chegassem ao continente.
Voltaram à Patagônia, onde Sabine, uma enfermeira que gosta de conhecer culturas distintas, deu à luz seu segundo filho, Andri, que agora tem 3 anos e meio.
"As pessoas na América do Sul são muito receptivas. Elas mostram isso com gestos pequenos, como ajudar alguém a carregar as sacolas do supermercado. Os europeus não costumam fazer isto", contou a mãe da família aventureira.
Nas ilhas Galápagos, a família teve a oportunidade de provar as "melhores laranjas do mundo" durante cinco semanas.
Do Chile, navegaram pelo Pacífico sul até chegar à Austrália, onde o homem da família escalou o monte Kosciuszko, o maior do continente, e onde há nove meses nasceu a terceira filha, Australia Noe.
Os Schworer aproveitam cada visita para falar com crianças de escolas locais - calculam que até agora tiveram contato com cerca de 45 mil estudantes - e dizem ter recolhido até o momento cerca de 22 toneladas de lixo.
"Queremos motivar as crianças e mostrar bons exemplos sobre como ajudar a natureza", disse Sabine.
Schworer, guia de montanha e climatólogo, diz que se surpreende com a criatividade das pessoas: no Caribe, conheceu a uma pessoa que tinha construído uma casa sobre o mar usando garrafas de plástico.
Perto de Chimborazo, no Equador, ensinou a população local a usar os raios ultravioleta do sol para purificar a água, em um lugar onde o rápido degelo das geleiras causou problemas de abastecimento e de poluição dos aquíferos.
A família suíça espera poder viajar às distintas áreas climáticas do mundo.
Nos últimos sete anos, também tiveram tempo de voltar para casa várias vezes para que os parentes conhecessem seus filhos. Além disso, o caçula passou por duas cirurgias de rim.
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