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Como seria: As montanhas subglaciais de Gamburtsev teriam essa aparência (na foto, o Monte Rolleston, de 2.275 metros, na Nova Zelândia) se não estivessem encobertas por quilômetros de gelo e neve.
Foto: Michael Studinger |
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Expedição durou 2 meses (Foto: Michael Studinger) |
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Ilustração indica onde foi conduzido o estudo (Zina Deretsky / NSF) |
Cientistas que mapearam as mais enigmáticas cadeias de montanhas da Terra anunciaram algumas de suas descobertas em uma conferência nos Estados Unidos. A equipe internacional de pesquisadores passou dois meses entre 2008 e 2009 estudando as Montanhas Gamburtsev, uma cordilheira com picos que ultrapassam os 2.500 metros de altitude escondida sob a neve na Antártida.
Os especialistas revelaram, por exemplo, que o contorno das montanhas é mais rugoso do que se acreditava, e que elas estão agrupadas de forma linear, ao contrário do que se pensava.
A formação linear é importante porque indica a possível origem das montanhas, cuja existência intriga cientistas desde que a cordilheira foi descoberta por pesquisadores soviéticos há 50 anos.
Um dos integrantes da equipe, o cientista Michael Studinger , do Lamont-Doherty Earth Observatory ( LDEO ) da Columbia University, em Nova York, disse que a estrutura linear torna as Gamburtsev comparáveis aos Alpes ou aos Montes Apalaches. "São cadeias de montanhas que se formaram pela colisão de placas tectônicas", disse Studinger à BBC.
O especialista fez suas declarações durante um encontro da American Geophysical Union em San Francisco, na Califórnia.
Ele enfatizou que a análise das informações coletadas ainda é bastante incipiente e que uma avaliação final deverá ser publicada mais adiante.
Surpresa
Quando foram detectadas em 1957 pelos soviéticos, as montanhas surpreenderam a comunidade científica internacional porque, até aquele período, acreditava-se que a superfície rochosa no centro do continente antártico era relativamente plana.
A cordilheira tem despertado o fascínio de cientistas desde então, porque acredita-se que, há 30 milhões de anos, ela tenha sido um ponto que originou as gigantescas camadas de neve que hoje cobrem a Antártida.
Ou seja, se as montanhas não estivessem ali, no meio do continente antártico, o lençol de gelo que existe no local talvez não tivesse se formado da maneira como ocorreu.
Estudar as Gamburtsev, no entanto, é extremamente difícil. As temperaturas no local podem cair abaixo de -80°C.
Para este estudo, duas aeronaves Twin-Otter sobrevoaram os picos escondidos sob a neve, percorrendo um total de 120 mil km.
Elas coletaram informações sobre a espessura do gelo, obtiveram imagens feitas por radar da base rochosa submersa e das diferentes camadas de gelo que a encobrem e ainda fizeram um mapa da superfície gelada com um equipamento a laser.
"Chegamos a um ponto no processamento das informações que nos permite iniciar o trabalho cienfífico com os dados", disse Studinger.
A camada de gelo que cobre as montanhas varia entre algumas centenas de metros, nos pontos menos espessos, até cerca de 4.800 metros.
A análise dos dados revela também um perfil rugoso com altos picos e vales profundos, escavados por rios e gelo em um passado longínquo.
Estudar o que aconteceu nesses vales pode trazer pistas sobre quão rapidamente as Gamburtsevs foram encobertas pelo gelo - e sobre a evolução climática do planeta.
Os dados indicam ainda que existem bolsões de água na base do gelo.
"Estamos entusiasmados com a ideia de usar essas informações para ver como os vales escavados pelos rios e depois cobertos pelo gelo estão agora conduzindo a água sob o lençol de gelo", disse Robin Bell, outro integrante do LDEO.
Outro pesquisador, Fausto Ferraccioli, do centro de pesquisas British Antarctic Survey, disse que é possível que os cientistas encontrem um ponto onde o gelo possa ser perfurado para que se obtenham informações sobre o clima da Antártida há milhões de anos.
"Pode existir gelo mais antigo do que 1,2 milhões de anos - entre 1,2 e 1,5 milhões", disse Ferraccioli à BBC News. |