A bióloga brasileira Fabiane Lima de Oliveira, que morreu de malária durante pesquisas de campo no Gabão, na África, pode ter contraído a doença antes de ter embarcado em uma expedição para a reserva ecológica de Lopé, no interior do país, segundo familiares.
Namorado de Fabiane, o também biólogo Ladislau Brito contou ao G1 ter trocado mensagens com ela um dia antes do embarque para a reserva ecológica de Lopé, no interior do país. Pela internet, segundo ele, a pesquisadora contou que já teria contraído malária, mas de um tipo fraco, o que não impediria sua viagem.
“Estávamos conversando pela internet e ela falou que estava com malária, que já tinha procurado um médico e começado o tratamento, e que a doença era de um tipo fraco”, conta. Segundo Brito, a bióloga também teria pedido que ele não contasse a ninguém da família sobre os sintomas. "Ela me tranquilizou", disse.
Brito, que conheceu Fabiane há dois anos quando ambos faziam mestrado em ecologia no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), não descarta que ela possa ter escondido os sintomas também da equipe de pesquisadores com quem viajou, para não perder a oportunidade da pesquisa em campo.
“Quando ela queria alguma coisa, ela ia atrás, a gente não tem certeza do que aconteceu”, diz o namorado. “Com a possibilidade de não deixarem ela ir por causa da doença, ela pode ter escondido. A gente acredita nessa possibilidade. Mas ainda quero conversar com as pessoas da equipe para esclarecer.”
Fabiane, de 27 anos, fazia parte de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford. Ela começou a apresentar sintomas de malária no último dia 2. No domingo (6), foi transportada de helicóptero até a capital do Gabão, Libreville, com a saúde já muito debilitada. A família foi informada da morte da bióloga na última terça-feira (8).
Uma das irmãs de Fabiane, Fernanda, também acredita na possibilidade de que a irmã tenha ocultado dos colegas e da família que teria a doença antes do embarque.
Resgate
Ex-orientadora de Fabiane no Inpa, a professora Regina Luizão, que intermediou o contato da equipe de Oxford com a família, disse na quarta ao G1 que o local em que os pesquisadores estavam era muito isolado, o que teria dificultado a remoção para o hospital.
“Não se traz ninguém do Pico da Neblina em dois dias”, comparou a professora. Segundo ela, Fabiane teria sido medicada quando apresentou os primeiros sintomas de malária. No entanto, sem reagir ao medicamento, teve de ser carregada pela equipe de seis pesquisadores até uma clareira, para que um helicóptero cedido pela Presidência do Gabão fizesse o resgate.
A professora disse ainda que a equipe atendeu a um pedido da brasileira de não comunicar a internação à família até que o caso se tornou grave. “Foi uma fatalidade. Fabiane realizou um sonho, estava super feliz e fazendo o que ela mais queria na vida”, disse.
A assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores informou que a equipe médica fez tudo para reverter o quadro de malária, mas, ao que parece, a doença já teria comprometido vários órgãos vitais antes de sua internação. |