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Leitora do Extremos conta a sua aventura pelas montanhas do Himalaia
 
 
Publicado em 26/05/2008 - 00h15 - Rosângela Loeblein
 
 
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  Foto: Divulgação
 
Rosângela Loeblein com Eduardo Keppke e Rodrigo Raineri em Gorak Shep
Foto: Divulgação
   
 




 
Foto 1 - Monte Pumori.
Foto 2 - Vale do Dudh Kosi.
Foto 3 - Dingboche em direção a Lobuche.
Foto 4 - Everest e Nupse vistos do Kala Patthar.
Fotos: Rosângela Loeblein
   

Himalaia, Nepal, a “Morada das Neves”. E, com certeza, também o refúgio das almas daqueles que se rendem ao fascínio de suas colossais montanhas.

Em abril de 2008, durante dez dias, trilhamos entre as montanhas mais altas do planeta. Objetivo: o “Everest Base Camp”, lugar lendário, de onde partem as expedições ao cume do Monte Everest, a montanha mais alta da Terra, com seus impressionantes 8848 m. Cenário de tantas conquistas, glórias e tragédias. Muitos dos que aqui pisaram, não retornaram com vida.

A aventura começa light, conhecendo Kathmandu, uma cidade multicolorida, multiaromática e multibarulhenta. Os nepaleses são extremamente simpáticos e atenciosos. Visitamos os principais atrativos, como o Templo dos Macacos, a Grande Stupa, o crematório ao ar livre, o Thamel, a Durbar Square, Patan. Depois, os preparativos para a trilha, rumo às grandes montanhas, começando com um vôo para o povoado de Lukla (2840 m de altitude), ponto de partida para o trekking. Na chegada, uma pista de pouso de apenas 540 m, entre o abismo do vale e um paredão de rocha. Emoção pura! Começa a caminhada. Percorremos aproximadamente 06 horas por dia, sempre entre subidas e descidas. Nos trechos inicias, do povoado de Lukla, passando por Phadking (2610 m), Namche Bazar (3440 m) até Tengboche (3860 m), o cenário é de muito verde, percorrendo o Vale do Dudh Kosi, o “Rio do Leite”, com alguns trechos de muita poeira, muitas pontes pênseis, muitas “mani stones” (pedras sagradas com mantras budistas), zópios e iaques. Nesta época, a primavera está despertando e o caminho estava repleto de ameixeiras e pessegueiros floridos. Em Tengboche encontramos um belo monastério. Invarialvelmente, amanhecia com um céu límpido, de um azul intenso, emoldurando as montanhas gigantescas.

Sempre em frente, no trajeto Tengboche até Dingboche (4410 m), o cenário começa a mudar, as árvores dão lugar à vegetação rasteira e escassa, depois às rochas e pedras, com sinais de avalanches e desmoronamentos. A presença do Ama Dablam (6856 m) se torna constante e surge a 1ª visão do Everest. Dormimos sempre em confortáveis lodges, com camas, cobertas, travesseiros e banho quente. Boa comida, à base de batata, legumes e massas, acompanhada de um delicioso chá. Partimos de Dingboche em direção a Lobuche, percorrendo um vale cercado de montanhas imponentes. No caminho, o platô com os memoriais em homenagem aos alpinistas mortos nas montanhas, um belo lugar para avaliar e repensar nossas vidas. O Monte Pumori, com seus 7145 m, está sempre despontando na paisagem. Em Lobuche (4930 m), tivemos a noite mais fria, com 03 graus negativos. Aqui, nevou a noite inteira e amanheceu com uma bela e brilhante cobertura nevada sobre a paisagem ensolarada. Tivemos muita sorte com o tempo, aberto na maior parte dos dias, pouco vento e temperaturas amenas. Seguindo sempre rodeados por belíssimos cenários de gigantescas montanhas, todas com mais de 6000 m (aqui estão as montanhas mais altas do planeta, com altitudes acima dos 8000 m), chegamos à Gorak Shep (5180 m), povoado base para a caminhada ao Everest Base Camp e à subida ao Monte Kala Phattar. A altitude máxima que eu conhecia até este momento eram os 4200 m da trilha inca, feita em 2005. Comecei a ficar enjoada, mas aquele enjôo que não atrapalha. Nada de vômitos, diarréia, dor de cabeça, tonturas. Ou seja, o temido “mal da montanha” não me atingiu. Partimos para o Base Camp na parte da tarde, o que tornou a caminhada um pouco cansativa. Levamos 03 horas para ir e 02:30 hs para voltar, num trajeto pontuado sempre por cenários impressionantes, como pequenos lagos congelados, estalagmites de gelo e o Glaciar Khumbu. No Everest Base Camp (5364 m) fomos recepcionados com pipoca e chá quente, um luxo! Como a subida pela face norte, pelo Tibete, estava bloqueada nesta época, os alpinistas se concentraram no lado nepalês e o acampamento estava bem cheio e movimentado. Foi uma sensação indescritível, um momento ímpar pisar no mítico “Base Camp do Everest”. Na volta, ao entardecer, ventos cortantes, céu límpido e uma lua cheia incrível sobre o Nuptse. Um cenário arrasador de lindo!

A subida ao Kala Patthar (5545 m) foi o ponto culminante da aventura, uma “pequena” montanha de onde se tem uma visão completa da cadeia do Himalaia, de frente para o monumental Everest. Aqui em Gorak Shep, no dia 18/04/08, conhecemos os alpinistas brasileiros Rodrigo Raineri e Eduardo Keppke, em preparativos para a escalada ao cume do Everest. Pessoa extremamente simpática, de grande carisma, Rodrigo, quando nos ouviu conversando em português, nos cumprimentou e puxou conversa. Eu só o conhecia pelo site do Extremos e sabia que estava nas montanhas, então, fiquei muito eufórica e emocionada por conhecê-lo pessoalmente e poder conversar um pouco sobre a escalada ao cume. Minha missão estava cumprida e o sonho concretizado. Chega a hora da volta. Percorremos o mesmo caminho, apenas trocando a parada em Dingboche por Periche. Jantar à luz de velas com lua cheia no Himalaia ? Nós tivemos este privilégio em Periche! No retorno à Kathmandu, a certeza de ter vivido uma das aventuras mais emocionantes e impressionantes da vida, prova concreta de nossa minúscula presença diante da grandiosidade da natureza.

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