Atualizado: 07.01.2016 - 07:52
Depoimento do Marcelo, um dos brasileiros que foi injustamente acusado de acender um fogareiro dentro do Parque Nacional Torres del Paine:
Marcelo Magalhães
Olá a todos,
Depois de tanto ver e ler notícias sobre o ocorrido na Patagônia e ver o pior mal do Brasileiro que é julgar sem saber o que realmente aconteceu, achei melhor com minhas palavras explicar o que realmente aconteceu já que fui um dos brasileiros acusados de acender fogareiro em área proibida.
Dia 28 entramos no Parque e sim recebemos um aviso pessoalmente de um dos guarda-parques informando todas as regras, o que podia e o que não podia fazer na trilha (SIM EU SABIA QUE ERA PROIBIDO ACENDER FOGAREIRO), entrei para fazer o Circuito O com dois colega Brasileiro e um dos colegas já tinha feito o Circuito W e também sabia das regras.
Tambémpegamos informações com um colega que sabia que íamos para a Patagônia e o mesmo informou a nós três antes de sair em um grupo de WhatsApp que era probibido.
E mais um vez nós três sabíamos da proibição!
No quarto dia de trilha, mais exato entre o acampamento Dickson e o Los Perros nos afastamos de um dos amigos e seguimos a trilha somente em dois, esse meu colega estava com muitas bolhas nos pés e resolvemos parar para dar um olhada e também decidimos comer algo. Paramos, sacamos as coisas da mochila e retiramos nosso materia de cozinha que junto tinha um panela, talheres, comida e gás, tudo junto. Então fizemos uma mistura de atum, maionese e comemos com pão (ISSO TUDO EM UMA PEQUENA PANELA). Na mesma hora passou um casal de chilenos e sentou dois minutos conosco para tirar umas fotos e ficamos conversando sobre o lugar. Após dois minutos o casal saiu e continuamos a comer. Logo em seguida passou duas garotas chilenas por nós, como de costume comprimentamos e elas seguiram seu caminho.
Arumamos nossa mochila logo após e seguimos o nosso caminho.
Fantando 500 metros para chegar ao acampamento Los Perros, EU e meu AMIGO fomos supreendidos por um dos guarda-parques totalmenre fora de controle nos acusando de estar cozinhando, pois o mesmo tinha recebido a denúncia de duas garotas chilenas.
Chegando dentro do Abrigo dos guardas, imediatamente o guarda-parque comunicou a portaria que tinha recebido uma denúncia de dois brasileiros fazendo comida quente com fogareiro.
Eu e meu amigo tentamos explicar o ocorrido e que não passava de um engano das chilenas, mas em momento nenhum o guarda-parque deu direito a nossa defesa. Por sorte encontramos o primeiro casal que sentou com agente no local que fomos acusado e o chileno deu uma declaração de proprio punho informado que "OS DOIS BRASILEIROS NAO ESTAVAM COM NENHUM EQUIPAMENTO DE FOGO NO LOCAL DESCRITO".
Mesmo com a declaração do casal de chilenos não tivemos nenhuma chance de defesa no dia do ocorrido. No dia seguinte seguimos com o protocolo de expulsão do Parque e seguimos direto para a portaria para interrogatório pelos Carabineiros do Chile (POLÍCIA CHILENA) junto com o guarda-parque que recebeu a denúncia.
Após um longo depoimento no dia 31 de Dezembro de 2015, fomos informados pelo Sargento responsável pela segurança do Parque Nacional de Torres del Paine que o guarda-parque informou o Sargento que o próprio tinha nos surpreendido e que não existia nenhum depoimento a nosso favor, e que EU e MEU amigo tínhamos que comparecer ao tribunal dia 5 de janeiro, no tribunal de Justiça de Puerto Natales, e que podíamos pegar 3 anos de cadeia se fossemos culpados e pagar uma multa de 2 mil dólares e que se nós tentassemos sair do país a situação poderia piorar.
No dia 1º de janeiro voltamos para a entrada do Parque e por sorte achamos o guarda-parque que tinha recebido a denúncia e exigimos dele uma cópia da declaração do casal de chileno que estava na sua Ata. Tíramos uma foto da página da Ata.
Enfim para encurtar o texto...
Fiquei muito chateado pela reação das pessoas em muitos grupos que faço trekking e montanhismo há quase 5 anos, e nunca passei por esse tipo de situação. Todo mundo que me conhece, que faz trilhas comigo ou que já me viu em alguma trilha no Brasil sabe da minha índole.
Passamos por uma situação de injustiça e sem direito a defesa e em nenhum momento os guarda-parques ou a polícia chilena nos deu voz para defesa ou tentar fazer qualquer tipo de explicação, já que tínhamos provas que não estavamos cozinhando, e que nós BRASILEIROS fomos acusados sem nenhuma prova.
Estava planejando essa viagem com meus amigos há 4 meses e vi todos os planos de psssar o ano novo em um lugar super lindo ir por água abaixo por um engano, por injustiça.
Fico mais chateado ainda em ver brasileros acusando e desejando o mal de outros brasileiros, passei os cinco dias esperado o julgamento em Puerto Natales aprensivo e lendo as notícias no Brasil e vendo o quanto somos podres e pobres de alma, como podemos julgar e desejar o mal de pessoas sem ao menos saber o que a pessoa está passando e muito menos sem saber o motivo!
Dia cinco fomos julgados aqui em um Tribinal de Justiça de Puerto Natales e POR FALTA DE PROVAS e com a declaração do casal de chilenos escrito a próprio punho, fomos inocentados.
Tenho em mãos a foto do caderno da Ata do Guarda com a declaração e uma declaração do tribunal de Justiça de Puerto Natales informando a nossa inocência.
Infelizmene alguns sites brasileiros e chilenos repassaram a estória ERRADA informando que o Guarda Parque (X) tinha surpreendido os dois Brasileiros cozinhando.
Estou aqui perante todos que me conhecem e todos que não me conhecem de cara limpa e com a minha consciência limpa informando realmente o que aconteceu, e dizer que em nenhum momento foi fácil passar por essa situação e todo esse constrangimento, mas graças a Deus foi tudo resolvido e não deixei isso abalar minha férias, agora nesse momento estou em El Chaltén para continuar minhas férias. Pena que o início não foi como eu planejei, mas creio que Deus sabe o que faz.
Mesmo depois de todo o acontecido fiz muitas amizades com alguns guardas do Parque que souberam do que aconteceu e fui informado por uma dos guardas que tem mais temporadas no parque, que logo após o ocorrido todos os guardas tiveram uma grande reunião para informar que a central só pode receber acusação com PROVAS e que qualquer acusação ou declaração só será feito uma advertencia verbal.
Atenciosamente,
Marcelo Magalhães
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A foto da Ata onde aparece o depoimento das chilenas Nicole e Natalia e do chileno Augustín, que defendeu os brasileiros.
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Atualizado: 06.01.2016 - 18:59
Os dois turistas brasileiros, Murilo Martin e Marcelo Magalhães, receberam ontem uma multa de $ 100.000 pesos chilenos (R$ 563,00) cada um, e a proibição de retornarem ao Parque durante um ano. Eles aceitaram pagar a multa para que o caso fosse encerrado o mais breve possível, caso contrário poderia demorar meses.
Perante o juiz em Puerto Natales, os brasileiros se disseram inocentes e informaram que não acenderam o fogareiro e que comeram o lance frio, pois sabiam da proibição no local. Disseram que tudo não passou de um mal-entendido, pois foi uma turista chilena que denunciou os brasileiros.
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Publicado: 05.01.2016 - 9:30
Dois turistas brasileiros foram expulsos em 31 de dezembro passado, do Parque Nacional Torres del Paine por acenderem um fogareiro para cozinhar em um local não autorizado, ação esta restringida a determinados lugares no interior dessa reserva natural chilena.
Apesar de todos os visitantes serem orientados sobre as normas do Parque, os jovens brasileiros foram pegos utilizando o fogareiro em um local não autorizado, próximo a Cascata de Perros, a trilha no entorno do Macizo Paine.
O guarda-parques do setor, Nicolás Maturana, informou que os brasileiros que estavam infringindo a lei 20.653 e que como consequência seriam expulsos do Parque. Antes disso a Conaf apresentou uma denúncia aos Carabineiros de Torres del Paine.
Os turistas foram acompanhados pelos guarda-parques até o posto dos Carabineiros no setor de Laguna Amarga, para apresentarem-se hoje, dia 5 de janeiro, ao Juiz de Garantia em Puerto Natales.
Expulsa
Em 2015 uma turista coreana também foi expulsa pelo mesmo motivo e recebeu uma multa de R$ 2.500,00 além da proibição de retornar ao Parque nos próximos dois anos. |