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Montanhistas sem preparo preocupam polícia e bombeiros
 
fonte: Bem Paraná
17 de agosto de 2015 - 14:20
atualizado: 16:00
 

Foto Ilustrativa / Elias Luiz
 

A vista é de tirar o fôlego. Do ponto mais alto da região Sul do Brasil, o Pico Paraná, vê-se toda a Serra do Ibitiraquire, onde está inserida a montanha de 1.877,32 m, além de serras adjacentes, trechos do litoral, de Curitiba e de outras cidades do primeiro planalto paranaense. Mas para poder praticar o montanhismo e admirar a bela vista, é preciso preparo. Do contrário, os riscos são grandes. Muito grandes.

Desde 2013, o Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) — um grupo especial do Corpo de Bombeiros do Paraná — realizou 30 operações de resgate na Serra do Mar, sendo seis delas na Serra do Ibitiraquire, onde fica o Pico Paraná. Em 2014, um episódio trágico: onde um adolescente de 15 anos se perdeu junto com outras cinco pessoas em um dos morros próximos ao Pico Paraná. Durante a madrugada, o rapaz, que tinha problemas psicológicos, acabou morrendo. Uma das hipóteses é que ele teve hipotermia por causa das baixas temperaturas e da umidade na serra.

Apesar dos riscos, o número de praticantes do montanhismo só cresce. O Instituto Ambiental do Paran (IAP) não possui dados sobre o Pico Paraná, mas outras montanhas e trilhas no entorno são bastante movimentadas durante o ano. O Pico do Marumbi, por exemplo, recebeu no ano passado mais de 11 mil visitantes. O caminho do Itupava, mais de 21 mil.

Segundo o presidente da Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam), Natan Fabrício Loureiro Lima, o esporte começou a se popularizar há cerca de cinco anos. “Hoje com o Facebook, a informação chega mais rápido. O pessoal posta uma foto de algum lugar, daí o pessoal já se interessa, pergunta onde fica, fala que quer ir conhecer e uma pessoa acaba levando a outra”, afirma.

Este é um dos grandes problemas, segundo Natan. “Quando você vai com o amigo que já conhece o local — mesmo que ele não tenha muita experiência — e tudo sai bem, fica a impressão que é fácil fazer a caminhada. Depois, você resolve repetir a aventura, mas desta vez sozinho. O que era fácil, então, pode se tornar difícil”.

“O erro mais frequente que percebo é as pessoas irem praticar montanhismo achando que é igual um passeio no Parque Barigui. Ela acha fácil, mas o ambiente de montanha precisa de vários cuidados. Tem muita gente que se intitula montanhista, mas nunca fez um curso, não tem experiência. Eles são muito mais aventureiros do que montanhistas”.

Natan Fabrício Loureiro Lima

O ideal, segundo Natan, é que o interessado em praticar o esporte procure um clube de montanhismo. Geralmente, o preço para se associar não é alto: cerca de R$ 20 por mês. “A missão dos clubes é orientar as pessoas que querem começar no montanhismo. Com isso você evita ‘n’ problemas futuros, vai ter uma boa informação na questão de segurança, meio ambiente, e pessoas que te acompanhem em montanhas e escaladas, dando todo o suporte para o iniciante”, afirma.

Sobre o caso do adolescente de 15 anos, Natan acredita que houve falta de preparo. “Na trilha que eles se perderam um iniciante (no clube) não se perderia e nem cometeria erros básicos que foram cometidos nesta tragédia”, aponta.

Gost aponta os erros mais comuns

Segundo o Corpo de Bombeiros, existem dois “tipos de erros mais comuns: aqueles cometidos pelos iniciantes, como despreparo físico e técnico para realizar a atividade (não conhecer as trilhas, realizar um percurso achando que ser fácil, não possuir físico para companhar o trajeto e não levar materiais essenciais para uma situação mais crítica), e um outro tipo de erro, mais difícil de ocorrer, de pessoas experientes que superestimam suas capacidades e acabam negligenciando procedimentos de segurança baseadas na autoconfiança.

O capitão Daniel Lorenzetto, subcomandante do Gost, ressalta que aqueles que decidirem se aventurar nas montanhas devem sempre avisar alguém de confiança. “Isso é primordial, porque se a pessoa não voltar, este alguém de confiança pode acionar a equipe. Também é importante avisar caso o itinerário seja alterado, porque isso gera alarme falso”, diz. Foi, inclusive, a falta de tal informação que resultou na tragédia que culminou na morte do adolescente. “Nós não tínhamos nenhuma informação. Ninguém sabia ao certo onde eles tinham ido, eles não falaram para ninguém para qual montanha iriam, o itinerário que fariam. Ninguém sabia nada. Se temos uma delimitação de área de busca é muito melhor, porque quando as informação não são claras dificulta muito”.

Material básico para o montanhismo

Lanterna
Jaqueta quente ou manta térmica
Calçados para outdoor
Mochila
Barraca
Saco de dormir
Proteção solar
Proteção óptica
Mais de um celular com bateria

O que não fazer

Não se aventure sozinho na Serra do Mar
Não ingira bebidas alcoólicas durante a atividade
Não subestime o terreno
Evite horários próximos ao por do sol
Evite realizar caminhadas em dias de chuva

Me perdi. E agora?

Em caso de desorientação, é essencial que a pessoa tente encontrar algum sinal de celular e ligue imediante para o 193, informando onde ingressou, para onde pretendia ir e passando referências que encontrou no caminho. Se não encontrar sinal de celular, envie uma mensagem de emergência com as informações citadas para algum conhecido.

Caso não consiga sinal algum de celular, pare de andar imediatamente e procure um lugar para se abrigar do frio e da chuva, se alimente e já preveja um racionamento de alimentação.

 
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