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Saudações de Marte
 
texto de: Julien Mauve
14 de julho de 2015 - 12:45
 

Projeto fotográfico e de reflexão de Julien Mauve.
 

Em 1492, Cristóvão Colombo descobriu a América e 500 anos mais tarde, tornou-se um destino turístico comum para as pessoas ricas de todas as partes do mundo. O que restou do Velho Oeste foi agora transformado em parque nacional onde as pessoas podem desfrutar tranquilamente de paisagens de tirar o fôlego.

Mundos desconhecidos agora estão localizados longe da Terra e nosso mais famoso explorador é um robô. A "Curiosity" é a Cristóvão Colombo do nosso século, rastejando a superfície de Marte, em busca de pistas e informações sobre seu passado. Tal como aconteceu com o Velho Oeste, poderíamos imaginar um momento em que Marte irá se tornar um destino turístico para as pessoas visitarem e terem uma nova experiência. A NASA e SpaceX já estão trabalhando nisso e provavelmente, em menos de 50 anos, os seres humanos vão andar em Marte.

Eu sempre me perguntei como seria descobrir um mundo totalmente diferente, sem vida, cheio de paisagens selvagens e fotografá-lo pela primeira vez, como se eu fosse Ansel Adams. Então, eu criei esse projeto, que é sobre a exploração espacial e descoberta. Mas é também sobre o nosso comportamento na frente das paisagens e como criamos imagens que irão partilhar a nossa história pessoal com o mundo. Em todos os lugares que eu passei, cuidadosamente escolhidos por suas semelhanças com o planeta vermelho, eu imitava poses turísticas estereotipadas. É interessante observar a forma como agimos na frente da câmera, como nos incluímos nas paisagens, como aquelas paisagens provocam o desejo de afirmar a nossa presença. E como a nossa maneira de tirar fotos expõe a vaidade envolvida em nossa busca interminável de auto-definição.

Alguns anos atrás, tirar fotos de paisagens era suficiente. E nós não éramos capazes de compartilhá-las antes de virmos para casa. Hoje nós nos acrescentamos nas imagens. Nossos rostos estão em toda parte. Nós dividimos tudo instantaneamente; sentimos a necessidade de fazê-lo. A conexão é permanente e a experiência torna-se diferente. Com a Internet disponível em toda parte, não há mais nenhum "ser-distante". Então, podemos nos perguntar, vamos viajar para descobrir novos lugares, mudanças de cenários, novas culturas, ou vamos viajar para olhar para fotos de nós mesmos e para provar que nós existimos?

Aguardo comentários,
Julien Mauve
criador do projeto fotográfico

     
 
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