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ESPECIAL: 100 ANOS DO ENDURANCE LIÇÕES DE SHACKLETON #5
 
Trabalho em equipe - 10 passos para obter o melhor de cada um
 
texto: Cleyson Dellcorso
28 de dezembro de 2014 - 10:45
 
 
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  Márcio Bortolusso

Era fevereiro de 1915, o inverno chegou e o Endurance estava definitivamente aprisionado no gelo sem que a tripulação pudesse chegar ao continente, talvez, se tudo desse certo somente após longos 6 meses. Neste momento Shackleton revelou um de seus lampejos de verdadeira grandeza. Não esbravejou e nem externou o menor sinal de decepção. Disse apenas à toda tripulação que teriam que passar o inverno no banco de gelo e explicou detalhadamente os perigos e as consequências disto.

Em momento algum perdeu o otimismo, apenas preparou-se para o inverno.

Todo trabalho de formação da equipe e os treinamentos feitos não teriam mais utilidade. Nada poderiam fazer, apenas esperar. Shackleton trabalhou para manter a rotina e estrutura estabelecida e combater o desapontamento dos homens buscando que uma sensação de segurança ficasse no ar. Conversou com cada um para certificar-se que todos teriam forças para suportar a prova que tinham pela frente. Pelo que percebeu nestas conversas criou um plano de tratamento e abordagem individual.

Nesta série de discussões sobre o estilo de liderar de Ernest Shackleton vamos analisar hoje como ele buscou, em situações adversas, obter o melhor de cada um.

Antes de tudo deu atenção igual a todos os homens com muito calor humano.

Os diários recuperados dos membros da tripulação revelam uma espantosa despreocupação com o fato de estarem presos no gelo. Em vez de escrever sobre isto, escreviam sobre o tempo, sobre os livros que estavam lendo e as competições esportivas e culturais que foram programadas.

Shackleton não insistia na uniformidade. Respeitava as individualidades e permitia que cada um desse ao seu espaço o que sua personalidade pedia.

Analisando este período da expedição ficou visível a importância que a qualidade de vida era um fator inegociável pelo “Chefe”. As condições eram difíceis, mas foram estabelecidas novas medidas de segurança e criadas competições esportivas, artísticas e culturais para que a tripulação tivesse a manutenção do preparo físico e equilíbrio mental.

Um artificio implantado por Shackleton para motivar ao trabalho naquelas circunstâncias foi conscientizar da importância de cada atividade para a expedição e para o grupo e em seguida atribuiu responsabilidades básicas aos encarregados de cada função. Transformou cada tarefa em uma fonte de orgulho estimulando a competição e para que alcançasse os objetivos combinou os tipos de personalidade com os respectivos trabalhos.

Shackleton dava feedback a todos e sempre elogiava seus esforços e corrigia os erros que ocasionalmente ocorriam. Costumava dizer: Em épocas turbulentas é a maneira certa que conta.

Em meu trabalho de Coaching / Mentoring de Liderança, costumo seguir estes passos aprendidos com Shackleton:

1. Crie um ambiente de trabalho confortável para que tenham prazer em passar longos períodos naquele espaço. Deixe que cada um contribua com suas preferências pessoais.

2. Não economize em ações que promovam o bem estar da equipe. Mentes e corpos saudáveis são fundamentais para um bom desempenho.

3. Combine a pessoa com a função exercida.

4. Dê sempre feedback, não espere muito tempo para dar este retorno.

5. Comemore e recompense cada resultado alcançado, em grupo e individualmente.

6. Observe se todos se sentem desafiados em suas atividades.

7. Faça com que todos saibam qual a sua contribuição para o resultado final.

8. Tenha como uma de suas prioridades a manutenção do componente humano além do aspecto profissional. Conheça muito bem cada membro da sua equipe.

9. Não se esqueça das datas importantes e dos aniversários de cada um.

10. Conheça os pontos fortes e fracos de cada membro da equipe, seja tolerante (e desenvolva) os pontos fracos, seja exigente com os pontos fortes.

 

Utilizo estas sugestões em programas de desenvolvimento gerencial e Coaching de Liderança com resultados bastante animadores. O uso, sob a forma de storytelling, do que aprendi com esta expedição tem sido bastante interessante em atividades motivacionais.

A expedição ao Polo Sul de Ernest Shackleton ainda pode nos ensinar muito, mesmo tendo se passado um século de seu acontecimento.


Cleyson Dellcorso tem formação em engenharia e filosofia, possui MBA pela UCLA (EUA), com foco em gestão de pessoas, é especialista em liderança pelo Haggai Advanced Leadership Institute (Singapura) e instrutor do mesmo instituto. É professor de liderança e motivação no curso de pós-graduação em gestão de projetos (PMI) do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada do grupo IBMEC.



 
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