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Foto 1 - Bolder (escalada em bloco de rocha) em Tulum, lugar de belas ruínas maias próximo de Playa del Carmen. A cidade de Tulum é a base para os mergulhos nos cenotes e oferece opções mais econômicas para os turista.
Foto 2 - Apareço mergulhando na entrada do Dos Ojos, um cenote amplo com um mergulho de no máximo 10 metros de profundidade.
Foto 3 - Placa na Bad Cave, ramificação do cenote Dos Ojos, o nome dá um certo respeito, as galerias são profundas e passamos por um “entalamento”, se apertando em um lugar bem estreito. Após estas placas de advertência só é permitido a entrada de mergulhadores com curso de mergulho em caverna.
Foto 4 - Próximo a entrada do cenote Kukulcan, é um mergulho mais tenso, chegando até os 18 metros de profundidade, a galeria é complexa, com subidas e descidas, e com alguns lugares bem estreitos..
Fotos: www.niclevicz.com.br
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Estimados Amigos,
Em minha última expedição, depois de escalar o Pico Orizaba (5.746m), a maior montanha do México (no dia 30 de dezembro de 2008), fui descansar uns dias na Riviera Maya, antes de voltar para as montanhas.
Escolhi como base a bela cidade de Playa del Carmen (chamada simplesmente de Playa), bem mais tranqüila do que a vizinha Cancun, que está apenas a 60Km. O lugar é sofisticado, hotéis de luxo, gente bonita, um calçadão cheio de lojinhas e excelentes restaurantes, e de noite rola muitas das melhores baladas do mundo (isso é o que eu ouvi dizer!).
Mas eu estava a fim mesmo é de mergulhar, e neste ponto Playa tem uma localização estratégica. No belo mar do Caribe, de águas azul turquesa, se desenvolve a segunda maior cadeia de recifes do mundo (depois da australiana) (tem mais de mil quilômetros de extensão e além da Riviera Maya, se desenvolve pelas costas de Belize, Guatemala e Honduras). Já no continente, na Península de Yucatan, acompanhando a costa, estão os cenotes (cavernas cheias de água cristalina). Como se não bastasse, bem em frente de Playa está a Ilha de Cozumel.
Comecei fazendo os mergulhos no mar ali em frente a Playa, existem inúmeras possibilidades, desde mergulho saindo da praia até naufrágios. Os melhores mergulhos foram em Tortuga e Barracuda, peixinhos multicoloridos não faltaram, algumas tartarugas, tubarõezinhos, polvos e moréias. Nunca tinha percorrido tanta distância em um mergulho, pois ali existe uma forte correnteza, assim que afundamos, fomos carregados por ela, era difícil ficar parado para observar algum peixe ou coral, depois de um tempo percebi que o bom mesmo era deixar ela te levar, mas... assim o peixinho ficava lá para trás!
Quando você for mergulhar na Riviera Maya, provavelmente vai escutar o pessoal do continente falar que o mergulho é melhor do que o de Cozumel, e vice e versa. Bem, agora eu não tenho dúvidas, o mergulho em Cozumel é muito mais bonito. Mas ficar em Playa ainda é a melhor opção, pois dali você pode ira para vários lugares facilmente, como Islas Mujeres, Cancun e Tulum (sem contar as ruínas mayas de Chichen Itzá).
Para ir de Playa a Cozumel é só pegar o ferry, parte a cada meia hora, a partir das 5 da manhã. A travessia demora em média uma hora e o que se vê no desembarque e praticamente uma troca de embarcação, a maioria dos passageiros acaba passando rapidamente para uma das dezenas de barcos de mergulhos que estão ali esperando. O festival de mergulhos espetaculares se repete, eu, particularmente, fiquei impressionado com a Santa Rosa Wall, uma gigantesca parede de recife, que se perde nas profundezas do Mar do Caribe, a visibilidade para lá dos 60 metros, corais, esponjas, peixes enormes, peixes minúsculos, tubarão, arraias... e aquele azul profundo te puxando lá para baixo, é muito lindo! O mergulho também é de correnteza, mas dá para fugir dela quando se entra em alguma caverna ou túnel nos recifes. Fantástico é observar ao longe grupos de outros mergulhadores, tão pequenos comparados ao tamanho da parede e a profundidade do abismo!
Talvez você consiga mergulhar em lugares mais bonitos do que Cozumel ou Playa, isso falando em mar. Mas em nenhum outro lugar do mundo você vai ter o privilégio de mergulhar em tantas cavernas quanto na Riviera Maya, os mergulhos em cenotes são algo fora deste mundo!
Cenotes são cavernas cheias de água cristalina! A península de Yucatan é toda calcaria, em razão da última glaciação, o nível do mar era mais baixo e se formaram as cavernas, quando o mar atingiu o nível atual, as cavernas ficaram cheias de água. É interessante observar que após uns 10 metros de profundidade, atingi-se o nível do mar e em alguns cenotes a água salgada, neste contato entre água doce e salgada acontece um fenômeno chamado de halocline, em razão da diferença de densidade das águas fica tudo turvo, foi o que aconteceu comigo logo no meu primeiro cenote, o de Kukulcan, por longos intermináveis segundos eu via tudo borrado, agora imagine isso na mais completa escuridão, sem poder fugir para a superfície, já que eu estava literalmente dentro de uma caverna! Sai assustado, jamais imaginava (já que eu não tenho o curso de mergulho em caverna) que a operadora de mergulho me deixaria entrar em um lugar como aquele, mas depois fui controlando a minha ansiedade e já no segundo cenote, Chac-Mool, foi pura contemplação.
Outro cenote em que mergulhei foi o Dos Ojos, aonde vai tudo mundo! É legal, muitos dizem que é o mais bonito, mas muita gente, assim a água pode ficar ficar com alguns sedimentos suspensos devido a tanta agitação.
A sensação de mergulhar nos cenotes, já que a água é tão limpa, é de se estar voando dentro de uma caverna! Você pode ir até o topo de gigantescos estalagmites com facilidade! A visibilidade é o limite da potência de sua lanterna, pode superar até os 100 metros! Existem alguns peixinhos próximos das entradas, mas no interior das galerias, onde a escuridão é absoluta, a beleza dos espeleotemas e a transparência da água é o que nos fascina.
Na próxima atualização, vou contar como são as ruínas mayas que conheci.
Forte abraço,
Waldemar Niclevicz
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