WALDEMAR NICLEVICZ
Expedição México e América Central
 
 
Publicado em 20/02/2009 - 10h58 - da redação
 
 
 
Foto 1 - O mais bonito da subida ao Izta é justamente contemplar o imponente Popocatépetl (5.400m – a 2ª maior montanha do México), infelizmente interditado desde 1994, após vários incidentes e até mortes de alpinistas, vitimas dos gases venenosos que constantemente emanam da sua gigantesca cratera. O Popo está tendo erupções explosivas violentas nos últimos anos, deixando a populaçao em constante estado de alerta.
Foto 2 - Meu amigo Hector Ponce de Leon, mexicano que já escalou o Everest três vezes, no início da trilha, com o Izta ao fundo.
Foto 3 - O grupo de ingleses atravessando o glaciar da “pança”, ou barriga do Izta ou “mulher branca” (também chamada de “mulher adormecida”). O cume é justamente o “peito”, para chegar lá a longa escalada começa pelos “pés”.
Foto 4 - A Bandeira do Brasil no alto da 3ª maior montanha do México, 26 de dezembro de 2008.
   
 
 
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Estimados Amigos!

Como prometi, vou começar a dar detalhes da Expedição México e América Central, que fiz no final de dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Vou contar hoje como foi a escalada do Iztaccíhuatl (chamado simplesmente de Izta), a 3ª maior montanha do México, com 5.260m.

O Iztaccíhuatl está a 60Km a sudeste da Cidade do México, é preciso primeiro ir até Amecameca, estas duas cidades já estão a 2.400m de altitude, e, mesmo sabendo que eu estaria em pleno inverno, me surpreendi muito com o frio que estava fazendo, algo em torno de 0ºC durante a noite (isso tanto na capital mexicana como em Amecameca), um verdadeiro contraste com o calor que sempre imagino, ou melhor, imaginava, quanto escutava falar do México.

Em Amecameca encontrei o grupo de doze ingleses que o meu amigo Hector Ponce de Leon (www.hectorponcedeleon.com) iria levar ao Izta, eles já tinham subido o Toluca (4.691m), assim já estavam pré-aclimatados, mas eu não, então tive que optar por outra estratégia.

Saimos todos de Amecameca por uma estrada asfaltada e cheia de curvas, fomos rapidamente ganhando altura por um bonito bosque de pinus, até chegarmos ao Passo de Cortes, onde a estrada é interrompida pelo controle dos guarda parques. O Passo de Cortes está a 3.800m de altitude, e é justamente o colo que separa o Popocatépetl (5.400m) do Izta. Até ali vão centenas de turistas, pricipalmente nos finais de semana. Aqueles que recebem a permissão, podem passar pela cancela rumo a La Joya (3.900m), fim da estrada e início da caminhada rumo ao Izta.

De La Joya acompanhei o grupo até os 4.400m de altitude, onde eles fizeram um acampamento, como eu não estava aclimatado, e recém havia descido do avião dois dias antes, acabei voltando para passar a noite em um refugio a 3.900m. As 2:30 da madrugada parti então dos 3.900m, para alcançar os ingleses justamente cume, 5.260m, às 8:45 da manhã.

A subida ao Izta é uma longa caminhada por pedras e cinzas vulcânicas, a chegada ao cume é a parte mais bonita, devido a presença dos glaciares. Na verdade a chegada ao cume é um sobe e desce por 5 cumes, até o cume principal. Os ingleses usaram os grampões na parte final, mas, com um pouco de cuidado, acabei enfrentando o glaciar sem os grampões, já que optei em ir rápido e leve. Nesse mesmo dia descemos todos até Amecameca. (a maior dificuldade da subida são as pedras soltas, tão incomodas para alguns, que dois ingleses desistiram na metada do caminho).

Na mitologia asteca, Iztaccíhuatl era uma princesa que se apaixonara por Popocatépetl, um dos guerreiros ao serviço do seu pai, o cacique Tlaxcala. Este enviou o seu amante para combater numa guerra em Oaxaca (região situada ao sul do México), prometendo-lhe a mão da sua filha caso ele conseguisse regressar (algo que o pai de Iztaccíhuatl tinha a certeza que não iria acontecer). Assim, algum tempo depois foi dito para Iztaccíhuatl que o seu amor estava morto, tal foi a sua tristeza que ela acabou morrendo. Porém Popocatépetl venceu todas as batalhas e regressou são e salvo, e, ao saber o que havia acontecido, ficou tão triste que também morreu de desgosto. Então os deuses os cobriram de neve e os transformaram em montanhas. Ela transformou-se no Iztaccíhuatl (no dialeto náhuatl “mulher branca”) e ele no Popocatépetl (em náhuatl “montanha que esfumaça”), que faz chover fogo na Terra, devido à raiva cega que dele se apoderou após a perda da sua amada.

Na próxima atualização detalhes e mais fotos da escalada do Pico Orizaba, a maior montanha do México.

Um grande abraço,

Waldemar Niclevicz