Extremos
 
COLUNISTA WALDEMAR NICLEVICZ
 
Investida ao Campo de Gelo Norte, Cerro Arenales
 
Texto: Waldemar Nicleviz
20 de janeiro de 2015 - 19:12
 

Cruzando o Glaciar Arenales. Foto: Waldemar Niclevicz
 
Waldemar Niclevicz

Estamos de volta a Cochrane, sul do Chile, após vivenciar uma incrível e fascinante aventura patagônica! Enfrentamos um ambiente completamente selvagem, natureza em seu estado primitivo, entrando no Campo de Gelo Norte por um caminho que provavelmente jamais havia sido percorrido.

Nosso objetivo era o Cerro Arenales (3.450m), a segunda maior montanha do Campo de Gelo Norte, que havia avistado quando escalamos o Cerro San Valentin (4.058m, a maior montanha da Patagônia, em 2004) – o San Valentin está no extremo norte do Campo de Gelo, o Arenales no extremo Sul, porém suas ascensões se resumem a cerca de quatro, a ultima provavelmente em 1970.

O tempo nos castigou desde o início, a chuva gelada nos acompanhou pelo Vale do Rio Colônia, e na travessia dos 8 km do Lago Colônia. Do outro lado estávamos longe de qualquer vestígio da civilização e equipamentos como telefone por satélite, Personal Locator Beacon e GPS são itens obrigatórios pelo Governo Chileno, essenciais para um resgate em caso de emergência.

Com o peruano Edwin Sotelo e o também paranaense Ermínio Gianatti, entramos então no Glaciar Colônia, e logo no Glaciar Arenales. Infinitas gretas ao nosso redor, 67 km percorridos em 5 dias, até nosso acampamento alto situado a 2.700m, aos pés do cume do Arenales, que se apresentava completamente acessível, as dificuldades já haviam sido ultrapassadas, não mais do que três horas de escalada nos separavam. Então nuvens escuras começaram a chegar rapidamente do sul e do oeste, começou a nevar e a chover ao mesmo tempo, vento forte. Aguentamos 2 noites e descemos, pois a previsão era de ainda mais neve e vento. Foi uma pena, pois quando deixamos para trás um caos de profundas fendas e rachaduras no gelo, trecho praticamente intransponível, o sol começou a aparecer. Ainda choveu forte no próximo dia, mas depois o tempo ficou muito bom, mas já havíamos começado o nosso regresso, mais 67 km de um tortuoso caminho que nos levaria de volta a um lugar seguro.

Valeu a pena! Tudo que é feito com paixão, esforço e dedicação vale a pena! Sinto-me ainda mais maravilhado com a Natureza, e rogo a Deus que experiências como essa sempre voltem a existir em minha vida.

A Patagônia Chilena é mais uma expedição informal (sem patrocínio) do Projeto Mundo Andino, realizada com recursos das palestras que faço para as empresas e com o apoio da Itaipu Binacional, que está custeando parte das despesas.

Nosso próximo desafio é o mítico Cerro San Lorenzo (3.720m), a segunda maior montanha da Patagônia, aguardem novidades!

 


Namastê!

Waldemar Niclevicz
www.niclevicz.com.br