Dia 2 de maio de 2012 - 11h36 - Waldemar desiste do Annapurna devido ao risco de avalanches.
Estimados Amigos,
Hoje já estávamos indo para o acampamento 3, com a esperança de finalizar com êxito a escalada do Annapurna, mas, como aconteceu na tentativa anterior, fomos surpreendidos pelas avalanches, e muitos voltaram para o acampamento-base.
Logo que chegamos aos 6 mil metros de altitude, por volta das 7 horas da manhã, foi possível comprovar o tamanho abasurdo da avalanche que nos havia assustado na noite anterior, ao balançar com força as nossas barracas. Pedaços de gelo, toneladas de neve, exatamente sobre o nosso caminho. E de repente um novo estalo, uma nova avalanche, ficamos paralisados observando aquela força descomunal da natureza, felizmente protegidos por uma grande greta, mas os nervos novamente voltaram a flor da pele.
Ao fundo observávamos o “corredor” por onde teríamos que passar, onde não teríamos nenhuma chance de escapar com vida se uma outra avalanche daquele tamanho desabasse. Praticamente todos os alpinistas que se encontram agora no Annapurna foram ali se agrupando, mas nenhum teve a coragem de continuar avançando, quem não desceu para o acampamento-base, acabou voltando para o acampamento 2.
Infelizmente, a temporada que no início parecia seca e estável, acabou se tornando uma primavera com abundantes nevadas e muito vento, o que aumenta, e muito, o risco de se escalar o Annapurna, devido as constantes avalanches. Não existe uma rota segura, até mesmo a “rota alemã” (mais segura que a original “francesa”) possui um trecho onde nos tornamos totalmente vulneráveis as avalanches: “o corredor”.
É muito fácil compreender porque a maioria dos alpinistas que desejam escalar todos os 14 Oito Mil deixam o Annapurna por último, e agora compreendo melhor as estatísticas que o apontam como o Oito Mil mais perigoso, com um índice de fatalidade de 33,51% (quantidade de alpinistas mortos em proporção à quantidade de cumes registrados).
Até que ponto vale arriscar? Transformar uma escalada numa roleta russa? Cada um tem a sua resposta. Para mim essa não é a temporada adequada. Eu estou voltando para o meu Amado Brasil.
Namastê!
Waldemar Niclevicz
Dia 2 de maio de 2012 - 6h27 - Waldemar Niclevicz e equipe decidiram desistir do segundo ataque ao cume após terem encontrado muita neve entre o trecho do acampamento 2 para o 3. Os alpinistas já estão de volta ao acampamento base, onde devem avaliar uma nova data para uma terceira tentativa. Alguns montanhistas de outras expedições decidiram abandonar a montanha e já estão a caminho de Katmandu. Realmente esta temporada não está sendo fácil na cordilheira do Himalaia.
Dia 1 de maio de 2012 - 7h10 - Waldemar Niclevicz e equipe, liderada pelo Sherpa Muktu iniciaram a ascensão ao cume do Annapurna, depois de quatro horas de escalada atingiram em segurança o acampamento 1 a 5.100 metros. E depois de mais 4 horas de escalada chegaram ao local onde montaram o Acampamento 2 a 5400 metros, um pouco abaixo do local onde normalmente é o C2, eles farão um pernoite neste acampamento. As previsões metereológicas permanecem positivas e a equipe continua a acreditardo nas primeiras horas da manhã de sexta-feira como o momento ideal para chegar ao cume da montanha nepalesa.
Dia 26 de abril de 2012 - 11h30 - Aguardando uma nova oportunidade!
Estimados Amigos,
Já se passaram sete dias desde nossa primeira tentativa de chegar ao cume do Annapurna, frustrada por uma avalanche que soterrou nosso acampamento 3, situado a 6.500 metros de altitude.
Desde então nevou muito, mas não nos últimos três dias, embora nuvens pesadas rondem nosso acampamento no final da tarde. Isso me leva a crer que uma nova oportunidade está se aproximando, ainda que a previsão seja de ventos fortes para os próximos dias.
Claro que vamos tentar novamente!
Em uma grande expedição como essa, o longo tempo sem um grande êxito, nos deixam um tanto abalados, mas vamos resistindo, sei que em uma semana de sol e sem neve tudo pode mudar, e, quando isso acontecer, tenho a certeza que a bandeira do Brasil vai tremular nas alturas do Annapurna.
Existe um tempo em que devemos ter paciência, existe um tempo em que devemos ousar e aproveitar todas as oportunidades, mas nunca devemos desanimar.
Um forte e sincero abraço,
Waldemar Niclevicz
Dia 24 de abril de 2012 - 17h20 - Waldemar Nicleivcz fala sobre Carlos Soria, o montanhista espanhol de 73 anos, chefe da equipe, que junto com ele tenta chegar ao cume do Annapurna.
Dia 23 de abril de 2012 - 8h27 - Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna. Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Veja a sequ�ncia de fotos feitas durante avalanche que pegou a equipe de Waldemar Niclevicz quando desciam do Acampamento 3 para o 2 do Annapurna.Foto: Tun� Findik
Dia 22 de abril de 2012 - 16h46 - Aproveitando uma noite de muita neve, equipe relaxa assistindo um filme em pleno acampamento base do Annapurna.
Dia 20 de abril de 2012 - 11h10 - Avalanches e êxito no Annapurna!
Estimados Amigos!
Hoje seria o dia em que eu havia previsto chegar ao cume do Annapurna, baseado em várias previsões meterológicas, e no planejamento do Dawa e sua equipe.
No dia 16 iniciei esse provável ataque, chegando junto com o Dawa ao acampamento 1 (5.100m), ele e sua equipe continuaram até o acampamento 2 deles, situado a 5.500m. No dia seguinte, Carlos Soria e o Tente deixaram o acampamento-base e seguiram até o acampamento a 5.500m, eu fui até o meu acampamento 2, situado um pouco mais acima (5.700m). Dawa, que me havia afirmado 100% que chegaria ao cume, seguiu até os 6.450m, onde passou uma noite difícil, nevou bastante e depois o vento destruiu uma de suas barracas, tiveram que passar a noite sete pessoas em apenas uma barraca.
No dia 18 o tempo continuava animando a todos, com manhã de céu azul, assim todos continuaram subindo. Fomos até os 6.500m onde montamos nosso acampamento 3, a equipe do Dawa, após uma noite mal dormida, progrediu apenas até os 6.600m (verdadeiro local do acampamento 3).
Começou a nevar forte após as 17 horas, e lá pelas 20 horas uma avalanche soterrou nosso acampamento 3. Ainda nevava forte, gritos na escuridão, todos assustados, alguns sem botas sobre a neve, Pasang e Zhangmu, meus dois sherpas, pediam para eu sair da barraca, mas fiquei suportando com as costas a lateral da barraca, super pesada com o peso da neve, e gritava insitentemente para que tirassem o excesso da neve com a pá, assim continuariamos tendo um abrigo para dormir. A barraca dos sherpas do Carlos Soria ficou totalmente sepultada, eles desmontaram a barraca onde estava o Soria e o Tente, remontaram em um lugar melhor, e dormiram os seis apertados.
Na manhã seguinte o Dawa e sua equipe seguiram rumo ao acampamento 4, que deveria ser motado a 7.400m, mas devido ao excesso de neve montaram suas barracas por volta dos 7.000m. Eu, e todos os demais que estavam no acampamento a 6.500m começamos a nos movimentar logo ao amanhecer, depois da noite tumultuada a decisão era unanime, descer para o acampamento-base. Naquela mesma situação ainda estavam um casal de mexicanos, um canadense, um espanhól, uma espanhola e um casal de iranianos.
Carlos Soria, Tente, eu e nossos seis sherpas descemos primeiro, logo antes de chegar no “corredor” tivemos que reequipar a via pois parte das cordas fixas haviam sido levadas por uma avalanche. Depois desse trecho saímos da “parede” e tivemos que abrir caminho até o acampamento 2, incrível a quantidade de neve, fácilmente nos afundávamos até o joelho, em razão da nevada do dia anterior. Continuamos descendo, e em plena “Meseta do Annapurna” (grande platô que existe entre o acampamento 1 e 2, a 5.200m), uma gigantesca avalanche veio descendo em nossa direção, começamos a correr, quando percebi que não ia adiantar, procurei um lugar para me proteger, me atirando no chão atrás de uma pequena elevação, a avalanche me envolveu com força, com as mãos protegi a boca e o nariz e respirei rápido e sem parar, fui sentindo pedaços de neve e gelo me golpearem, aquilo durou uma eternidade, pelo menos mais de um minuto. O “spray” da avalanche foi se dissipando, alguns cortes e arranhões no rosto e nas mãos, todos assutados, mas todos bem. Descemos então para o nosso único e verdadeiro refugio aqui no Annapurna, o acampamento-base. Talvez esse tenha sido o único dia que não nevou desde que chegamos por aqui, o entardecer foi tranquilo, a noite quieta, sem vento.
Hoje a manhã foi daquelas inacreditáveis, abasolutamente nenhuma nuvem, nada de vento. O Annapurna despontava num céu absolutamente azul, e lá nas alturas mais elevadas, o Dawa e sua equipe progrediam rumo ao seu cume. Haviam deixado o acampamento 4 por volta das 20 horas e chegaram no alto dos 8.091m do Annapurna por volta das 10 da manhã, Dawa, seus quatro sherpas, a brasileira Cléo, dois chineses, dois indianos e seus dois sherpas, um total de doze pessoas, todos usando garrafas de oxigênio. Parabéns a todos! Espero que a descida deles seja tranquila e sem contratempos. Detalhes apenas eles poderão nos dizer quando retornarem ao acampamento-base.
Assim é a montanha, sempre impondo a sua grandeza, e assim segue o homem, sempre buscando coragem para enfrentá-la. Uma simples decisão pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso, a vida e a morte. Que Deus continue me dando consciência para tomar as decisões corretas.
Namastê!
Waldemar Niclevicz
Expedição Annapurna tem o apoio da XP Investimentos
Dia 19 de abril de 2012 - 12h12 - Waldemar Niclevicz e equipe foram atingidos por avalanche quando chegavam no Acampamento 1 do Annapurna. Na foto aparece Carlos Soria, 73 anos, após a passagem da avalanche. Ninguém se feriu gravemente, apenas algumas escoriações.
Dia 19 de abril de 2012 - 10h25 - De volta ao acampamento-base!
Estimados Amigos!
Eu, o Tente e o Carlos Soria, acabamos de chegar ao acampamento base (4.200m) depois de uma longa descida desde o acampamento 3 (5.500m).
Infelizmente não foi nessa investida que chegamos ao cume do Annapurna, o vento ainda está muito forte mas o que mais nos preocupa é a quantidade exagerada de neve na montanha.
Por pouco não houve uma tragédia nesses últimos dias devido a avalanche, na noite passada nosso Acampamento 3 quase que foi totalmente executado duas vezes por a avalanches, em nossa descida a pouco mais de três horas quando estávamos chegando ao Acampamento 1 outra avalanche gigantesca nos envolveu, felizmente nada grave apenas alguns arranhões.
Estou bem cansado, amanhã prometo um relato detalhado com lindas fotos.
Namastê!
Waldemar Niclevicz.
Expedição Annapurna tem o apoio da XPInvestimentos.
Dia 19 de abril de 2012 - 6h47 - Devido ao mau tempo a equipe de Waldemar Niclevicz que já estava no Acampamento 3, juntamente com outras expedições, decidiram cancelar o ataque ao cume e voltar para o acampamento base para aguardar uma nova janela. Neste momento eles já estão no Acampamento 1 descansando e logo deve continuar a descida. Em breve mais informações sobre essa decisão.
Dia 18 de abril de 2012 - 18h00 - Waldemar Nicleivcz e equipe já estão no Acampamento 3. Amanhã caso o tempo continue bom devem subir para o Acampamento 4 e fazer a escalada final ao cume no dia 20 de abril.
Dia 17 de abril de 2012 - 10h00 - Ataque final, acampamento 2
Estimados Amigos,
Embora a tarde continue nevando um pouco, já estamos no acampamento 2, rumo às alturas mais elevadas do Annapurna.
Estamos confiantes na previsão do tempo, mas confesso que estou bastante nervoso, pois há muita neve pelo caminho e se nota claramente que o vento ainda está muito forte no cume.
Esperamos que sexta-feira seja o grande dia.
Namastê,
Waldemar Niclevicz
A Expedição Annapurna tem apoio da XP Investimentos.
Dia 16 de abril de 2012 - 10h00 - A esperança de chegar ao cume do Annapurna!
Estimados Amigos,
Hoje inicio a minha primeira tentativa de chegar ao cume do Annapurna. Embora tenha nevado muito nos últimos dias, existe a expectativa de dias melhores esta semana, com alguma possibilidade de ataque ao cume na quinta ou sexta-feira, quando os ventos devem diminuir a sua velocidade de 70 a 80, para 30 ou 40 Km/h.
Será preciso que essa previsão do tempo se confirme, bem como torcer para não encontrar muita neve acumulada nas altitudes superiores, caso contrário as chances de chegar ao cume serão mínimas.
Hoje estou indo para o acampamento 1 (5.100m) com um sherpa que se chama Pasang. Amanhã o Carlos Soria, o Tente e outros cinco sherpas partem com a intenção de nos encontrar já no acampamento 2 (5.700m).
Se as condições estiverem propícias, seguiremos então rumo ao acampamento 3 (6.600m) e/ou 4 (que devemos montar por volta dos 7 mil metros).
Segundo a previsão, o tempo volta a piorar depois desta breve “janela”, por isso estamos um tanto nervosos, mas cheios de esperanças de finalizar a escalada de uma das mais imponentes e míticas montanhas do Himalaia.
Fiz a minha oração, o cheiro forte de incenso me lembra a presença Divina, com fé sigo adiante!
Namastê!
Waldemar Niclevicz
Dia 15 de abril de 2012 - 11h20 - O que fazem os alpinistas quando
estão impedidos de escalar a montanha devido o mau tempo? Comem.
Veja a "alta" (4.000m) gastronomia
no Annapurna.
Dia 12 de abril de 2012 - 17h25 - Companheiros de montanha posam junto com sherpas e a outra expedição que se encontra no Annapurna. Ambas expedições aproveitaram ontem para compartilhar um almoço, no qual comentaram as possibilidades de subir ao cume da montanha.
Dia 11 de abril de 2012 - 10h43 - Nesse momento, 17:24 no Annapurna, 8:39 no Brasil, está nevando. Estou trancado dentro da minha barraca no acampamento base, lá fora escuto vozes dos sherpas, estão correndo atrás de algo que o vento está levando. O barulho do repicar da neve sobre o nylon da barraca vai ficando cada vez mais forte, flocos de neve bem duros que lembram o granizo. Aumento o som para conseguir escutar, e percebo que a música que está tocando é “Astronauta de Mármore” (Nenhum de Nós). Espio lá fora, e sinto um alívio por não estar em algum lugar nas elevadas altitudes do Annapurna. Sigo esperando a voz da montanha me dizer o momento certo para retomar a escalada.
“Vou chorar sem medo, vou lembrar do tempo, de onde eu via o mundo azul.” Astronauta de Mármore - Nenhum de Nós
Dia 10 de abril de 2012 - 16h00 - Veja no detalhe a imagem ampliada de uma bastão de bambu que a equipe coloca para demarcar a trilha. Assim quando há nevascas a trilha aberta pelos alpinistas desaparece, mas os bastões continuam lá, o que ajuda a achar a trilha correta e evitar assim as gretas ocultas pela neve.
Aqui a equipe está cruzando a planície que separa o acampamento 1 e 2 do Annapurna.
Dia 10 de abril de 2012 - 9h05 - Excesso de neve e greta gigantesca acima do acampamento 3 (6.600m), obrigam Dawa e sua equipe a abortarem tentativa de chegar ao cume esta semana, todos os sherpas e alpinistas estão voltando para o base. O Dawa acabou de nos fazer uma visita aqui no acampamento-base, nos mostrou fotos dos trabalhos nas altitude superiores e nos convidou a juntar esforços para um possível ataque ao cume assim que o tempo melhorar. A previsão é de ventos fortes e nevascas até sábado.
Dia 9 de abril de 2012 - 20h40 - No vídeo abaixo a equipe volta ao acampamento base.
Dia 9 de abril de 2012 - 16h40 - Waldemar Nicleivcz e equipe analizam as fotos para ver detalhes por onde passa a rota alemã até o cume (via escolhida pelas duas expedições que se encontram no Annapurna). As fotos foram feitas pela equipe quando estavam próximos do acampamento 3.
Dia 9 de abril de 2012 - 8h55 - Felizes de volta ao acampamento base.
Estimados Amigos,
Depois de passar três noites no Acampamento 1 (5.100m) e duas noites no Acampamento 2 (5.700m), estou de volta ao acampamento-base(4.200m). Procuro relaxar para descrever os detalhes dessa nossa segunda investida ao Annapurna, mas os trovões de mais uma tempestade, que insiste em nos acompanhar em toda tarde, tiram a minha concentração.
É praticamente inacreditável, cada amanhecer revela um céu absolutamente azul, o sol brilha forte em uma manhã praticamente sem vento, o Annapurna parece inofensivo e nos convida a superar as suas encostas. Mas logo após ao meio dia, quase que precisamente às 14 horas, nuvens rapidamente tomam conta do ambiente, começa a nevar, e mais para o final da tarde, trovões rebatem sobre as montanhas me trazendo um grande desconforto. A neve segue a cair até às 18, 20 ou 22 horas. Praticamente todos os dias da última semana foram assim, seja quando estive no acampamento 1, ou no acampamento 2.
Apesar da neve ir se acumulando nas encostas, as manhãs ensolaradas permitiram que os trabalhos tivessem a sua continuidade. Tanto a equipe do Dawa como a nossa, graças a disposição dos sherpas, realizaram grandes progressos, montando definitivamente o acampamento 2 e abrindo caminho rumo ao acampamento 3. A quantidade de neve vai se tornando com o passar dos dias um grande problema, abrir caminho se torna ainda mais cansativo e aumenta o risco das avalanches. Na primeira noite que passei a 5.700m, nevou pelo menos uns 30cm. Parece exagero, mas não é. De noite tive que sair duas vezes para fora da barraca, para remover com a pá o excesso da neve que aos poucos ia aprisionando a barraca.
Depois dessa noite, o acampamento 2 foi definitivamente montado a 5.500m de altitude, local que inicialmente havia sido usado como depósito de equipamentos, acabei sendo o único a montar a barraca a 5.700m, um pouco mais acima, já que o acampamento 3 pretendemos montar a 6.600m. Quando desci do meu acampamento 2 para o acampamento-base, deparei-me com umas dez barracas a 5.500m, uma delas era da brasileira Cléo, que muito precipitadamente pretende fazer o ataque ao cume nos próximos dias, com a ajuda de vários sherpas e de garrafas de oxigênio, ninguém realmente está entendendo o que se está passando com ela. Mesmo assim fiz questão de pedir a ela que se cuidasse.
O Annapurna é uma das montanhas mais difíceis e perigosas do mundo, e merece todo o respeito. Tanto a equipe do Dawa quanto a nossa possuem alpinistas experientes e de renome. A melhor forma de realizar a escalada é unir esforços e traçar uma estratégia em comum, com o intuito de garantir o êxito e minimizar os riscos. É assim que eu e meus amigos espanhóis pretendemos escalar o Annapurna, sem pressa e com a máxima consciênca de nossos atos.
Estamos felizes aqui no acampamento-base, comendo bem graças ao nosso cozinheiro Nati, realizando vários exames que certificam nossa capacidade para enfrentar o ar rarefeito dos 8 mil metros graças ao nosso médico Carlos Martinez. Ainda fazem parte da nossa equipe o Tente Lagunillas, companheiro de cordada do Carlos Soria, o Dani e o Luis (cinegrafistas) e o Nacho (jornalista), que estão fazendo um super trabalho de divulgação da escalada dos 14 Oito Mil pelo Carlos Soria (a página “Yo subo con Carlos Soria” no Facebook já tem mais de 210 mil seguidores!!!).
E feliz estou eu, por ser amigo do Carlos Soria e ter o privilégio de participar da sua equipe! Feliz também estou por contar com a sua torcida! Obrigado! Um homem sem amigos não é nada!
Namastê!
Waldemar Niclevicz
Dia 8 de abril de 2012 - 18h07 - Assista o vídeo abaixo sobre a difícil vida nos acampamentos altos.
Dia 7 de abril de 2012 - 9h10 - Quem será o próximo montanhista a entrar para história das conquistas brasileiras de mais uma montanha acima de 8.000 metros? Confira abaixo o novo infográfico criado pela equipe do Extremos que mostra as primeiras conquistas brasileiras de cada montanha acima dos 8.000 metros.
Veja que ainda faltam 4 montanhas a serem conquistadas pelos brasileiros, Dhaulagiri 8167m, Nanga Parbat 8126m, Annapurna 8091m e Broad Peak 8051m.
Dia 6 de abril de 2012 - 20h12 - Confira abaixo o vídeo da cerimônia Puja que foi realizada no dia 1 de abril com presença de Waldemar Niclevicz.
Dia 6 de abril de 2012 - 15h30 - Hoje, Carlos Soria e parte de sua equipe chegaram ao acampamento 2 (5700m), onde Niclevicz estava desde ontem. Devem dormir hoje lá e amanhã todos descem ao acampamento base.
Dia 5 de abril de 2012 - 10h22 - Primeira noite no acampamento 2 do Annapurna
Estimados Amigos!
Depois de três noites no acampamento 1 (5.100m) e uma ida até os 5.500m, estou agora a 5.700m de altitude no que será o nosso acampamento 2, já que a minha barraca é a única por aqui.
Hoje fui com o Carlos Soria e sua equipe até os 5.500m, final da trilha aberta pela equipe do Dawa, onde alguns de seus clientes dormiram dizendo lá ser o acampamento 2. Bom, cada um escolhe aonde acampar, mas o lugar certo do acampamento 2 é aonde agora eu me encontro, e aonde eu cheguei ao meio dia com meus dois bravos sherpas que logo voltaram para o acampamento 1.
Bem, ficar aqui sozinho dá certo calafrio. Como aconteceu nos últimos dias, começou a nevar forte depois das 14h e agora a barraca está sendo chacoalhada por rachadas de um vento que eu ainda não conhecia aqui no Annapurna. Pena que meu amigo Irivan companheiro de tantas batalhas não pode participar dessa expedição.
São quase 18h. A visibilidade lá fora é mínima, talvez uns 20 metros. Aqui dentro da barraca -4ºC, por enquanto. E ainda não parou de nevar.
Amanhã meus amigos espanhóis devem vir até aqui para passar a noite, depois desço com eles para o acampamento base.
Ainda tem muita escalada pela frente e enquanto o tempo está ruim vamos nos aclimatando ao ar rarefeito.
Vamos com fé, vai dar tudo certo.
Namastê.
Dia 3 de abril de 2012 - 23h15 - Carlos Soria chega ao Acampamento 1, mesmo acampamento que Niclevicz está.
Dia 2 de abril de 2012 - 9h06 - Início da escalada do Annapurna.
Apareço em frente ao Annapurna, rumo ao acampamento 1.
Um dos trechos empinados rumo ao acampamento 1, praticamente todo sobre rocha, apenas com algumas manchas de neve.
Estimados Amigos,
A escalada do Annapurna já está a todo vapor! Já montamos o nosso acampamento 1 (5.100m) e a equipe da Seven Summits já montou o acampamento 2 (5.700m). Os trabalhos estão sendo liderados pelo Dawa, líder da Seven Summits, que pretende seguir o exemplo do seu irmão Mingma, que ano passado acabou se tornando o primeiro Sherpa a completar os 14 Oito Mil.
Todos os demais alpinistas que estão por aqui, fatalmente acabam se beneficiando de toda a competência e trabalho do Dawa e de sua equipe, na próxima investida, ao final dessa semana, ele já pretende ter alcançado a altitude do acampamento 3 (6.500m), isso se o tempo ajudar, já que a previsão é de dias instáveis pela frente.
Nós fomos até o acampamento 1 no sábado, dia 31, seguindo por uma empinada encosta de rocha, onde foram fixados 600 metros de cordas. Lá encontramos a maioria dos membros da outra expedição, clientes do Dawa, que buscavam aprimorar a aclimatação, logo ele apareceu com a sua equipe de onze sherpas, feliz por ter alcançado o acampamento 2 (mais 400 metros de cordas foram fixados).
A temporada parece mais estável que nos anos anteriores, existe pouca neve, e embora no final da tarde as nuvens tragam algum floco de neve, pela manhã os dias estão com sol forte e céu azul. Estamos todos animados!
Minha maior preocupação é a minha aclimatação, espero estar adaptado ao ar rarefeito para aproveitar as investidas ao cume que provavelmente irão acontecer dentro de umas duas semanas, isso se o tempo ajudar.
Nessa segunda, dia 2, estou subindo novamente para o acampamento 1, com a intenção de ficar nas altitudes superiores por 4 ou 5 dias. O Carlos Soria e sua equipe, que já estão previamente aclimatados, vão esperar o tempo melhorar um pouco, logo devem me encontrar por lá.
A partir de agora vamos ter muita ação por aqui, conto com a sua torcida!
Namastê!
Waldemar Niclevicz
Dia 1 de abril de 2012 - 19h25 - Foto da equipe completa após a cerimônia Puja que aconteceu hoje no acampamento base.
Dia 1 de abril de 2012 - 15h07 - Os acampamentos e a trilha até o cume dos 8091m do Annapurna.
Dia 31 de março de 2012 - 8h40 - O acampamento base normalmente é escolhido por estar o mais próximo possível da montanha, um local que seja livre das possíveis avalanches, pois é bem provável que toda expedição dure aproximadamente dois meses.
A expedição em que Waldemar faz parte tem uma boa estrutura, veja abaixo como foi montada: Cozinha, depósito da cozinha, barraca para refeições, barraca de telecomunicação, gerador, ducha, e as barracas dos alpinistas e sherpas. Um "luxo" em meio ao Himalaia.
Na foto abaixo é possível ver Waldemar sentado fora de sua barraca.
Dia 30 de março de 2012 - 9h58 - Estimados Amigos!
Apareço na base do Annapurna, a 4.200 metros de altitude, as barracas mais próximas são da Seven Summits, mais ao longe, ao fundo, nosso acampamento-base.
O Dhaulagiri (8.167m), visto na manhã do nosso segundo dia da caminhada rumo ao Annapurna.
Após uma fantástica caminhada de aproximação, estamos aos pés do Annapurna, uma das mais imponentes e assustadoras montanhas do mundo.
Chegar até aqui não foi fácil, o caminho é bastante exigente, cortando encostas bem inclinadas, beirando ameaçadores precipícios, qualquer descuido poderia ser fatal, principalmente para os carregadores. A dificuldade foi ainda maior em razão de fortes tempestades de granizo terem deixado a trilha difícil de ser encontrada e bem escorregadia. Felizmente enviamos a maior parte da nossa carga até o acampamento-base via helicóptero, caso contrário certamente teríamos sérios problemas com os carregadores.
Chegar ao acampamento-base é sempre um alívio, meses de preparação e a correria da viagem deixa lugar agora para a escalada propriamente dita. A ansiedade continua, pois o Annapurna se ergue imponente sobre nossas barracas, com uma superioridade assustadora, em razão de sua verticalidade e de seus glaciares completamente irregulares, formados por milhares de blocos de gelo desproporcionais, prestes a se lançarem montanha abaixo.
Existe outra expedição aqui no acampamento-base, da agência Seven Summits, formada por 21 alpinistas e 11 sherpas, eles chegaram aqui de helicóptero, três dias antes do que a gente, e seus fortes sherpas já fixaram 600 metros de cordas a caminho do acampamento 1 (5.100m). A brasileira Cléo está com eles, fui até o acampamento deles para conhecê-la mais não a encontrei, provavelmente tinha ido com seus outros colegas ao acampamento 1.
Estamos finalizando a montagem do nosso acampamento-base, e assim que possível também vamos começar a escalada do Annapurna pela sua perigosa face norte. Nossa equipe é animada e competente, o Carlos Soria é uma pessoa sensacional, um exemplo de vida a ser seguido, em razão dos seus 73 jovens anos! Em breve vou contar detalhes dos componentes dessa equipe que carinhosamente estão me acolhendo.
Boa escalada para todos nós!
Forte abraço,
Waldemar Niclevicz
Dia 29 de março de 2012 - 10h45 - Estou no acampamento base do Annapurna, amanhã espero mandar fotos e o relato da nossa caminhada de aproximação.
Dia 27 de março de 2012 - 15h02 - Tempestade de granizo interrompe a caminhada ao Acampamento Base do Annapurna!
Porteadores carregando parte do equipamento para o acampamento base.
Estimados Amigos,
Estamos acampados a 4200m de altitude na metade do caminho rumo ao acampamento base. Hoje fomos obrigados a ficar parados em razão da exagerada quantidade de granizo que caiu ontem, por 5 horas ininterruptas. Este dia de espera para mim foi bastante oportuno, pois assim vou adaptando lentamente meu organismo ao ar rarefeito, uma vez que o Carlos Soria e sua equipe já passaram duas semanas na região do Everest antes do nosso encontro em Kathmandu.
Os nossos dois primeiros dias de caminhada foram de fato raros com tempo bom pela manhã, mas com raios e trovões pela tarde que trouxeram uma grande quantidade de granizo. Hoje nosso acampamento amanheceu coberto por um manto de pelo menos 20 cm de bolinhas de gelo bem duras, e o caminho sem condições de segurança para os nossos carregadores, já que a ida ao acampamento base da face norte do Annapurna atravessa encostas inclinadas, beirando precipícios.
Um grande abraço,
Waldemar Niclevicz
Dia 26 de março de 2012 - 20h00 - Niclevicz já está em Pokara. Confira o vídeo da expedição de Carlos Soria em que ele faz parte. Ele aparece aos 10 segundos do vídeo descendo do avião.
Dia 22 de março de 2012 - 16h16 - A EXPEDIÇÃO ANNAPURNA já começou!
Waldemar e a senhora Elizabeth Hawley, uma jornalista inglesa que mora em Kathmandu desde 1960, e que em 1963 começou a documentar todas as expedições que passam por aqui.
Waldemar com Carlos Soria, espanhol que já escalou 11 dos 14 Oito Mil, e conta hoje com 73 anos!!! Um belo exemplo de que não existe limite de idade para enfrentar grandes desafios.
Queridos Amigos, NAMASTÊ!
Cheiro de incenso no ar, buzinadas, multidão nas ruas! Eis que estou novamente em Kathmandu, após uma longa viagem de 16 mil Km, estou ainda bem “con fuso” (aqui são 8 horas e 45 minutos mais tarde em relação ao Brasil).
Foram 13 meses para chegar até aqui, desde a difícil decisão de voltar aos 14 Oito Mil, depois da escalada do Salto Angel o ano passado. Estava tudo decidido dentro da minha cabeça, e meu coração sentiu todo esse tempo aquele aperto de quem tem a plena consciência das consequências de enfrentar gigantescos e comprometedores desafios.
E após tanto tempo se preparando, felizmente estou novamente no Himalaia, agradeço a XP Investimentos por ter me dado o empurrão necessário, sem essa ajuda tenho a certeza que não estaria de volta ao Himalaia este ano.
Estes dois dias que estive em Kathmandu, foram uma grande correria, e amanhã bem cedo voamos até Pokhara, de onde seguiremos rumo ao acampamento-base do Annapurna, onde esperamos chegar no dia 28 de março.
Agradeço muito ao Carlos Soria pela oportunidade de pegar carona com a sua equipe, dividindo os custos da permissão para a escalada e de toda a logistica até o acampamento-base. Em 2008 aconteceu justamente o contrário, durante a minha expedição ao Makalu.
Ainda tenho que finalizar algumas tarefas, espero em breve poder mandar notícias diretamente das montanhas.
Um forte abraço, NAMASTÊ,
Waldemar Niclevicz
Dia 19 de março de 2012 - 15h19 - Neste momento Waldemar Niclevicz está voando em direção a Kathmandu, capital do Nepal. Ele embarcou ontem as 17h.
14OITOMIL - O novo infográfico mostra 7 campos de informações. Arte: Extremos
Dia 16 de março - 7h45 - Neste domingo, 18, Waldemar Niclevicz parte rumo a expedição ao Annapurna (8091m) e você acompanhará por aqui todas as informações sobre a escalada. Confira ao lado o novo infográfico, agora com 7 campos de informações, o que já era bom, ficou ainda melhor.
Vamos apoiar o alpinista brasileiro com maior número de montanhas acima de 8.000m.
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