Estimados Amigos,
Hoje, e nas próximas atualizações, vou divulgar mais fotos da fantástica expedição que fizemos em fevereiro na Venezuela, quando escalamos o Salto Angel, a maior cachoeira do mundo, com 979 metros de altura.
Veja nas atualizações anteriores - aqui e aqui - como foi essa nossa grande aventura, e nas fotos um pouco da intensa experiência que vivemos em um dos lugares mais lindos do mundo.
Bem, vou contar um pouco de como foi toda a aventura, que começou bem antes da escalada em si do Salto Angel. Fomos primeiro até Caracas, e depois de ônibus até Ciudad Bolivar (12 horas de viagem, rumo ao sudeste da Venezuela). Então pegamos um pequeno avião Cessna 206, ou melhor, três deles, pois éramos em 7 pessoas e mais uns 600 quilos de carga. O vôo foi meio tenso, pois estava tudo nublado, o que impediu que sobrevoássemos o Salto Angel, mas felizmente aterrissamos em segurança numa aldeia indígena que se chama Kamarata.
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Estamos em pleno rio Carrao, onde não tivemos muitos problemas, o rio é grande, tivemos que desembarcar em apenas um dos "rápidos" ou corredeiras, que os pemones chamam de "meru". O visual é lindo, os tepuyes despontam no fundo da paisagem, este da foto se chama Uei-Kapuy. A foto foi feita de "Arenales", um dos vários lugares preparados para acampar na margem dos rios, onde geralmente existe um teto para abrigar-se das chuvas e se penduram redes para passar a noite.
Foto: niclevicz.com.br |
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A porta de entrada oficial do Parque Nacional Canaima, onde se encontra o Salto Angel, é uma bela vila, cheia de confortáveis pousadas, que se chama Canaima, só se chega lá de avião, a pista de pouso é de asfalto e apta para grandes aviões. Existem vôos regulares que vem de Caracas com escalas em Isla Margarita e Los Roques, o resultado é um belo roteiro, acessível e recomendado para qualquer turista, com um pouco de aventura nos tepuyes e depois praias maravilhosas no Caribe.
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A foto mostra a parte baixa do rio Akanan, bem mais larga do que no início, quando os galhos e árvores mergulhadas no rio ofereciam certo perigo. Esse foi o trecho mais difícil do nosso primeiro dia de navegação, as corredeiras eram bem longas numa sucessão de pequenos saltos, onde as águas se afunilam e exigem cuidado para que a curiara não capotasse rio abaixo. Ao fundo aparecem os "amaurai-tepuy" ou "tepuyes irmãos".
Foto: niclevicz.com.br |
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Nossa entrada por Kamarata foi porque desde Canaima é preciso subir o rio Carrao, mas nessa época do ano (dezembro a março) é o período de seca e os rios estão com o nível das águas bem baixas, que podem deixar as corredeiras intransponíveis em alguns lugares. Para ir de Canaima até o Salto Angel é preciso subir o rio Carrao, e depois subir o rio Churun. E desde Kamarata, é preciso descer o rio Akanan, descer o rio Carrao, para então subir o rio Churun.
A aventura, portanto, ficou nessa primeira etapa da viagem, nas emocionantes travessias das corredeiras. Quando era rio abaixo, tudo bem, a gente entrava na água, e ia soltando a "curiara" devagar, mas rio acima a situação era bem pior.
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Já no rio Churun acima, tivemos que descer da curiara e empurrá-la dezenas de vezes, o rio estava muito baixo. Nossa sorte é que havia sol e a água estava com uma temperatura bem agradável. Depois da escalada, este rio deveria estar com uns três metros a mais de água, em razão das chuvas, fomos de Isla Raton até Canaima em apenas 4 horas e meia.
Foto: niclevicz.com.br |
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Nossa "curiara" era uma grande canoa de madeira com 12 metros de comprimento, que pesava cerca de 300Kg. Estávamos embarcados em 11 pessoas, nossa equipe de 7 mais 4 indígenas pemones, que conheciam cada curva e corredeira do rio como a palma da mão. E para completar ainda tínhamos a nossa carga de 600Kg. Ou seja, nossa canoa estava muito pesada, batia nas pedras nas corredeiras e corria o risco de virar em alguma manobra. Mas pelo menos, entrando por Kamarata, tínhamos a certeza de chegar ao Salto Angel, o que nos disseram que já não estava sendo possível desde Canaima, em razão do baixo nível das águas.
Nossa navegação de Kamarata até Isla Raton, lugar de onde se observa o Salto Angel, levou três dias. Veja mais detalhes nas fotos.
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Empurrando rio acima.
Foto: niclevicz.com.br |
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Grande abraço,
Waldemar Niclevicz |