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Mais fotos do Khan Tengri
 

Estimados Amigos,

A Expedição Leopardo das Neves, que fiz com meu amigo Irivan Gustavo Burda, em julho e agosto deste ano, ficou marcada pela escalada do Khan Tengri. Para escalar esta montanha, que é chamada de “Príncipe dos Espíritos”, tivemos que atravessar de ponta a ponta o Quirguistão, um pequeno país da Ásia Central, que antigamente fazia parte da União Soviética. Partimos de Bishkek, a capital situada no lado oeste, e seguimos em direção ao extremo leste, isso em doze horas em uma viagem de carro.

 
 

Do “Acampamento Internacional Karkara”, situado a 2.200m de altitude, bem na fronteira com o Kazaquistão, um helicóptero russo, modelo MI 8, nos levou em um vôo de 40 minutos até o acampamento-base do Khan Tengri, situado a 4.000m de altitude, quase na fronteira com a China. Este vôo foi magnífico, o dia estava lindo, sobrevoamos grande parte do Tien Shan, as “Montanhas Celestiais”, uma das maiores cordilheiras do mundo.

O alpinismo sempre foi um esporte tradicional na antiga União Soviética, a partir da década de 50 campeonatos eram organizados, eram espécies de corridas de aventura em equipe, mas com o objetivo de chegar ao alto das montanhas, algo parecido jamais aconteceu em outra região do mundo.

Na década de 60 as equipes começaram a enfrentar rotas técnicas. E a partir da década de 70 começou a era das “rotas extremas”, as equipes enfrentavam as montanhas no inverno e faziam travessias que muitos pensavam serem impossíveis (como a do Khan Tengri ao Pobeda, sempre pela crista das montanhas).

O ápice do alpinismo soviético foi na década de 80, devido a uma mudança nas regras dos campeonatos. O importante não era apenas percorrer vias difíceis propostas pela organização, mas se deveria, em um tempo determinado (2 ou 3 semanas), escalar o maior número de montanhas, por vias de dificuldade extrema, definidas pelas próprias equipes. Foi nessa época que a busca pelo título de Leopardo das Neves foi mais valorizado (a escalada das 5 montanhas com mais de 7 mil metros da antiga União Soviética), quando menos se esperava, alguém conseguia escalar todas as montanhas em um período de tempo ainda menor, e por rotas ainda mais difíceis.

Veja como pensava Sergey Efimov, um dos mais famosos chefes de equipe da década de 70 e 80: “Para nós os espectadores e os juízes eram um estímulo. Se devêssemos escalar daquele jeito, por si mesmos, penso que nunca faríamos”. “Uma vez, quando decidimos fazer uma escalada por determinada rota, pareceu um absurdo, os juízes perguntaram se aquela proposta não era uma brincadeira.” “Assim, o desejo de fazer melhor do que os outros, de mostrar o nosso valor, que éramos ainda melhores que os mais aguerridos, nos fazia buscar desafios que em um primeiro momento pareciam impossíveis, e por todos impensáveis.”.

Os campeonatos soviéticos aconteciam no Cáucaso (sul da Rússia), mas principalmente no Pamir (Quirquistão e Tadjiquistão) e no Tien Shan (Kazaquistão e Quirguistão).

Com a dissolução da União Soviética, em 1991, os campeonatos deixaram de acontecer. Porém, o Quirguistão continuou proporcionando aos alpinistas todo o estímulo a prática do alpinismo, com a organização dos “acampamentos internacionais” e os vôos de helicópteros até a base das principais montanhas, facilitando em muito o planejamento e a execução das grandes expedições ou até mesmo de um simples turismo.

As agências cuidam de toda a infra-estrutura, fornecem o transporte seja aéreo ou terrestre, alojamento em barracas confortáveis e refeições nos acampamentos-base. Eu e o Irivan não usamos, mas muitos alpinistas ainda contratam o serviço de guia de montanha que também é oferecido. A agência que escolhemos e recomendamos é a Ak-Sai, vale a pena uma visita ao site deles: www.ak-sai.com.

Certamente ainda vou falar um pouco mais sobre o Quirguistão para vocês, pois realmente essa viagem superou as minhas expectativas, além de deixar uma vontade bem grande de realizar uma próxima expedição tanto para o Tien Shan, quanto para o Pamir, a outra grande cordilheira que existe na região,.

Se alguém não acompanhou como foi a Expedição Leopardo das Neves, vale a pena clicar nos links abaixo para se interar do que aconteceu.

E não esqueça, o ano está acabando!

Não deixe para 2010 o que você ainda pode fazer em 2009!

Aproveite a sua vida, ela é uma só!

Um grande abraço,

Waldemar Niclevicz

 
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Alpinista
 
Com 18 anos eu me mudei para a região de Itatiaia, onde morei por três anos. Foi lá que vim a aprender a usar o equipamento técnico, como cordas e mosquetões.

Nesta mesma época, 1985, eu realizei minha primeira grande aventura: uma viagem através da Bolívia e Peru, com o desejo de fazer o Caminho Inca a Machu Picchu. Foi uma viagem decisiva para a minha vida, respirei pela primeira vez o ar rarefeito das altas montanhas, pisei pela primeira vez na neve, apaixonei-me pela cultura e pelo povo andino. Não parei mais de viajar.

Obstinação, paixão e disciplina são as palavras que melhor definem Waldemar Niclevicz, o primeiro brasileiro a escalar o Everest, o K2 e os Sete Cumes do Mundo (a maior montanha de cada um dos continentes).

Também já escalou a Trango Tower (a maior torre de granito do mundo), O El Capitan e o Half Dome, além de 6 das 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros: o Everest (8.848m), o K2 (8.611m), o Cho Oyo (8.201m), o Shisha Pangma (8.046m), o Gasherbrum (8.035m) e o Lhotse (8.501m).

 
 
 

2000
K2 (Paquistão) com 8.611 metros

1997
Carstensz (Nova Guiné) com 4.884 metros

1997
Mc Kynley (Alasca) com 6.194 metros

1996
Vinson (Antártica) com 4.897 metros

1996
Kilimanjaro (Tânzania) com 5.895 metros

1996
Elbrus (Rússia/Geórgia) com 5.642 metros

1995
Everest (Tibet / China) com 8.848 metros

1988
Aconcágua (Argentina) com 6.962 metros