No feriado da independência, entre os dias 7 e 9 de setembro, aconteceu a décima primeira repetição de um evento que cada vez mais alcança ascensão no calendário do montanhismo Brasileiro, o Encontro de Escaladores do Nordeste. Foram mais de 200 inscrições, um recorde de participantes, superando as expectativas da organização.
Esse ano o palco para o XI EENe foi a rocha mais antiga da América do Sul: um granito gnaise de 3,25 bilhões de anos, localizado na Serra Caiada, um pico de escalada alucinante, na região do Agreste Potiguar. O maciço de quase 300 metros de altitude exibe mais de uma centena de vias, entre esportivas, clássicas e boulders.
A convite da organização do encontro, toquei pra lá e acompanhei essa enorme família. Acho que essa palavra define bem o espírito do evento. Amizade, alegria, intimidade, companheirismo. Tudo isso era bem visível, seja na rocha ou fora dela.
Além das escaladas, propriamente ditas, atividades paralelas complementaram a programação, como oficinas e palestras, ministradas por ilustres convidados, como os veteranos cariocas Ralf Cortês, que falou sobre escalada em móvel, Flavio Daflon, sobre auto-resgate e Kika Bradford, num relato emocionante sobre sua escalada no Fitz Roy, em companhia do saudoso Bernardo Collares. O monstrinho Cesar Grosso falou sobre sua experiência em campeonatos, escaladas fora do Brasil e deu alguns betas sobre treinamento e nutrição pra galera presente. Como se isso não fosse suficiente, o camarada ainda encadenou as vias mais difíceis da serra e algumas primeiras ascensões. Destaque para as linhas Estherminadora - 10a (começando pelo boulder Dosage), Ojuara - 9c e o boulder Nem eu, nem Tu, um V10 cinematográfico!
Em nota sobre o evento, em seu blog oficial (cesargrosso.wordpress.com), Cesinha disse que ficou surpreendido com a ótima qualidade da rocha e das vias da Serra, além da calorosa (literalmente) receptividade de todos.
Outro grande prazer nesse encontro foi conferir que o jovem escalador Cauí Vieira, que mora no Recife, está cada vez mais forte. É, sem dúvidas, atualmente o maior escalador do Nordeste. Muito centrado, dedicado, é uma promessa para a escalada nacional.
Segundo Jalon Barbosa, presidente da AERN, a associação de Escaladores do RN, o saldo do encontro foi muito positivo. Ele destaca que mais importante que o grande número de participantes, foi o retorno recebido deles, onde não faltaram elogios, principalmente pelo carinho no planejamento e execução do evento.
LEGADO DO EENE
Ainda de acordo com Jalon, “apesar de a escalada ser um esporte de pouca expressão no Nordeste, nessa última década é nítida a evolução tanto no número de praticantes quanto no nível dos atletas. O Encontro de Escaladores do Nordeste é um dos grandes responsáveis por essa evolução, pois é um evento que promove o esporte, aproxima os escaladores nordestinos e desenvolve os locais de escalada da região. Hoje o EENe é um evento aguardado com grande expectativa por todos os escaladores do Nordeste”.
Ano que vem será a vez da Paraíba sediar o Encontro. E até lá, boas escaladas a todos, muita pressão e KMON!!! |