Cultura ao ar livre
da redação, Texto e Fotos: Tom Alves
22 de janeiro de 2012 - 9:40
 
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Nova Zelândia - Cume do Queenstown Hill. Na linha do horizonte, a estação de ski Coronet Peak.
 
Limites de Queenstown, na ilha sul. Fiordes de Milford Sounds. Setor de escalada The Boneyard
Ciclistas são freqüentes. Alto padrão nas sinalizações. Mount Cook National Park.
Traillers e Motorhomes. Cartas topográficas excelentes. Mount Aspiring National Park.
 

Olá amigos, sou Tom Alves, repórter fotográfico, montanhista e viajante. Com muito prazer aceitei o convite do Elias Luiz, editor do Portal Extremos, para ingressar nesse seleto time de colaboradores. Acredito esse ser um ótimo espaço para prosearmos um pouco sobre as coisas que literalmente me movem: fotografia, viagens, esportes... Enfim, a cultura ao ar livre.

E pra começo de conversa, queria dividir com vocês um pouco do que penso e já percebi viajando por aí. Algo sobre o modo de vida junto à natureza.
Cada vez mais esse conceito tem se difundido por aqui, embora estejamos engatinhando, se nos compararmos a alguns outros países.

Acho que o nosso maior problema se refere ao significado equivocado dado a alguns termos, como aventureiro, mochileiro, viajante. Geralmente rótulos reducionistas e cobertos de preconceito. O que em nosso país é loucura, heroísmo ou programa de jovens inconsequentes, em outros países é esporte, pura e simplesmente. Ou em muitos casos, algo mais amplo: uma busca pela harmonia, pela essência individual, através de experiências únicas e extremas. Contagiante, isso.

Perdi a conta de quantas vezes cruzei em travessias de quatro, cinco dias, com senhores e senhoras com idades para serem meus avós. E essas eram sempre as pessoas mais simpáticas e bem humoradas nas trilhas! Quem já caminhou fora do Brasil entende bem o que estou falando.

Vivi, dois anos atrás, uma primavera inteira na Nova Zelândia. Além das belezas inquestionáveis daquele país, um traço muito interessante dessa sociedade me marcou. Falo do respeito que eles têm e da interpretação que dão à natureza. São extremamente ecológicos, se mostrando muito preocupados com a redução do impacto ambiental em todas as atividades, sobretudo no ecoturismo, base econômica do país. Sabem muito bem o quanto dependemos deste frágil emaranhado de conexões entre os seres do planeta. Existe também uma relação espiritual e de buscas de sensações verdadeiras através do contato com o meio natural. Penso que é uma evolução do conceito turismo de natureza, outdoor, ou turismo de aventura. Os Kiwis, como são chamados - por conta da ave símbolo do país - deveriam ser escola para o mundo, em matéria de respeito e valorização ao planeta.

Então é preciso entender que aventurar-se e viajar na natureza vão bem além de possuir um veículo SUV/adventure, rapelar uma cachoeira ou colar um adesivo dizendo que ama sua cidade radicalmente. Trata-se de superar seus limites e medos, promover autoconfiança, exercitar corpo e mente, desejar o encontro com o novo, trocar experiências e, sobretudo, trata-se de uma ampla transformação do indivíduo. É preciso compreender que todos fazemos parte de uma mesma e universal cadeia de vida.

O que lá fora representa uma cultura já bem enraizada na população, aqui é algo que ainda está sendo lentamente construído. E é nosso papel, amantes da cultura ao ar livre, desmitificarmos essa visão reducionista, tão empobrecedora e incentivarmos esse encontro dos seres humanos com esse mundo fascinante e certamente bem mais natural, literalmente!!

Para finalizar, uma frase que me diz muito:

“A vida junto à natureza me ensinou que felicidade é ter poucas necessidades, velhos amigos e uma respiração profunda, e que a essência do amor está nos bons olhares, nas palavras calmas e na compreensão profunda e silenciosa da vida”.

__ Gary Snyder