Prefácio: Sonhos Azuis
Texto: Thomaz Brandolin
8 de outubro de 2013 - 20:57
 
 
 
 
 

A primeira vez que o Paulo entrou em contato foi no final de 1997. Eu tinha voltado do Polo Norte havia um ano, e a expedição que liderei no Monte Everest ainda estava no imaginário de muita gente. Ele queria saber como se tornar médico de expedição. Estava ávido para integrar algum time que estivesse envolvido em algum projeto grande.

Seu currículo de “aventuras”, extenso e bastante eclético para um rapaz tão jovem, me impressionou. Como conta neste livro, ele já tinha explorado cavernas, viajado para a Amazônia e escalado montanhas, entre outras aventuras com a sua “tribo”. Infelizmente, na época, não tive como ajudá-lo. A não ser com dicas e conselhos.

Só viemos a nos conhecer pessoalmente dali uns 7 anos, quando eu estava conduzindo vários treinamentos vivenciais com equipes de uma grande empresa, na Serra do Cipó, e precisava de um médico local para me acompanhar. Mas não de um qualquer. Eu precisava de um médico que tivesse habilidade (e prazer) em caminhar pela mata com uma mochila nas costas, meter os pés no barro, cruzar rios, e que não tivesse medo de chuva, de vento, de sol forte nem de insetos. O Paulo foi a melhor escolha que eu podia fazer.

Conquistou a todos - a mim, minha equipe e participantes - com seu carisma, profissionalismo e entusiasmo em poder utilizar seus conhecimentos no ambiente outdoor. Mas, o que mais me chamou a atenção foi seu olhar atento e atencioso para cada um dos participantes.

Nessa altura ele já tinha viajado para os demais lugares descritos neste livro.
A vida acabou nos afastando e os contatos se resumiram às redes sociais de “praxe”.

O fato é que, no início deste ano, ele me procurou para que eu escrevesse este prefácio. Eu estava de partida para a Chapada Diamantina, e levei comigo uma cópia do texto impressa no computador. Pensei que seria um bom material de leitura para a minha estadia de 5 dias.

Ledo engano. Antes de descer em Lençóis eu já tinha devorado o livro. Não conseguia “larga-lo”. Fiquei encantado com o jeito simples dele escrever, como se estivesse conversando comigo. Ele conta com humildade e encantamento sobre como tudo começou. Narra suas grandes conquistas, nos conta sobre um Brasil que não conhecemos, compartilha seu amadurecimento e aprendizados com os trabalhos sociais e, também, porque não, algumas frustrações.

Além de ficar com água na boca ao ler o descritivo dos lugares que ele passou, novamente me chamou a atenção seu tato e sensibilidade em lidar com pessoas. Sua visão humanista dos lugares que passou e os personagens que conheceu pelo caminho. A facilidade que ele tem de entender a “alma” e cativar, tanto o caboclo no sertão mineiro, quanto a dona de uma pousada na distante Nova Zelândia - pela pureza de seus atos, e a garra com que busca e propaga seus propósitos.

Terminei o livro morrendo de vontade de “despencar” (termo dele) para as fantásticas cavernas do Peruaçu. Experimentar atravessar pedras de rios com meias e “me perder” nos labirintos do Roraima. Nadar num igarapé amazônico, depois pegar minha bike e me aventurar pelos rincões de Minas, ou da Nova Zelândia. Quem sabe escalar um vulcão no Equador. Mas, essas viagens valerão muito mais à pena se eu tiver o privilégio de “cavernar” com o Chico, papear com o Arturo, ouvir as histórias da D. Bertha, e tomar uma cerveja com a Thula. Ser recebido pelo casal Duston, aprender com o Mestre Sabino e trocar umas ideias com o Toni. E, se a sorte ajudar, encontrar o Jorge Patrício de bom humor e convencê-lo a me levar para desvendar o tal do “lugar secreto”.

Link para compar o livro no Mercado Livre.

Boa “viagem” e leitura a todos.

Thomaz Brandolin