Um paraíso chamado Saint Martin
da redação, Thiago Bahia
23 de dezembro de 2011 - 23:47
 
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A nossa aventura do mês de Dezembro foi no paraíso tropical chamado Saint Martin. Uma ilhota no caribe alí nas redondezas das Ilhas Virgens Britânicas. Saint Martin é mesmo um paraíso na terra. Desde a minha primeira visita em 2005, o lugarzinho marcou tanto que vira e mexe retorno para este paraíso. O carinho pelo local cresce a cada ano, a cada visita. E não só pelas excelentes praias de águas mornas , cristalinas e propícias a prática do meu querido esporte, o kitesurfe, mas a cada visita vou conhecendo um pouquinho mais do que faz desta ilha tão especial. E como não dizer tambem que cada vez vou conhencendo um pouquinho mais sobre eu mesmo. Afinal, uma boa viagem é tambem aquela que nos faz olhar dentro de nós mesmos e refletir um pouquinho sobre o nosso próprio eu.

 
O MAPA
   

Um breve background pra quem nunca ouviu falar de Saint Martin. Bom, a ilha leva esse nome pois Cristovão Colombo à batizou ,quando chegou por lá em 1493 no dia de São Martinho, 11 de Novembro. Há registros que a ilha fora habitada desde o ano de 800 D.C. pelos pacíficos índios Arawaks que mais tarde foram decimados pelos temidos Karibs. Os índios Karibs eram um povo guerrilheiro e especialistas em navegação. Eu gosto de chamá-los de os Vikings da America do Sul. Eles vieram da região onde hoje é o norte do Brasil, Guianas e Venezula. Há estudos que mostram que os Karibs praticavam o canibalismo e aos poucos migraram da America do Sul em seus barquinhos primitivos e dominaram toda a região que hoje em dia leva seu nome, Caribe. Porém eles logo encontraram um povo ainda mais sanguinários que eles e que, em tempo recorde, praticamente os decimaram. Um povo fedido e cheio de roupas, que portavam armas brancas e de fogo. Que chegaram todos pozudos, impondo suas crenças e doutrinas religiosas e trazendo consigo também suas doenças. Não precisa nem dizer de onde esses aí vieram. Afinal, muitos de nós somos descendentes diretos destes.
Os Karibs de hoje: Restam apenas algumas pequenas comunidades etnicamente "karibenhas" que ainda residen no norte do Brasil, Venezuela, Guianas, Belize e nas diversas ilhas da região. Porém é difícil estimar o seu número atual.

Saint Martin desde então passou a ter muitos "donos". Dos espanhóis aos franceses, depois aos holandeses, que passou novamente aos espanhóis, depois aos ingleses, novamente aos franceses, outra vez aos ingleses depois aos holandeses.... e ufa! Foi uma bagunça só. É muita história nesses mais de 500 anos pós Colombo. Finalmente hoje em dia a ilha é civilizadamente dividida entre a França e a Holanda. É a menor ilha do mundo compartilhada entra duas nações. Os holandeses a chamam de Sint Maarten e tem como capital Philipsburg. O lado francês tem como capital a charmosa Marigot. As duas línguas oficiais são claro o Francês e o Holandês porém o inglês é muito usado por todos, bem, quase todos. Sendo uma ilha caribenha, o Crioulo, o Papiamento e o Espanhol também tem sua presença forte na mescla de culturas que compõe os 75 mil habitantes da ilha.

Eu sou suspeito para falar pois sempre fico no lado Francês da ilha. Logo, é minha opinião, talvez um tanto míope, dizer que o lado Francês é bem melhor que o Holandês. Há algo de todo especial em poder cumprimentar as pessoas nas ruas com um elegante bonjour ou bonsoir e poder visitar uma boulangerie cedinho pela manhã em busca de croissants e baguetes recém saídas do forno. É como se tivessem importando o charme de París para essa ilha tropical. Porém o ar esnobe e burguês do Parisiense ficou mesmo lá pela Europa e cedeu lugar ao carisma e a receptividade típica das culturas do caribe com seus sorrisos brancos e dreadlocks na cabeça sempre recebendo os visitantes com uma calorosidade que muito se assemelha à nossa dos brasileiros.
É a primeira vez que visito a ilha no mês de Dezembro. Mês este que inicia o inverno e a alta estação em Saint Martin. Também, é a primeira vez que levei comigo além das tralhas de equipamento de kitesurfe, meu filho de 7 meses o Kai, que teve lá a sua primeira visita ao mar. Apesar se ser inverno, a água continua quentinha e a temperatura ambiente agradabilíssima. Mas notei que minhas praias favoritas para terminar o dia vendo o por do sol agora já não exibiam tal espetáculo. Notei que meus pontos predilétos para o kitesurfe agora recebiam ventos vindos de uma outra direção, não tão ideal para o velejo. Bom, mas bastou uma olhadinha rápida no mapa para identificar outras praias a visitar. Das 37 praias da ilha, eu conhecia apenas algumas, mas dessa vez fui meio que forçado a me aventurar por outros caminhos. E que maravilhosas surpresas vieram com tais visitas. Muitas vezes quando somos forçados a sair da rotina, a fazer algo diferente daquilo que sempre fazemos, acabamos por nos deparar com agradáveis descobertas. Vale resaltar que pela influência Européia, é comum as mulheres fazerem o famoso “top-less”. E tambem há sempre os que vão ainda mais além do “top-less” e optam pela nudez total.
Os moradores locais tem o habito de pedir carona. Recomendo aos que visitam sempre dar carona quando possível. Esta e uma maneira excelente de praticar o seu Francês e conhecer um pouquinho mais a fundo sobre a ilha e seus moradores. E também, é uma maneira de se certificar que você esta no caminho certo ao buscar pela entrada de umas das praias pois o seu 'carona' certamente irá poder indicar a direção correta.

Saint Martin é sem duvida uma ilha internacionalmente famosa. Você já deve ter visto na internet aquela foto de um avião aterrizando quase na cabeça dos banhistas numa praia. Pois é, aquilo não é truque de photoshop não. A única pista do aeroporto Juliana começa numa prainha chamada Maho Beach que já virou atração turística internacional onde as pessoas vão assistir à decolagens e aterrizagens de jumbos 747 bem como a jatinhos privados que chegam trazendo seus ilustres passageiros como Beyonce, Madonna etc. O barzinho nessa praia se chama Sunset Beach Bar. Este foi nomeado o melhor barzinho de praia do mundo pela famosa revista de turismo Travel & Leisure. Apesar de pessoalmente não curtir barzinhos, esse aí vale a pena visitar. Nem que seja rapinho antes de embarcar no seu vôo de volta pra casa. A atmosfera no bar é excelente. Sempre há musica ao vivo, a comida é boazinha e não tão cara e os garçons são bons de papo também. Lá eles tem uma prancha de surfe pendurada onde listam diariamente os horários dos vôos que chegam e saem. Os mais esperados são, claro, os imensos jatos jumbos da Air France ou KLM. Eles tem também um radiozinho lá que dá pra ouvir a conversa entre os pilotos e a torre.
Já outras celebridades como Bill Gates e Paul Allen chegam na ilha em seus iates. Há dias em que é possível contar mais de 50 desses iates milionários na marina da bahia Simpson. Assim todos alinhados e em quantidade, parecem carros populares estacionados no shopping da sua cidade. Ver fotos.
Para uma ilha tão pequenina, é impressionante a fama internacional desta. Como é alta estação, dessa vez eu contei 7 navios cruzeiros desses gigantes das companias como Carnival ou Norwegian ancorados na bahia. Também me impressiona, como é facil escapar dessa leva de turistas com seus shortes jeans, sapato e meia, camisa havaiana florida e cameras no pescoço. Basta alugar um carrinho e ter espirito de aventura para encontrar as praias onde essa leva de branquelos não vai. Algumas destas praias, mesmo na alta estação, se encontram desertas pois para acessá-las você precisa fazer uma trekking por entre uma floresta fechada e sobe e desce por colinas.

Come-se muito bem na ilha. Que está no roteiro de vários pacotes turísticos gastronômicos. Existem excelentes restaurantes franceses que adicionam ao seu menus um toque todo especial caribenho e crioulo. E claro, existem também dezenas de ótimos restaurantes de várias outras etnias. Até comida Tailandesa você encontra por lá. No entanto, com a presença de tantos turistas vindos dos navios cruzeiros, os preços nesses restaurantes mais chiques vão lá pra cima. Você vai achar que está pagando a conta em um restaurante fino em París. E assim como em París, a conta também é cobrada em euros. Porém o dolar é igualmente aceito. Mas os navios cruzeiros não ficam muito tempo na ilha. Geralmente eles passam somente um dia ancorados antes de seguir viagem novamente.

Onde comer mais barato? Nos famosos LOLOS, na cidadezinha de Grand Case. Os Lolos são nada mais que umas barraquinhas nas ruas na beira mar que servem churrasco, peixe frito e lagostas a preços mais em conta. Algo bem simples, porém o charme das cozinheiras, o sabor da comida e o precinho camarada faz da experiência de comer nos Lolos algo indispensável na sua visita a Saint Martin. E ainda há um bonus extra em se comer nos Lolos, a vista de um por do sol maravilhoso.

Quem gosta de esportes aquáticos, Saint Martin é um prato cheio. O mergulho submarino por lá atrai adeptos de todas as partes do mundo. Bem como a pesca esportiva, velejo, surfe, windsurfe, kitesurfe etc..Existem tambem diversas ilhas nos arredores de Saint Martin. Algumas delas habitadas como Anguilla, Saint Bart, Saba, Saint Kitts já outras, totalmente livre de habitantes humanos como Prickly Pear, Pinel, Tintamarre Caye Verte etc.. Desde Saint Martin é possivel pegar um Water Taxi (ou taxi-barco) e visitar todas estas outras ilhas. Mas se você for mais aventureiro, é possivel visitar algumas dessas velejando um pequeno catamaram, de kitesurfe, de SUP (Stand Up Paddle), de caiaque ou até mesmo nadando como as ilhas de Pinel e Caye Verte que estão bem proximo da costa norte da ilha.

A seguir veja o video resumo da minha mais recente experiência em Saint Martin. Dessa vez velejei em um Catamaran até a ilha de Anguilla. Essa ilha pertence ao arquipélago das Ilhas Virgens Britânicas. Em Anguilla, assim como na Inglaterra, você dirige no lado esquerdo da rua. E tenha muito cuidado com os rebanhos de cabras que andam livres por lá. Anguilla possui, segundo varias publicações de turismo, umas das praias mais bonitas de todo o Caribe. Em especial, a que leva o nome de Shoal Bay. A caminho paramos em uma ilha inabitada chamada Tintamarre. Esta faz parte de uma reserva biológica e a quantidade de vida marinha ao seu redor é mesmo de impressionar. Outra ilha inabitada que também visitei desta vez foi a de nome Caye Verte. Já havia velejado ao redor desta ilha praticando kitesurfe mas dessa vez optei por chegar até lá remando em uma prancha de SUP (Stand Up Paddle). Não há muito o que se dizer desta pequenita ilha a não ser que de lá você tem uma vista incrível de Saint Martin especialmente se você sincronizar sua visita no fim da tarde, perto do por sol.
Bom, já escrevi muito e vou ficando por aqui. Se gostar do video, por favor comente.
Um grande abraço e até a próxima aventura.