Fiquei um tempo sem escrever para o Extremos, mesmo acompanhando todos os textos dos outros colunistas. Resolvi voltar a deixar meus relatos, pois percebi que acabo dando várias dicas para amigos e clientes que eu poderia colocar aqui e ajudar outras pessoas que possuem as mesmas dúvidas.
Hoje vim falar sobre o Trekking ao Campo Base do Everest, uma das caminhadas mais desejadas do mundo para os que buscam aventura e cultura. Everest para os ocidentais, Sagarmatha, a deusa mãe da Terra, para os nepaleses ou Qomolongma para os tibetanos; a mais alta montanha da Terra.
O trekking tem início em Lukla, um vilarejo a 2.800m onde se localiza o Tenzing Hillary Airport. Este com apenas 520m de comprimento e 20m de largura é base para um dos voos mais perigosos do mundo...e é aí que começa a aventura! São apenas 30 minutos de voo, mas voar em meio ao Himalaia é algo extremamente recompensador.
Em Lukla começamos a caminhada montanha acima, onde o previsto é chegar à base do Everest dentro de 8 ou 9 dias.
Durante esse período a caminhada é longa e passamos por vilarejos encravados em meio ao Himalaia, um mais interessante que o outro. O que torna a aventura mais ‘tranquila’ é o fato de todas as noites serem feitas em lodges de montanha.
São casas com refeitórios, cozinha e vários quartos com duas camas dentro. Bem confortável tendo em vista que estamos na montanha! Dentro das experiências que tive em altitude e caminhadas, este trekking foi realmente o mais confortável.
Além dos quartos e dos possíveis banhos diários, as refeições são diversificadas e todos podem escolher o que comer. Desde sopas até pizza, macarrão...Incrível!
Particularmente me apaixonei por cada vilarejo de forma diferente. Há alguns em que há apenas dois ou três lodges, cercados de montanha com mais de 8.000 metros, e outros como Namche Bazar, uma verdadeira cidade, com lojinhas de equipamentos, pubs, cafés e lodges que mais parecem hotéis!
Tengboche também é um vilarejo a parte, com uma das paisagens mais incríveis que já pude ver. Lá fica o maior monastério do Khumbu. Todas as manhãs os monges tocam seus instrumentos de forma bem delicada chamando a todos para assistirem a cerimônia.
Durante alguns minutos eles recitam mantras em frente a imagens de Buda deixando a energia ainda maior! De frente ao monastério é possível ver o Everest e o Ama Dablam.
Continuando a caminhada, a 4.950m fazemos uma das subidas mais cansativas do trekking com direção à Lobuche. No final desta subida estão erguidos memoriais em homenagem a alpinistas mortos no Everest.
Após alguns dias de aproximadamente 6 horas de caminhadas diárias, chegamos à base. Da base não é possível ver o Everest! Lá o interessante é ver o glaciar do Khumbu e as várias barracas montadas para os escaladores que tentarão chegar ao cume da maior montanha do mundo. Ver toda a preparação deles também é uma experiência bem interessante, já que na base os alpinistas ficarão por dois longos meses.
Particularmente, acho que o objetivo maior deste trekking é o Kala Patar, uma montanha com 5.550m que subimos para contemplar o pôr do sol iluminando o Everest, o Lhotse e o Nuptse. No cume do Kala Patar é possível ver boa parte do Everest, sempre escondido por montanhas próximas!
Resumindo, o trekking a Base do Everest é a viagem dos sonhos para qualquer montanhista, aventureiro, peregrino...afinal, trata-se de uma experiência que envolve cultura, desafio e belíssimas paisagens. Estar no meio do Himalaia, caminhando por horas, ver os monges meditando, as famílias locais...é para se guardar pra sempre na memória!
Lembrando apenas que qualquer pessoa com um bom preparo físico e disposição, é capaz de fazer e aproveitar muito essa caminhada.
Espero ter ajudado, em breve volto para escrever sobre mais viagens!
Namastê
Tainah Fonseca |