Jacarta - Do outro lado do mundo, na terra dos contrastes
da redação, Texto e fotos: Rosier Alexandre
31 de janeiro de 2012 - 11:00
 
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TUC-TUC: Em meio a todo o trânsito, o Tuc-Tuc se destaca.
 
 

Se juntarmos a imensidão e o trânsito de São Paulo, os gigantescos e modernos prédios e os painéis de led de Nova York, os tuc-tuc, o lixo na rua e o trânsito de La Paz, os dialetos, o islamismo e a pobreza da Tanzânia, os vendedores de rua de Cochabamba, isso dá uma Jacarta. É o lugar mais eclético que já vi. As pessoas são alegres, parecem felizes. É uma terra de contrastes, ao lado dos hotéis mais luxuosos do mundo, estão os vendedores de rua vendendo sopa de cabeça de peixe e uma panelada esbranquiçada que parece ter sido apenas escaldada, tem ainda as sopas de pés de galinha.
Ao lado de veículos novos e luxuosos, rodam os tuc-tuc literalmente caindo aos pedaços, remendados com latas recortadas e presas com pedaços de arame. Os tuc-tuc são uma espécie de triciclo que fazem às vezes de táxi, você não consegue andar uma quadra sem ser abordado por um deles, parecem ter um sensor magnético para identificar “estrangeiro”, nem precisa olhar eles já te identificam. O trânsito ora ocorre por avenidas largas e bem sinalizadas, ora por ruas tortuosas e cheias de lixo nas calçadas. Ao lado do McDonald’s, Pizza Hut e Burger King, existe um batalhão de pequenas barracas vendendo comidas típicas locais, onde as pessoas transitam movidas ao cheiro de peixe azedo e compram comida que é despejada em papel de embrulho e saem comendo e caminhando.
A grande Jacarta tem aproximadamente 20 milhões de habitantes e uma boa amostra do mundo em que vivemos. De Nova York a Cochabamba, de Gandhi a Bin Laden, do catolicismo ao islamismo, da riqueza a pobreza, passando por as boas uvas italianas e uma infinidade de frutas exóticas de excelente sabor, isso é Jacarta, a capital da Indonésia, uma terra que aguça os sentidos e tudo acontece com maior intensidade.
 
Estou aqui fazem cinco dias e ainda não consegui ajustar o meu fuso horário orgânico, dois dias de vôo e espera em aeroportos e uma diferença de 10 horas no fuso horário deixa qualquer mortal comum avariado, eu ainda estou perdido feito cachorro de mudança, aquele coitado que depois que sobe no caminhão e anda 100 metros não sabe de onde veio nem onde vai parar, eu só tenho a impressão que vim do nível do mar e estou indo para a altitude extrema das grandes montanhas, já que falei tanto de contrastes, eis mais um. Na verdade, depois de um dia de sol e atividade intensa, querendo ou não o organismo entra no novo horário.
 
Eu estou muito tranqüilo, nunca imaginei que ficaria tão a vontade. Os indonésios são felizes e esta sempre foi a minha maior exigência e acredito ter entendido isso há muito tempo, a felicidade está dentro de nós mesmos. Nós não viemos ao mundo para ser empresário, advogado, engenheiro ou escalador de montanhas, viemos para ser felizes e principalmente fazer as pessoas felizes.
 
Apesar das modernidades, dos prédios imensos, os Indonésios comuns que encontramos nas ruas, parecem ainda não terem sido contaminados com o capitalismo selvagem. Até mesmo onde tem seguranças ou policiais, eles te cumprimentam com um sorriso sincero. Apesar da baixa renda, as pessoas são leves, parecem verdadeiramente felizes. A presença de estrangeiros parece ser sinal de alegria. Os garçons, vendedores e recepcionistas também são muito corteses.
 
Apesar de ter gostado de Jacarta, chegou a hora de partir para última etapa, mais 3.500 km de vôo e uma escala na badalada Bali, chegarei a Timica na Província de Irya Jaya na Nova Guiné, onde pegarei mas um vôo de uma hora em um monomotor até Sugapa onde todos as máquinas ficarão para trás e entra em ação a tração “Rosier” que é movida a VONTADE, VISÃO, PLANEJAMENTO, COERÊNCIA, DISCIPLINA, DETERMINAÇÃO e RESULTADOS.
 
Apartir de amanhã começa a minha aproximação do Cartstensz que será feita através de uma caminhada de 5 dias na segunda maior floresta tropical do planeta, em meio a tribos que ainda vivem de modo primitivo, espero que a safra deles este ano tenha sido boa, que estejam todos gordinhos e sem fome. Até o meu retorno, nossa comunicação será mais breve, será via telefone por satélite. Estarei enviando boletins a cada dois dias informando o andamento da expedição.
Quero agradecer a todos pelas centenas de mensagens de incentivo que tenho recebido de amigos conhecidos e outros virtuais do Brasil inteiro, isso é fundamental, afinal a força muscular só é mais um componente, a maior força vem da cabeça, lugar onde tudo começa.
 
Grande abraço e vamos juntos, até o cume!
 
Rosier Alexandre
www.rosier.com.br