Extremos
 
COLUNISTA ROBERTA ABDANUR
 
Reflexões pelas montanhas
 
texto de: Roberta Abdanur
14 de março de 2016 - 16:30
 
Roberta Abdanur
 
  Roberta Abdanur  

Desafios "verticais" ou não junto aos sonhos, impulsionam a vida. Nos dão direção, foco, coragem para arriscar, desafiar o impossível, para se superar. O montanhismo e o alpinismo vem me ensinando muito, e cada desafio tem um elemento de risco, então risco faz parte, li em uma matéria da Lisete Florenzano uma vez onde fala que nós montanhista esperamos muito do que a vida pode nos proporcionar, querendo levar o nosso self ao limite, buscando situações de caos, stress, perigo, desconforto em ambientes extremos - que é exatamente isso mas que também nos presenteia com fortes emoções, aprendizados e sorrisos. Então minha motivação também é a busca pelo desconhecido e assim pelo conhecimento e autoconhecimento. Experiências nos fazem crescer, nos ensinam, do mais remoto vale às mais altas montanhas do Himalaias, do vulcão mais ativo aos mais gelados glaciares. Tantas pessoas e tribos incríveis que tive oportunidade de conhecer pelo mundo das montanhas. Sherpas, Ladakhis, Quechua, Atacameños, Bantu. Enfim, tantos que tive uma conexão única, que me ensinaram tanto que hoje fazem parte do que sou.

Na montanha todos devem se respeitar, sendo vegana e mulher eu sempre me senti respeitada, e sou muito grata por isso. Muitas pessoas questionam sobre as mulheres alpinistas, e hoje há mais igualdade graças às muitas mulheres que ao longo dos séculos têm desafiado os preconceitos sobre a incapacidade de ir para as montanhas, por razões físicas e mentais, mostrando que isso não existe, nunca existiu e nos permitiu a descobrir que, na realidade, as mulheres e as montanhas têm uma relação especial, precisamente devido à nossa força de vontade.

Quanto ao veganismo? Tem coisa mais linda que ver como os Sherpas preparam com carinho meus legumes e meu chapati? E hoje o que mais tem são opções de snacks para levar, tanto liofilizado de vegetais. E sim sempre me mantém super bem.

Voltando ao meu sonho mais vertical: O Everest. (Chomolungma - A Deusa Mae do Universo) e para mim não é apenas a montanha mais alta do mundo para chegar ao cume, é uma metáfora para a vida, na realidade é a soma das expectativas, projetos de vida, ideais e utopia. Não é apenas um ponto físico, o topo, mas é o significado de por que vale a pena olhar para ela e chegar até lá. Em qualquer idade, em todos os cantos deste planeta temos o nosso Everest (nossos sonhos), e para alcançar é preciso de ter muita força de vontade, entusiasmo, disciplina, humildade, gratidão e respeito que nos permitem viver o caminho entre o nosso "acampamento base ao cume" que criamos. E isso não se compra, não se aprende na escola... Se busca, cria e treina.

Namastê
Roberta Abdanur

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