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COLUNISTA RAFAEL DUARTE
 
Expedição Abrolhos, Terra e Mar
EXPEDIÇÃO E FOTOLIVRO VÃO REVELAR ABROLHOS POR MAR E TERRA PELA EQUIPE DA MIRAMUNDOS
 
 
 
Vídeo da expedição Abrolhos, Terra e Mar.
 
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20.06.2016 - 10:25

O aprendizado que trazemos de viagens de aventura

Cada um constrói diferentes aprendizados de uma jornada. Viagens tem um poder transformador sobre as pessoas que estão dispostas a se abrir para o inesperado e aprender. Numa tão intensa como a nossa, são muitos dias juntos com rotina que extrapola o sol a sol. Um Big Brother em forma de road trip. Tudo poderia dar errado se não fosse uma equipe coesa, com espírito esportivo, amizade forte, com objetivos comuns e com a missão de tirar da experiência e do trabalho o melhor possível. No caminho, uma escola invisível que nos faz crescer a cada quilômetro rodado.

Costumo destacar nos meus posts o quanto de altruísmo, sensibilidade, desapego e espírito de união aprendemos com nossas jornadas, que nos ensinam, enquanto desempenhamos nossas funções profissionais, verdadeiras lições de vida. A estrada nos mostra o valor das pequenas coisas e o contato com a natureza nos revela cada vez mais a urgência de conservarmos os bens naturais do planeta. Enquanto suamos a camisa e jogamos na corrente sanguínea doses de endorfina, nossa mente entra num módulo bem específico, que comprovamos que gera bons frutos em produtividade. Em cada conversa com pessoas que conhecemos, uma troca de experiências e energias. Mas dentro de um mesmo grupo, cada um faz a sua própria viagem interna. Neste post nosso time revela um pouco do que foi mais marcante desta jornada para cada um.

 
Arrumação matinal do carro. Foto: Flavio Forner
 

“Foi uma grande experiência. Me marcou muito a luta pela proteção proteção das reservas florestais e as pessoas responsáveis por tomar conta destas Unidades de Conservação. Foi incrível ver estas áreas verdes existentes que são ilhas em uma região desmatada, onde pedalamos por áreas que ainda abrigam espécies em extinção. É um contraste entre a exuberância do que ainda há preservado, com a magnitude da área que já foi devastada ao logos dos anos. Foi muito especial encontrar com pessoas que vivem nestas áreas e que nos lembram do sentido real da vida, do que realmente precisamos para viver. O quanto que é importante cuidar deste ambiente do qual fazemos parte e de conscientizar as pessoas pela conservação. Neste momento caótico, estas pessoas nos mostram o que é ser brasileiro de verdade”

Jaime Portas Vilaseca

 
Flavio Forner. Foto: Rafael Duarte
 

“Toda viagem é um exercício de paciência com o tempo, com as boas fotos que não chegam, com as noites mal dormidas com o trabalho forte durante o dia. Os amigos são as coisas mais importantes que temos durante uma expedição. Você sabe que tem que ter paciência com cada um individualmente e ao mesmo tempo defender e estar a qualquer hora à disposição do outro. É uma equipe e no fim a minha maior preocupação é com a segurança. Penso se todos estão bem e felizes. Se isso estiver controlado, tudo dá certo. Fiquei muito feliz também em conhecer mais brasileiros com seus relatos muitas vezes impactantes como o caso do João Barba, um homem que transparece a vontade de defender a natureza. Grandes amigos, grandes momentos e isso é que foi a coisa mais rica de tudo. As fotos vieram nas horas certas”

Flavio Forner

 
Pedro Serra. Foto: Rafael Duarte
 

“A expedição pela região dos Abrolhos me fez valorizar ainda mais o trabalho de todos que lutam pela conservação da natureza: funcionários de áreas de conservação, de reservas particulares, voluntários de ONGs, pescadores e afins. Gente que dedica uma vida a preservar nossas reservas para as gerações futuras apesar da falta de verba, ameaças, condições precárias e do preço que esse trabalho muitas vezes cobra em suas vidas pessoais”

Pedro Serra

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09.06.2016 - 12:35

Expedição é concluída e equipe já começa produção de fotolivro

Depois de um mês na estrada, terminamos com sucesso nossa expedição “Abrolhos – Terra e Mar”, esta empreitada fotográfica, jornalística e multiesportiva que acabamos de realizar para a produção de imagens para o primeiro fotolivro que abrangerá toda a Região dos Abrolhos. Foi incrível! Durante as próximas semanas publicaremos mais novidades, reportagens e imagens da expedição que não tivemos tempo de colocar no ar.

Durante nossa longa empreitada, nós percorremos 4650km de carro, 500km de barco, 200km de bike, caminhamos 150km, remamos 40km pelos rios e estuários para criar imagens por regiões de 14 cidades que cruzamos nos 300km de costa dos Abrolhos. Foi bem cansativo, mas a satisfação pelo dever cumprido vale cada gota de suor derramada. Já estamos com saudade daquela rotina louca, mas estamos otimistas com o trabalho que temos pela frente também.

Se toda jornada de sucesso só termina quando chegamos sãos e salvos em casa, é assim que nos sentimos. Vimos, vivemos e documentamos as belezas naturais, as tradições das comunidades, observamos práticas sustentáveis, investigamos o estado de conservações de nossos oceanos e florestas, a geografia e a cultura deste pedaço encantador do Brasil que merece ter todos seus patrimônios naturais e históricos devidamente preservados.

O fotolivro será tem previsão de ser publicado em novembro com patrocínio de Furnas através da lei federal de Incentivo à Cultura.

 
A equipe Miramundos durante a expedição Abrolhos, Terra e Mar.
 
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09.06.2016 - 12:15

Sob o sol da Bahia

O sol abriu e com ele a luz que este paraíso merece. Com a trégua do vento sul que trouxe com ele a frente fria, chegou o calor que animou nossos dias e aqueceu nossas imagens. Nos últimos dois dias vivemos jornadas intensas na fronteira entre o Espírito Santo e a Bahia. De Itaúnas (ES) até Nova Viçosa (BA), onde estamos no momento, pedalamos pelas plantações de eucalipto de Mucuri (onde tem o rio que faz a fronteira entre os estados), cruzamos rios, atravessamos fazendas e navegamos por manguezais.

O pedal de Itaúnas a Mucuri não teve grandes desafios técnicos, mas nos exigiu resistência e paciência. As costelas da estrada exigiram punhos fortes por quase 30km. Se a gente piscasse, era chão na certa, pois neste trecho a velocidade média consegue ser de média para alta.

Nesta tarde conhecemos o Tahiti brasileiro – sem a parte das ondas perfeitas, claro. Estamos falando da ilha de Barra Velha, na foz do rio Peruípe - que significa algo como “rio dos tubarões”. Lá vive uma comunidade de aproximadamente 20 famílias que vivem com hábitos simples numa comunidade tradicional e com um incrível potencial turístico, nitidamente sub-explorado. A economia local é baseada na pesca e no comércio de coco. A ilha paradisíaca é toda plana, toda coberta por um coqueiral e casas espaçadas, mantendo a privacidade de cada propriedade, sem cercas, mantendo a integração entre a vizinhança.

Amanhã cedo partiremos rumo a Caravelas, de onde embarcaremos na sexta para nosso primeiro destino da etapa “MAR” desta expedição. Sim, a menina dos olhos: arquipélago do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Com a melhora do tempo, nosso embarque está confirmado.

 
Fim de tarde. Foto: Rafael Duarte
Coqueiros. Foto: Rafael Duarte
Pier. Foto: Rafael Duarte Capoeira. Foto: Flavio Forner
     

25.05.2016 - 17:25

A luta pela pesca sustentável na Reserva Extrativista de Canavieiras

A pesca predatória é uma realidade na costa brasileira. Por ano centenas de toneladas de pescado são desperdiçadas por conta desta prática. Enquanto isso, a comunidade costeira de pescadores artesanais, que trabalham em pequena escala usando técnicas tradicionais, buscam reconhecimento e a proteção dos recursos naturais. É o que observamos na Resex de Canavieiras, onde os avanços desde a criação da reserva em 2006 foram claros, como por exemplo, com a recuperação da população de caranguejos, vítimas de uma grande mortandade em 2004, conforme destacou o chefe da unidade, Javan Lopes, do ICMbio.

“Muita coisa evoluiu, mas ainda temos muitos desafios, como o trabalho de convencimento da elite econômica de Canavieiras, que não é a favor da reserva. Já a população que depende dos recursos naturais para sobreviver sabe da importância da Resex e está engajada. Hoje em dia eles sentem orgulho de serem extrativistas. Afinal, eles reivindicaram a reserva, lutaram e lutam por ela”, disse Lopes, ressaltando a relevância da comunidade de pescadores artesanais na cidade.

Metade da área costeira da unidade é composta por manguezais, que ocupam uma área de 7.860 hectares, local onde a procriação dos caranguejos está em franca evolução. Neste contexto, este pescado é um dos primeiros a integrarem o projeto Pesca + Sustentável, da Conservação Internacional, vencedor do prêmio Google de Impacto Social, que está sendo realizado em parceria com algumas Resex brasileiras. A idéia é implementar um sistema digital de rastreamento de pescados capturados de forma sustentável. Desta forma, os consumidores poderão saber que estão comprando produtos que não foram capturados de forma predatória, beneficiando assim as famílias de pescadores artesanais. Como a de João Gonçalves de Santana, o João Barba, presidente da Amex (Associação Mãe dos Pescadores Extrativistas de Canavieiras).

“A comunidade aqui de Campinhos, onde vivemos, é muito unida em prol da Resex. A gente luta muito pela pesca sustentável e acompanha de perto tudo que diz respeito aos nossos direitos e deveres. Trabalhamos principalmente para desenvolver políticas públicas para a nossa classe. Já conquistamos coisas importantes, como por exemplo energia e moradia para muitos pescadores”, ressaltou João Barba, que se divertiu ao receber a visita dos miramundos barbudos.

Sobre o Pesca Mais Sustentável, o projeto está no final de sua primeira fase, com acordos de gestão feitos nas pescarias onde estão trabalhando, na organização da cadeia e no sistema de rastreamento dos pescados que entrará no ar nas próximas semanas. “Teremos as primeiras pescarias funcionando e chegando no mercado no final do mês de junho. Trabalhamos bastante com algumas comunidades, como a de Canavieiras, uma das mais avançadas neste processo. Discutimos com pescadores o acordo de gestão do caranguejo que está em fase final para passar para aprovação do ICMbio com as formas de captura, permitidas, a capacidade de suporte do ambiente, o número de pescadores envolvidos e o número de caranguejos que cada um pode pegar para garantir que o estoque estará em boa condição”, explicou Guilherme Dutra, diretor marinho da Conservação Internacional, responsável atualmente também por monitorar a população de caranguejos na região em parceria com as associações locais.

Além de vermos o trabalho feito em Campinhos, tivemos a chance de conhecer a remota comunidade de Barra Velha, uma das mais antigas de Canavieiras, porém que devido ao seu isolamento, até hoje não possui luz elétrica. Para chegar neste paraíso entre o rio e o mar, é preciso atravessar o carro em uma balsa puxada por um cabo à mão. Força bruta. Lá percebemos que alguns moradores que tinham suas casas cercadas mantinham placas contra a implantação da Resex. A razão deste posicionamento é que eles reivindicam propriedade da área para terem direito de venda. Porém, como as reservas são da União, os moradores locais têm apenas a permissão para moradia, mas não podem negociar suas casas.

 
Carangueijo.
 

22.05.2016 - 22:50

Expedição alcança o extremo norte dos Abrolhos

Chegamos hoje ao nosso ponto mais ao norte da expedição “Abrolhos – Terra e Mar”. Ao atravessarmos o rio Jequitinhonha de Belmonte rumo a Canavieiras, alcançamos esta outra foz que marca o topo da chamada Região dos Abrolhos, que tem seu extremo sul na foz do rio Doce, onde demos início a esta empreitada que já somam 23 dias.

Em Belmonte a equipe teve que se separar novamente e pela última vez. Forner ficou a manhã em Belmonte documentando algumas tradições locais, como a produção do pó de camarão e de redes para tubarão, enquanto Jaime, Pedro e eu atravessamos de voadeira os manguezais do estuário até chegar a Canavieiras, onde exploraremos por dois dias. Nossa manhã começou pela habilidosa travessia de um manguezal ao estilo Tim Burton, belo e misterioso, até chegarmos à praia da areia negra. Os locais garantem que ela possui elementos medicinais. Não hesitamos e já nos pintamos com aquela lama, lembrando o clipe de Maracatu Atômico, um dos mais emblemáticos de Chico Science.

Capoeira.
Capoeira. Capoeira.
     

Em Canavieiras fomos conhecer o trabalho de Almir Glória, um dos últimos pescadores artesanais que dominam a arte da construção de jangadas. Vimos que é uma tradição que tem seus dias contados. Por um lado, a madeira porosa que flutua com facilidade é protegida por lei e não pode ser retirada dos brejos onde é encontrada. Por outro, os jovens locais, com os mais variados atrativos do mundo moderno, aparentemente não mostram mais interesse em aprender este tipo de coisa. “Aprendi com meu avô. Somos poucos atualmente que sabemos produzir as jangadas tradicionais nesta costa que vai até Ilhéus. Tenho uma filha, que sei que não terá interesse de aprender. Mas isso é geral com toda esta juventude que tem atração por outras atividades. Acredito sim que esta tradição está com os seus dias contados”, comentou Almir, morador da Vila de Atalaia, onde há três jangadas usadas para a pesca na arrebentação. “Este tipo de embarcação ganha pela praticidade, podendo entrar e sair do mar com facilidade mais de uma vez por dia, diferente dos barcos que são usados com mais equipamentos e pessoas”, concluiu.

Ao fim da tarde, antes do reencontro com nosso fotógrafo que veio de carro pela estrada, registramos o fim de tarde à beira do rio Pardo. Nesta segunda o dia será intenso com a visita a comunidades tradicionais e projetos sustentáveis por aqui, antes de dar meia-volta e seguir ao sul em direção às nossas casas, parando no caminho durante alguns dias para documentar pontos que estão no nosso roteiro de volta.

Continuem acompanhando nossa reta final por aqui e pelos nossos perfis no Facebook e Instagram.

 
Remando.
Pescadores.
Artesanatos. Artesanatos.
     

19.05.2016 - 20:15

RPPN Veracel - Um jeito visionário de se pensar em conservação

Documentamos hoje uma das reservas mais importantes da Região dos Abrolhos. Além de ser a segunda maior RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) de Mata Atlântica do Brasil, com 6.063 hectares, a Estação Veracel desempenha um papel histórico de promoção da educação ambiental, apoio a pesquisas e estudos de monitoramento da fauna e flora neste bioma. Chegamos de manhã por lá e pedalamos cerca de 20km para mapear a região antes de desbravar as trilhas.

Aberta para visitação com agendamento, a reserva se orgulha de seu programa de educação ambiental que envolve 10 municípios em oficinas de reaproveitamento de materiais, artesanato , capacitação e sensibilização. Nosso anfitrião foi o analista ambiental Gildevânio dos Santos, responsável pela proteção e manutenção da RPPN. Segundo ele, a unidade recebe três visitas semanais de escolas e comunidades. “Nosso objetivo principal é proteger a biodiversidade, mas também monitoramos a caça na reserva, que é ilegal, promovemos palestras e experiências sensoriais nas trilhas e apoiamos muitas pesquisas”, destacou Gil, que recebe cerca de 5 mil visitantes ao ano.

Quando nossa equipe entrou trilha adentro, observamos o contraste de árvores jovens com algumas centenárias pela grossura dos troncos e alturas das copas. Nosso guia esclareceu esta questão. “Durante a década de 90 foi desmatada cerca de 93% da Mata Atlântica no extremo sul da Bahia. Houve um corte seletivo por parte de uma madeireira por muito tempo na área antes de assumirmos. Nossa empresa resolveu criar a RPPN para dar um recado à comunidade de que era preciso preservar. A reserva é perpétua. Hoje a floresta está saudável, com vários indivíduos jovens espalhados”, comentou.

Na proteção da fauna local, destaque para o monitoramento dos Gaviões Reais (Harpia Harpyja), nossas grandes e exuberantes águias que chegam a 3m de envergadura. Eles possuem um viveiro que serve para a reabilitação das aves antes de serem reintroduzidas. “A Estação Veracel tem um papel precioso e visionário na medida em que uma corporação decide proteger legalmente um fragmento florestal em um marco legal ancorado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (lei federal), e implantar a reserva sob um regime de especial de gestão com equipe, estrutura, planejamento e ações não só dentro da reserva, mas para fora, com envolvimento com as comunidades do entorno”, ressaltou Adriano Melo, coordenador de projetos da Conservação Internacional, que desenvolve atualmente um projeto de revisão do plano de manejo da RPPN com ações territoriais integradas com outras áreas vizinhas em uma gestão contemporânea a nível internacional. Outro destaque, segundo ele, será o turismo sustentável, ferramenta que poderá influenciar o desenvolvimento da região.

A boa notícia também está para os observadores de aves. É que eles serão contemplados nesta revisão do plano de manejo, já que a reserva tem um enorme potencial para esta atividade. Chegamos à reta final da expedição. E para resumir um pouco do sentimento da equipe, destaco no post de hoje um trecho de um texto publicado por nosso integrante Pedro Serra.

“Para quem comenta ‘vai trabalhar’ ou ‘queria essa vida’ nas minhas fotos, aqui vai um pequeno resumo da rotina. Até aqui, foram trinta dias sem nenhuma folga, acordando sempre antes das 7h, muitas vezes antes das 6h. Rodando pelo menos três horas de carro por dia, mas com muitos deslocamentos acima de seis horas. Alguns deslocamentos em barcos minúsculos por mais de três horas balançando ao sabor das ondas. Pedalando, andando, remando. Filmando o dia inteiro até acabar o sol... e muitas vezes até depois disso. Lavando a roupa na pia e usando molhada no dia seguinte porque não deu tempo de secar. Todo dia tirando o equipamento do carro e colocando de volta pela manhã. Dormindo cada dia em uma cidade diferente. Dando pulos de alegria quando vai dormir na mesma cidade por mais de um dia e não vai precisar carregar o carro. Fazendo manutenção e limpeza de bike. Sendo comido por mosquitos de todas as espécies e tamanhos. Resolvendo coisas da vida que não para no Rio de Janeiro pelo WhatsApp nos breves espaços de tempo em que há rede de internet e não tem missão. E no final do dia, quando você acha que vai descansar, ainda tem que descarregar e logar todos os cartões de memória de uma câmera principal e quatro GoPros. Isso não é uma reclamação... faço o que amo, adoro essa rotina e não trocaria por nada nesse mundo. Mas não é férias. É trabalho... e duro. Obrigado aos meus companheiros das duas expedições que compartilham desse vício e tornam essa rotina louca mais divertida”.

Valeu, Pedrinho! Amamos o que fazemos!


18.05.2016 - 19:00

Desbravamos a reserva que abriga o primeiro rio catalogado do Brasil

Quando os expedicionários portugueses chegaram ao Brasil, tiveram que começar do zero toda a descrição do território que acabara que ser encontrado por eles. O Rio do Brasil, hoje Rio da Barra, em Trancoso, foi o primeiro a ser catalogado por eles quando iniciaram os trabalhos cartográficos por aqui por volta de 1502. E foi nele que navegamos neste que foi um dos dias mais extremos da nossa expedição. O rio nasce da região do Parque Nacional do Pau-Brasil e seu curso segue por um longo trajeto em uma propriedade privada que virou um tipo de unidade de conservação, denominada RPPN (Reserva Privada do Patrimônio Natural). Este modelo nos mostrou que pode sim ser um formato de sucesso, desde que se cuide de fato da área, como é o caso desta que visitamos. No caso da Rio do Brasil, ela pertence a um proprietário. Mas há casos de reservas coorporativas, que pertencem a empresas.

Chegamos cedo à reserva, onde a equipe de funcionários veio dar a notícia ao gestor operacional da unidade que estava com a gente, Cleiudison Lage, o Peu, que uma jibóia estava descansado em uma árvore próxima à sede após se alimentar de uma ave. Forner e Pedro seguiram a ela, enquanto eu, Jaime e Peu entramos na trilha para fazer aquele que seria o single track mais alucinante da expedição até o momento. Foram cerca de 10km suados, com subidas cabulosas e descidas sensacionais, nos downhills mais extremos da Região dos Abrolhos para nós. Nossas bikes aro 29 deram conta do recado muito bem, superando raízes, tocos e buracos com facilidade. Nos primeiros quilômetros, já avistamos outra serpente. Esta menor, porém altamente venenosa. A coral.

Como a RPPN não está aberta à visitação, tivemos o privilégio de fazer esta visita e ver a beleza incrível e intacta na região. Gameleiras centenárias espalhavam suas raízes pela floresta, provando serem moradores antigos da propriedade. Adriano Melo, coordenador de projetos da Conservação Internacional, ressaltou a importância da unidade para a região. “A RPPN Rio do Brasil contribui para a conservação de fragmentos florestais no entorno do Parque Nacional do Pau-Brasil, funcionando como uma barreira de proteção e área de conexão para outras matas, facilitando o fluxo de flora e fauna”, destacou. Este ponto também foi reforçado por Peu, que nos mostrou a pena de uma Arpia – um tipo de águia de grande porte - jovem encontrada por lá recentemente, o que prova que as aves existentes na RPPN Estação Veracel e no Parque Nacional do Pau-Brasil estão voando e eventualmente se procriando por lá também.

De acordo com Peu, o trabalho na unidade se desenvolve em duas frentes. “Aqui a gente atua tanto no fortalecimento da reserva quanto em projetos socioambientais. É muito gratificante trabalhar na conservação da reserva e na educação ambiental com as comunidades do entorno. Fazemos a capacitação de turismo em base comunitária e o apadrinhamento de 68 crianças das comunidades de Coqueiro e Sapirara com educação ambiental, teatro, inglês, dança e diversas atividades extra-curriculares”, contou o gestor, que também mostrou que é bom no pedal.

Nosso single track terminou no Rio da Barra, onde pegamos os caiaques e remamos durante cerca de uma hora e meia os 4,5km de extensão do curso do rio até sua foz. Chegamos exaustos naquele ambiente paradisíaco onde o vento nordeste soprava forte. Almoçamos uma comida caseira maravilhosa na barraca Rio da Barra e corremos para pegar a luz do fim de tarde no histórico Quadrado de para produzir umas imagens.

Nos despedimos de Trancoso e seguimos viagem rumo ao norte da região dos Abrolhos nesta reta final da expedição. Cada vez em áreas mais urbanas e turísticas, chegamos em Arraial d’Ajuda, onde montamos nossa base de trabalho na Pousada Bem Virá para seguir nesta sexta pela manhã para a RPPN Estação Veracel.

Cobra. Expedição Brolhos, Terra e Mar.
 

17.05.2016 - 12:40

Parques Nacionais de Porto Seguro e seus potenciais para o uso público

A segunda etapa da nossa expedição “Abrolhos – Terra e Mar” está sendo marcada pela exploração das Unidades de Conservação terrestres administradas pelo ICMbio, que nos concedeu permissão para visitar e documentar as unidades. Chegamos aqui em Trancoso para montarmos nossa base por quatro dias na Mata N’ativa, uma pousada que tem tudo a ver com a gente e que foi construída em harmonia com a vegetação original.

Voltamos esgotados do nosso dia no Parque Nacional do Pau-Brasil, unidade que acaba de ter seu plano de manejo aprovado. Ele terá modelo de negócio a servir de exemplo para outras Unidades de Conservação (UC) da Região que serão abertas para uso público futuramente. Entre o público que o parque deseja receber, há um destaque especial para os ciclistas e cadeirantes. Pois além de ter uma área extensa e propícia para o pedal em toda sua extensão, há trilhas adaptadas com acessibilidade. Pedalamos o dia inteiro entre subidas e descidas, algumas bem duras. Na UC está reunida a maior concentração de indivíduos de Pau-Brasil do mundo. Tivemos a chance de conhecer algumas árvores que estão ali por mais de mil anos, assim como algumas mudas jovens que brotaram naturalmente aos pés de seus ancestrais.

Fabio Faraco, chefe da unidade pelo ICMbio, comemora a aprovação do plano de manejo e conta que está trabalhando para a abertura do parque para visitação. “Estamos desenvolvendo em parceria com a Conservação Internacional um plano de negócios para usar no parque as ferramentas mais modernas do ecoturismo. Queremos servir como modelos para outras unidades que formam este corredor verde na região dos Abrolhos e que permitirá que as espécies migrem de um parque para outro”, disse o gestor. Tais Lucilio, assistente de projetos da Conservação Internacional, concorda. “Teremos aqui as melhores práticas do mundo para o uso público da UC. A idéia é fortalecer o parque pensando num trabalho num território mais abrangente, que engloba três parques nacionais, duas RPPNs e uma Revis. Articular com todos os agentes para que projetos como este sejam viabilizados é fundamental”, comentou.

 
Rafael Duarte.

Para o miramundo Jaime, o dia no parque foi uma experiência bem selvagem. “É um lugar que tem muito potencial para quem pedala. Trechos longos, com a possibilidade de alguns single tracks que serão abertos. Algumas descidas e subidas bem técnicas, onde podemos observar a diversidade do terreno. Um lugar selvagem onde se fica muito tempo sem ver ninguém e com contato com os animais do parque, como tatus, cobras, aves e jabutis. Para quem curte caminhar, também será um destino muito interessante. Destaco a trilha das bromélias gigantes. Gostei bastante da experiência”, resumiu Jaime.

Já o dia de chuva na segunda não impediu nossa visita à Revis Rio dos Frades, uma unidade de conservação formada por seis propriedades privadas em um modelo diferente. A área é composta por um mosaico costeiro que inclui restinga e uma mata ciliar. Tiago Leão, chefe da unidade, destacou que os avanços pela preservação da área é lenta. “Queremos desenvolver um plano de manejo. Estamos ainda sem muita estrutura para desenvolver os projetos, mas a idéia é que no futuro as pessoas fossam visitar e com isso ajudar a conscientizar a população pela preservação do local”, disse Tiago, que lida com algumas invasões nas propriedades, uma delas flagrada pela nossa equipe.

Atualmente, a Conservação Internacional está ajudando o refúgio na implantação da atividade de observação de aves, junto com outras áreas protegidas da região. Segundo Adriano Melo, coordenador de projetos da CI-Brasil, a atividade é compatível com os objetivos primários de criação da UC, a proteção de ecossistema de restinga e espécies associadas, raras e endêmicas. Já sobre o Parna do Pau-Brasil, Melo acredita se tratar de um case de sucesso. “Diante do contexto de alta vocação turística de Porto Seguro, condição fundiária bem resolvida e rede de parceiros da região, o parque já é um case. Tem potencial para contribuir para alavancar o ecoturismo, ainda pouco nestas redondezas, e assim ajudar a repartir benefícios sociais, econômicos e ambientais”, destacou.

Na trilha.
Expedição Abrolhos, Terra e Mar Trilha em meio a mata.
     

17.05.2016 - 12:00

Podcast 120 - 17 dias de expedição

 
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16.05.2016 - 20:50

Os encantos e desafios da RESEX do Corumbau

Se por um lado este trecho do Sul da Bahia é conhecido por seu litoral paradisíaco com pequenas vilas e cidades tradicionais e turísticas, nossa equipe se jogou no lado mais esportivo que a natureza local pode oferecer. Saímos da Ponta do Corumbau para Caraíva soprados por um vento sul forte que trouxe com ele uma frente fria que interrompeu nossos planos de conhecer os recifes dos Itacolomis. O mar batia muito e fiquei verde de enjôo na viagem em uma canoa de fibra a motor que foi balançando da foz do Rio Corumbau até a barra do Rio Caraíva, onde fez uma manobra radical para entrar no rio para nosso desembarque. Valeu a experiência do nosso barqueiro Nonga. A vantagem da viagem foi ter registrado o contaste das nuvens negras encobrindo a paisagem esverdeada com a Reserva Extrativista (RESEX) Marinha do Corumbau como pano de fundo em toda a costa.

A RESEX é de extrema importância para a região porque engloba os recifes costeiros e que ajudam a proteger o banco dos Abrolhos. A criação da reserva foi uma vitória histórica para a região, fruto de muita luta pelos direito de uso do território e seus recursos. “Os processos da RESEX e suas formas de organização serviram de modelo para muitas outras, como a de Canavieiras. Ela protege as populações tradicionais garantindo os direitos para os nativos, apesar de toda a especulação mobiliária e exploração do turismo. O conselho gestor é bem participativo e ajuda a compartilhar as vitórias com a população”, informou Renata Pereira, coordenadora de projetos da Conservação Internacional, que ajudou a implementar os projetos de reservas na região dos Abrolhos.

Zé Marreco, pescador local que foi nosso anfitrião em Caraíva, é um líder local atuante. Ele destacou que a implementação da Resex foi fundamental para a comunidade. “Antigamente vinham 150 embarcações de fora pescar aqui dentro, prejudicando não só a vida marinha, mas também impactando na renda dos pescadores tradicionais locais. Nós conquistamos a implementação da Resex e com isso apenas nós, os nativos, podemos comercializar os pescados daqui. Além disso, a área protegida aonde não é permitida a pesca, ainda serve como um imenso berçário onde as espécies se multiplicam e se espalham pela região. Nós observamos que aumentou a quantidade de peixe depois da implantação da reserva”, comemorou Marreco, com quem tivemos a chance de pescar com tarrafa e explorar o rio Caraíva de caiaque e barco.

Caraíva é uma vila charmosa de apenas 500 habitantes, onde não é permitida a circulação de carros e motos. Lá só se anda descalço ou de chinelos pelas ruas de areia. Um charme de cantinho, onde muitas pessoas visitam e acabam ficando. Foi o caso de Hermínia Van Tol, que foi passar férias na vila há 30 anos e acabou se estabelecendo. Foi então que resolveu monar seu negócio, a Pousada Lagoa, onde nos instalamos para uma boa noite de descanso. “As coisas aqui só melhoraram de lá para cá com a chegada do turismo. As pessoas hoje vivem melhor. A qualidade de vida melhorou muito, pois antes as pessoas aqui eram muito pobres. As pessoas que visitam Caraíva tentem a gostar e cuidar do local”, revelou Hermínia, que comentou que a vila se transforma no Réveillon, quando a população flutuante chega a cerca de 5 mil pessoas.

Realmente nossa vontade era de ficar mais. Porém na tarde de sábado tivemos que nos equipar para fazer a travessia de bicicleta pela costa até a praia do espelho. Fazia frio e as primeiras gotas de chuva começaram a cair. Não é o melhor cenário, mas já sabíamos que com chuva este trecho poderia nos gerar uma experiência divertida e solitária. Esperamos a maré baixar para sair, mas ela não baixou tanto quanto desejávamos. O trecho de areia que pedalamos, além de íngreme, era de areia mole e molhada. Foi muito difícil. Tivemos que pedalar num ritmo forte sem parar para as rodas das bikes não afundarem. Além de energia desperdiçada, sair da inércia depois é um pouco complicado. Quando vencemos a faixa de areia, tivemos que buscar uma rota alternativa sobre as falésias. Um temporal começou a cair e descobrimos um single track que nos levaria à praia do Espelho. Foi sensacional! Duro, porém divertido e em meio ao vermelho das falésias e o verde do mar. Sob chuva.

Missão cumprida, seguimos de carro para Trancoso, onde fincaremos nossa base pelos próximos dias para a produção de imagens nas redondezas.

Um pouco sobre nosso pedal em Caraiva, Praia do Espelho. Foto:Pedro Serra
Planejando a próxima missão: explorar a Revis Rio dos Frades, em Trancoso-BA.
Flavio Forner em ação no Parque Nacional do Pau Brasil. Foto: Pedro Serra.
     

13.05.2016 - 10:25

A saga de bike pela costa rumo à Ponta do Corumbau

Já era possível ouvir o barulho do mar do nosso quarto na pousada. Quando o amanhecer chegou, as bicicletas foram as primeiras coisas que preparamos para a jornada do dia, uma das mais desafiadoras e encantadoras da expedição. Pela sinuosa estrada de terra, o trajeto de Cumuruxatiba para a Ponta do Corumbau é de 60km. Optamos pela linha reta costeira, de cerca de 30km pela areia. Não sabíamos se conseguiríamos percorrer todo o trajeto, mas a idéia era aproveitar as horas de maré baixa para fazer a travessia. Jaime e eu fomos pedalando pela areia, cruzando algumas falésias pelas trilhas, enquanto Forner e Pedro nos encontrariam num ponto de encontro que estipulamos previamente, pois não tinha jeito de o carro de apoio manter contato com a gente por pelo menos 15km.

Incrível constatar o quão deserta é esta região da costa brasileira em pleno sul da Bahia. Pelo menos nesta época do ano. Sorte nossa ou apenas acaso, fato é pedalamos por algumas horas sem ver ninguém. As primeiras pessoas que vimos foram um casal que seguiam rumo à linda Barra do Cahy, onde tivemos que cruzar o rio carregando nossas bikes nas costas.

O dia foi sensacional e nos exigiu muita técnica. Não apenas pela parte de equipamentos e logística - pois tivemos que pensar cada detalhe -, mas também para se manter em pé na bike sobre os mais variados terrenos. O prêmio pelo esforço foi nossa chegada mágica à Ponta do Corumbau, um dos lugares mais lindos que conhecemos na vida, numa luz de fim de tarde espetacular. Depois de experimentarmos o tradicional arroz de polvo para o almoço, rodamos pela ponta para documentar a região e conhecer os hábitos da comunidade local. Um cantinho escondido em meio à Reserva Extrativista Marinha do Corumbau.

Amanhã voltaremos para o mar da Região dos Abrolhos. Desta vez ara explorar os recifes Itacolomis e seguir com destino a Caraíva. Um paraíso à parte.

@jaimeportas em pausa no pedal no trecho de praia rumo a Corumbau. Foto: @pedroserra
Pedro Serra preparando a GoPro.

Travessia de bicicleta pelo Rio Cahy. Foto @rafaelduartephotography
     

12.05.2016 - 18:00

Parque do Descobrimento quer abrir para se preservar

Ficamos completamente exaustos, porém realizados com nosso dia intenso no Parque Nacional do Descobrimento, na região terrestre dos Abrolhos. Cruzamos de bike durante todo o dia a área de conservação de 23 mil hectares num percurso de cerca de 30km que começou em Cumuruxatiba e terminou em Itamaraju, de onde partiremos nesta quarta para subir o Monte Pascoal. Acordamos cedo em Cumuru para registrar o amanhecer na praia deste paraíso que pouco mudou em décadas – além do aumento do numero de pousadas que apesar de abundantes, são vazias.

Acordamos cedo para arrumar as coisas e logo depois encontramos Geraldo Pereira, chefe do PARNA do Descobrimento, que nos guiou pessoalmente pelos principais atrativos do parque, na companhia de Albino, um experiente funcionário local. Eles nos receberam com entusiasmo, pois defende a abertura da unidade para visitação pública. “No momento estamos recebendo visitantes apenas com agendamento, mas após a aprovação do plano de manejo a idéia é que o parque seja aberto a toda a população e que isso sirva como ferramenta para a conservação”, explicou o gestor, que tem como desafio atual trabalhar para retirar da área protegida moradores invasores que se instalaram dentro do parque clandestinamente.

Estávamos na expectativa de registrar alguns animais para o nosso trabalho, pois tínhamos a informação de que eles eram vistos com freqüência por lá, principalmente antas, queixadas, aves e até mesmo onças. Nosso primeiro contato com a fauna local foi um Jabuti avistado pelo Jaime. Poderia ter sido confundido facilmente com uma peda no caminho, pois ele cruzava lentamente a estrada quando paramos para fotografar nosso primeiro anfitrião.

O segundo bicho foi mais peçonhento. Uma jararacuçu que estava à beira da estrada centenária descansando no calor. Em poucos minutos já nos sentimos num imersos num lugar selvagem, nitidamente integrados a um ambiente natural e mágico. Seguimos para a lagoa onde procurávamos encontrar as antas que costumam tomar banho e beber água por lá, mas não tivemos sorte. Optamos então por fazer umas trilhas mais fechadas para ver as árvores mais antigas do parque. Foi incrível observar uma mata atlântica (de tabuleiro), distinta daquela que estamos acostumados a ver no Rio de Janeiro.

Para o coordenador de projetos da Conservação Internacional, Adriano Melo, a abertura do parque pode beneciciar a prção terrestre dos Abrolhso em vários aspectos. "Se aberto e se este estímulo for levado adiante, o parque vai cobrir uma lacuna na região com uma área de lazer com este perfil de floresta à disposição da população, um local bom também para pedalar, e então suprir uma demanda da região, além de estimular a economia local", afirmou.

Um dos pontos altos do dia foi nossa subida ao observatório dos guarda-parques, uma torre de cerca de 40m de altura do centro da unidade com uma guarita no topo. Para nossa surpresa, Geraldo nos informou que batizará o observatório com o nome “Miramundos”, em nossa homenagem. Esta novidade nos deixou muito felizes e esperamos que dê certo o plano de abertura do parque para uso público em breve para que toda a população possa usufruir para conservar esta jóia baiana.

Enquanto isso, vamos torcer para que a burocracia ande e que os investimentos necessários para o equipamento do parque sejam feitos o quanto antes.

No arquipélago de Abrolhos.
A caminho do arquipélago de Abrolhos. Mar e trilha.
     

11.05.2016 - 23:00

Monte Pascoal 516 anos após Cabral

Esta é uma das montanhas mais emblemáticas do Brasil. Não por seus 536m de altitude, nem por se destacar em meio à planície das redondezas de Porto Seguro. Reza a lenda que o Monte Pascoal foi o primeiro sinal de terra avistado pela esquadra de Pedro Álvares Cabral nos idos de 1.500. E lá fomos nós hoje para ver a paisagem da perspectiva inversa. Afinal de contas, de lá também se vê o mar ao longe, apesar de estar a quilômetros de distância da costa. “Foi muito especial conhecer um lugar tão presente no imaginário de todos”, comentou Jaime Vilaseca, que subiu caminhando e decidiu descer correndo em tempo recorde: 10 minutos. Um bom treino.

O monte é aberto para visitação em um parque que tem gestão compartilhada entre ICMbio e os indígenas da aldeia Pataxó. E foi com um deles vestido a caráter numa demonstração de resgate cultural que fomos guiados ao cume numa trilha bem acessível para visitantes de todos os níveis, que precisam se preparar contra o calor que é muito forte por lá. Em todo ano, apenas cerca de 1.200 pessoas visitam o parque, que beneficia a associação de guias índios locais que funciona como um modelo de turismo de base comunitária. O que é bem legal. Ao longo dos 1.700m de subida (3.400m no ida e volta), é possível observar a vista de diversos mirantes. A mata lá em cima é quase toda fechada e não tem um cume tradicional descampado, mas sim alguns pontos de observação.

Fábio de Souza, gestor do parque pelo ICMbio, subiu com a gente, na companhia de Adriano Melo, da Conservação Internacional. Ele diz que a unidade precisa ser promovida para que aumente a taxa de visitação. “Aqui temos um potencial muito forte tanto pelo ponto de vista de lazer, quanto histórico. O turismo é uma porta que se abre como oportunidade para minimizar alguns conflitos locais. A sociedade precisa ter conhecer o parque, pois só assim ela poderá se sensibilizar, conhecer, experimentar e protegê-lo. Se a sociedade não participar, correremos o risco de perder esta ilha de mata atlântica em alguns anos”, afirmou Fábio.

Adriano explicou que o Monte Pascoal pode beneficiar a região dos Abrolhos em diversos aspectos. “Este é um lugar que tem identidade de raízes do Brasil com uma biodiversidade fantástica. Implementar parques e ampliar áreas de proteção ajuda a sociedade a repartir benefícios ambientais e sociais, estimular a geração de renda e engajar municípios e comunidades tradicionais. Aqui existe uma grande vocação grande pra isso”, concluiu.

Então fica a nossa dica!

Quem quiser subir o Monte Pascoal, basta agendar a visita pelos números (73) 9939-4018/9915-5418/9814-1696 ou pelos e-mails @pataxodossantos@gmail.com e @tohopataxo@hotmail.com.

 
Vista do topo do Monte Pascoal.
O Monte Pascoal.
indígena da aldeia Pataxó. Equipe Miramundos em trail running no Monte Pascoal.
     

02.05.2016 - 23:30

Entre rios e trilhas do Espírito Santo

O dia hoje foi daqueles que injetam ânimo em todo o time. O cansaço típico do início da viagem, quando ainda estamos nos habituando com o ritmo, veio por conta de muita correria. Passamos a manhã circulando por Conceição da Barra, que é um cidade tranquila e que parece ter muito menos habitantes do que suas ruas largas sugerem. Registramos durante a manhã a vida no porto e no rio que desemboca no mar por um manguezal.

O que chama atenção no local além do ambiente pacato são as contenções de pedra construídas à beira-mar para proteger o centro da cidade. É que devido a uma série de impactos ambientais na região - entre eles o assoreamento de um rio e a mudança na foz de outro – o mar está “comendo” os terrenos da costa. A erosão já destruiu algumas casas e este processo ainda segue.

O vento sudeste soprava frio e decidimos tocar para a Vila de Itaúnas, nosso destino seguinte, onde teríamos uma série de pontos de interesse para documentar. Fomos muito bem recebidos pela equipe do Parque Estadual de Itaúnas, mesmo em meio à correria do combate a um incêndio que afetava a unidade. Um guia nos foi indicado para a tarde agitada que viria pela frente. Começamos numa empreitada de caiaque pelo rio Itaúnas. Enquanto eu, Jaime e Pedro nos surpreendíamos com o show das vitórias régias em meio aos estreitos canais próximos às áreas alagadas do parque, Forner rodava pela vila documentando a vida na comunidade.

Fora da água, pulamos a hora do almoço e vestimos direto os uniformes de pedal para explorar as trilhas e as famosas dunas. Foi sensacional. A restinga se apresentava linda por lá e as dunas, imponentes, deram seu recado. Estávamos na expectativa também de entender o movimento das montanhas de areia que avançam a anos sobre a vila, fruto de outro grave impacto ambiental: o desmatamento. Pensei que fosse ver telhados, restos de construções. Mas tudo que sobrou no sítio arqueológico foram pequenos escombros que afloram da areia.

O prêmio do dia foi o fim do pedal na praia. Testamos e aprovamos nossas bicicletas, aro 29, que estão prontas para avançar rumo ao norte nos próximos trechos litorâneos. “A remada hoje teve um visual lindo, também diferente da adrenalina de ontem. Me senti em um pântano do Vietnã com aquela vegetação diferente do que conhecia. Já o pedal não foi técnico, mas muito divertido. Foi um dia diverso. O que impressionou até o momento foi observar que nas três cidades que passamos pudemos constatar o impacto de ações do homem no meio ambiente, o que contrasta com estes paraísos que sobressaem às mazelas”.

     
Primeiro pedal na praia na Vila de Itaúnas. Lugar especial. Aqui também é Região dos Abrolhos.

Querem saber como dorme um filhote de tartaruga marinha? É assim. Répteis são sensíveis a baixas e altas temperaturas. Obrigado, equipe Tamar! Equipe enfrentando vento e frio aqui em Regência. Próximo destino Guriri.

     

01.05.2016 - 22:30

Em busca da união pelo Rio Doce

Se os ânimos se aqueceram em Regência nos últimos dias, há uma esperança pela união entre todos os envolvidos na questão do desastre da lama no Rio Doce. E segundo João Carlos Thomé (Joca), o coordenador nacional do Projeto Tamar e representante do ICMbio junto às universidades e demais órgãos, o cenário atual pelo menos na foz é de integração apesar de todas as dificuldades. A crise do país impacta diretamente a infraestrutura dos órgãos públicos – agora com recursos escassos - que precisam contornar também impactos sociais. Como por exemplo o embargo da pesca na região que se fez necessária devida à contaminação dos peixes.

Na manhã deste domingo resolvemos remar pelo Rio para explorar a região. O vento sul bateu forte trazendo fio e muita dificuldade para remar em direção ao mar. Não observamos muitos resquícios dos rejeitos da lama, apenas sinais. Porém ficamos impressionados com o assoreamento do rio. Em vários momentos, no meio dele, o caiaque encalhava, apesar de precisar de apenas uma pequena lâmina de água para navegar. Andamos pela cidade e conhecemos alguns dos principais atores que ajudam a administrar esta crise.

“A Bacia do Rio Doce por si já é um desastre. O Rio vêm secando cada vez mais e está em perigo há tempos. Este foi um acidente sem precedentes e que desestruturou todos os trabalhos de diferentes órgãos. Estamos trabalhando desde o dia do acidente, em novembro, com empresas, ONGs, governos e a sociedade civil organizada em um movimento inédito. Orientamos a Samarco pelo ICMbio sobre as ações emergenciais para minimizar o impacto nas áreas mais sensíveis”

comentou Joca, que acompanha o trabalho de pesquisadores envolvidos das universidades para analisar e determinar metodologias para diminuir a discrepância de dados de diferentes fontes.

Hoje o Banco dos Abrolhos é considerada área prioridade para a conservação biológica dos governos federal e dos estados da Bahia e do Espírito Santo. Ainda de acordo com Joca, foram encontrados sedimentos costa da região desde o sul da Bahia até o norte do Rio de Janeiro, mas ainda não se pode fazer afirmações definitivas se há contaminação de espécies no mar. Já no Rio Doce, dados revelaram a presença de grande aporte de metais como ferro, alumínio e manganês, o que resultou no embargo à pesca. Agora, o que as autoridades esperam é um acordo para que a atividade seja interrompida temporariamente ao longo de todo o rio para que se possam fazer os devidos estudos e que os peixes possam recolonizar as partes superiores do Doce, onde foram dizimados. A dificuldade é lidar com o desastre social na comunidade pesqueira, que agora têm que conviver também com alguns oportunistas que alegam ser pescadores para pleitear indevidamente subsídios da Samarco fornecido como medida compensatória aos trabalhadores do setor.

Já para Eric Mazzei, pesquisador Associado ao Laboratório de Ictiologia da UFES, é preciso diversificar a geração de renda atrelada a atividades de conservação da biodiversidade. Ele defende, por exemplo, o fomento ao turismo ecológico, cultural, de eventos e científico, além da recuperação de todo rio e do seu oceano adjacente. O turismo por lá está minguando junto com o rio. À tarde saímos de Regência de bicicleta para um trecho de estrada de terra antes da estrada a caminho de Conceição da Barra, nosso ponto de partida desta segunda.

     
     

30.04.2016 - 20:30

Equipe chega à foz do Rio Doce, porta de entrada da Região dos Abrolhos

Nosso ponto de partida desta expedição é bem emblemático. Primeiro pela parte sul da Região dos Abrolhos ter um rio como divisa. Segundo por este rio ser o Doce (ES), aquele que foi vítima do que consideram ter sido o maior desastre ambiental do país. As autoridades ainda estudam os impactos e cruzam os dados das diversas fontes de pesquisa. Fato é que enquanto pelo lado ambiental as informações andam mornas, no lado social a coisa está quente por aqui.

Chegamos no fim da tarde deste sábado após mais de 10 cansativas horas, onde nosso quarto integrante, o jornalista e fotógrafo Pedro Serra, nos esperada numa barreira formada por manifestantes locais para impedir a passagem dos caminhões da Samarco. Ele está rodando um documentário sobre os personagens afetados pelo desastre causado pelo rompimento de uma barreira da empresa em Mariana (MG) que degradou o Rio Doce. Com estas boas-vindas inusitadas, pedimos que ele relatasse um pouco do que viu e apurou nos últimos dias.

Ele relatou:

Regência é um daqueles lugares meio mágicos, onde o visitante parece estar entrando em uma outra dimensão. As ruas de terra, o vento constante, o povo hospitaleiro, o rio e o mar. Aqui, se você não vive da pesca, vive do turismo, ou talvez até dos dois. No entanto, desde que a lama da barragem do Fundão começou o seu caminho de destruição, as coisas mudaram. Os turistas que eram atraídos pelas ondas perfeitas que rolavam próximas à foz do Rio Doce sumiram.

A pesca foi proibida, a vila entrou em depressão, a economia entrou em colapso. A Samarco, empresa responsável pela lambança, distribuiu alguns cartões sociais para pescadores, mas o resto da população ficou sem o benefício. Além da falta de dinheiro, a falta de água. Se antes a água vinha do Rio Doce, agora tem que vir de Linhares, a cerca de 40 quilômetros. Trazida por carros pipa do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), muitas vezes a água chega suja. Isso quando chega. Moradores relatam ficar até seis vezes por dia sem água na torneira.

Para pressionar, cerca de cinquenta moradores se reuniram na praça principal da vila na última quarta-feira e, de lá, decidiram fechar a saída da cidade para carros da Samarco e da SAAE. A ideia era cobrar uma maior participação da Samarco e uma solução para o problema da água pelo SAAE. Desde então, eles se revezam em turnos de seis horas. Para passar o tempo, ouvem música, se alimentam com churrasco e outras comidas levadas por outros moradores e jogam cartas.

Para se proteger do sol e da chuva, uma barraca de informações da Samarco que ficava na praça foi levada para a barreira à noite, sem a autorização dos donos. Apesar da aparente descontração, o protesto é sério. Um carro do SAAE foi impedido de sair, levando a empresa a enviar representantes para negociar. Com a divulgação do protesto na mídia, a Samarco também se viu forçada a convidar representantes do movimento para uma conversa. Os tão sonhados cartões, com benefícios que podem chegar a R$ 1.800,00 dependendo da quantidade de dependentes, acabaram não saindo, mas a empresa se comprometeu a ajudar os mais necessitados e continuar o diálogo.

No desespero - ou na falta de caráter mesmo, é difícil julgar - alguns pescadores continuam trabalhando clandestinamente. O peixe, levado por atravessadores para outras cidades, pode estar sendo servido nas mesas de cidades da região ou até mesmo de centros mais distantes, como Vitória e Rio de Janeiro. No primeiro dia da barreira na entrada da cidade, uma caminhonete foi parada com dois isopores grandes cheios de robalos. O motorista foi obrigado a voltar e devolver o peixe a quem tinha vendido. Só depois, como o carro vazio, ele foi autorizado a passar.

A barreira continua por tempo indeterminado. Os moradores de Regência querem ser ouvidos. Têm muito o que falar. Se sentem desamparados pela Samarco e pelos órgãos governamentais. Quem olha para a cidade hoje, com suas portas fechadas, ruas vazias e ondas perfeitas quebrando sozinhas, entende rapidamente o porquê.



Amanhã teremos um longo dia por aqui. Explorando pela manhã a região da foz do Rio Doce e iniciando a subida à tarde.

     
Alcançamos a costa do ES, bem próximos a Regência, na foz do Rio Doce, onde começa a Região dos Abrolhos. Equipamentos da Miramundos que vão entrar em ação durante a expedição. Caiaque no teto! Prontos para a estrada com Movida Rent a Car e Thule | Foto: André Handfas / Special Adventure
     

30.04.2016 - 08:30 - atualizado: 17:22

Começou

Acompanhe o progresso dos primeiros dias pelo FIND ME da SPOT acima. Em breve publicaremos artigos, fotos, vídeos e podcasts da expedição.


29.04.2016 - 17:00

Tudo pronto para a aventura começar

Após dois anos de planejamento e seis meses de preparação, chegou a hora. Na madrugada de hoje para amanhã a equipe Miramundos sai do Rio de janeiro com destino a Regência (ES), na foz do Rio Doce, onde a expedição “Abrolhos – Terra e Mar terá início oficial. De lá, o destino será Canavieiras, 300km ao norte, parando nos pontos mais relevantes do caminho. Esta será a jornada mais longa de nossa história, que começou em 2009.

Ao todo, vamos explorar regiões de 20 cidades em 30 dias de viagem. Usaremos nossas habilidades esportivas para nos levar aos lugares mais inóspitos dos Abrolhos. Vamos cortar as estradas de carro, navegar rios e estuários de caiaque, subir trilhas e montanhas e mergulhar nas profundezas límpidas do arquipélago e dos recifes.

Em diferentes pontos do trajeto a equipe acompanhará o trabalho de técnicos e especialistas que vão fornecer as últimas informações sobre a situação atual das vulnerabilidades ambientais locais e como isso pode influenciar a biodiversidade, a pesca e o turismo no local.

As últimas horas de preparação foram intensas. Montamos e regulamos as bicicletas, equipamos nosso carro com os racks e preparamos todo o material fotográfico e esportivo que será usado. Nesse momento queremos agradecer o apoio dos mais de 80 profissionais de 12 organizações que nos auxiliam neste projeto. Não vemos a hora de percorrer esta parte do país que tem mais de 500 anos de história, que vêm sendo escrita desde os primeiros passos do Descobrimento, onde há comunidades tradicionais, parques naturais, aldeias indígenas e construções de extrema relevância para os nossos patrimônios histórico e cultural.

Durante a expedição teremos a cobertura online por aqui e pelas redes sociais da Miramundos. Também haverá a produção fotográfica de um livro que contextualizará as partes terrestre e marinha da região. Por último, produziremos imagens em vídeo para um projeto audiovisual. Então, se ainda não nos segue no Facebook e no Instagram, a hora é agora!

Desde já, obrigado pelo incentivo de todos.
Boa sorte, time!

 
Vai começar!
 
 
Região de Abrolhos
 
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26.04.2016 - 17:30

Abrolhos além das baleias

Que o arquipélago se notabilizou pelas baleias Jubarte, peixes e corais, você já sabe. O fato que chamou nossa atenção na fase de pesquisa e que nos fez ampliar nosso projeto foi saber que a Região dos Abrolhos vai muito além de sua biodiversidade Marinha. Existe uma área terrestre incrível de 95.000km2 e 300km de costa repleta de Unidades de Conservação, Reservas Extrativistas e RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) que formam um corredor verde de extremo valor ambiental para o Brasil.

Foi por causa disso que firmamos uma parceria com a Conservação Internacional (CI-Brasil), uma das maiores referências no processo de conservação ambiental de Abrolhos que topou nos fornecer todo suporte técnico necessário para a expedição “Abrolhos – Terra e Mar”. Ou seja, vamos sim mostrar os encantos da biodiversidade marinha, mas vamos revelar também os diversos ecossistemas terrestres e a vida nas comunidades tradicionais.

A CI-Brasil atua há 20 anos na região com o foco na promoção do bem-estar humano no fortalecimento da sociedade, no cuidado responsável e sustentável da natureza. A organização implementa programas de campo que demonstram como a conservação e a valorização da natureza resultam em impactos positivos para as pessoas. As atividades incluem o apoio à criação, implementação e ampliação de uma Rede de Áreas Marinhas Protegidas em Abrolhos, o apoio à gestão participativa nas Unidades de Conservação, a pesquisa e o monitoramento da biodiversidade marinha e de aspectos socioeconômicos, atividades de comunicação, informação e educação ambiental e o estímulo à implementação de políticas públicas e práticas econômicas visando a pesca sustentável na região.

A gestão da maioria das Unidades de Conservação do território “Abrolhos-Terra e Mar” é de responsabilidade do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que também é uma instituição chave na conservação da região. Parcerias entre o ICMBio e a CI-Brasil visam tornar a região uma referência nacional para o ecoturismo integrado nestas unidades.

Muitos destes roteiros, que cruzam os parques e reservas de Abrolhos, serão visitados por nós. Acompanhem!

 
Baleias em Abrolhos
 

25.04.2016 - 21:50

Conheça a equipe Miramundos

A Miramundos, equipe brasileira de expedições jornalísticas e fotográficas, realizará em maio de 2016 sua nova missão: desbravar a cultura e a natureza terrestre e marinha de Abrolhos. Trata-se de uma região com área total de 95.000km² e 300 km de costa que reserva recantos e parques naturais incríveis ainda pouco conhecidos no Brasil. O resultado deste trabalho, que conta com suporte técnico da organização ambiental Conservação Internacional (CI-Brasil), será um fotolivro bilíngue que apresentará a região como um todo ao mundo neste contexto inédito: “Abrolhos – Terra e Mar”.

Saiba quem é quem nesta equipe

Rafael Duarte é jornalista, fotógrafo, documentarista, executivo de marketing e fundador da Miramundos. Premiado na fotografia e no cinema, dirigiu o filme “Whiteout” e é autor do livro “Miramundos Estrada Real”. Mestre em "Cinema e Audiovisual" pela Université Paris 1 Pantheón-Sorbonne, usa a fotografia para cotar histórias e provocar reflexões sobre as belezas naturais do planeta e as questões humanas. É diretor da produtora audiovisual, editora e agência de conteúdo Bambalaio.

 
Rafael Duarte
 

Jaime Portas Vilaseca é consultor artístico, empresário e profissional de marketing, atleta, coordenador de logística, produtor e fundador da equipe. À frente da Portas Vilaseca Galeria há seis anos, revela talentos e participa das principais feiras de arte no circuito nacional e internacional. Como ultra-maratonista, participou de provas longas como LA MISION (180km), 4Refúgios (80km), Ultra-Trail Agulhas Negras (90KM) e escalou o monte Aconcágua na Argentina.

 
Jaime Portas Vilaseca
 

Flavio Forner é fotógrafo aventureiro de São Paulo que busca relatórios visuais que estimulem uma mudança social positiva em seus trabalhos. Suas produções independentes e coletivas são baseadas em narrativas de fotojornalismo e fotografia documental. É co-fundador da agência XIBÉ colaborador do livro “Expedição Miramundos Estrada Real”.

 
Flavio Forner
 

Pedro Serra é jornalista, fotógrafo, videomaker e sócio-diretor da Do Rio Filmes, onde atua na direção, direção de fotografia, produção e finalização de documentários, curtas, webséries, comerciais e institucionais. Estudou documentário na Escuela Internacional de Cine y Televisión, de Cuba e trabalhou no Jornal Extra, onde ajudou a estruturar a área de vídeos, que coordenou produzindo diversos documentários, reportagens investigativas e webséries.

 
Pedro Serra
 

Enrico Marcovaldi está entre os mais aclamados profissionais da imagem de natureza no Brasil. Fotógrafo, cinegrafista e documentarista do mundo natural, especializado em imagens submarinas e com mais de 25 anos de experiência, tem seu trabalho divulgado nas principais revistas, jornais, TVs e mídias dos projetos de conservação marinha do Brasil.

 
Enrico Marcovaldi
 

*Colaborou neste post Laura Rezende

 

10.03.2016 - 09:15

Expedição Abrolhos 2016

  Roberta Abdanur  

A Miramundos, equipe brasileira de expedições jornalísticas e fotográficas, realizará em maio de 2016 sua nova missão: desbravar a cultura e a natureza terrestre e marinha de Abrolhos. Trata-se de uma região com área total de 95.000km² e 300 km de costa que reserva recantos e parques naturais incríveis ainda pouco conhecidos no Brasil. O resultado deste trabalho, que conta com suporte técnico da organização ambiental Conservação Internacional (CI-Brasil), será um fotolivro bilíngue que apresentará a região como um todo ao mundo neste contexto inédito: “Abrolhos – Terra e Mar”.

Durante a jornada – prevista para acontecer entre os dias 29 de abril e 28 de maio, a equipe publicará imagens e notícias em seu blog no site do jornal O Globo (www.oglobo.com/miramundos) e em coluna do portal Extremos (www.extremos.com.br), além de atualizar em tempo real seus perfis (@miramundos) no Facebook e Instagram com conteúdos exclusivos. A publicação “Abrolhos – Terra e Mar” tem patrocínio de Furnas, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e será lançada no fim do ano pela editora Bambalaio, produtora do projeto.

Em um desafio que mistura natureza, cultura, esporte e história, a equipe formada por Rafael Duarte (jornalista e fotógrafo), Jaime Portas Vilaseca (curador e multiesportista), Flavio Forner (fotógrafo) e Pedro Serra (cinegrafista), passará um mês do norte do Espírito Santo até as redondezas de Porto Seguro, na Bahia, para documentar as imagens desta região conhecida por abrigar a maior diversidade marinha do Atlântico Sul. Além de seu famoso Parque Nacional Marinho, a chamada “Região dos Abrolhos” também é formada por um grande mosaico costeiro com rios, montanhas, parques naturais, corredores de Mata Atlântica e diversos ambientes marinhos com distintos habitats, tais como manguezais, praias, restingas, recifes de coral e bancos de algas calcárias.

Na parte terrestre da jornada, os viajantes vão se aventurar de mountain bike nos parques e nas praias, caiaque nos rios e jipe 4x4 nas estradas. Para documentar a parte marinha, a Miramundos convidou o experiente fotógrafo local Enrico Marcovaldi, especialista em imagens subaquáticas , que integrará a equipe na visita ao arquipélago. Segundo o miramundo Jaime Portas Vilaseca, curador da publicação, o público pode esperar uma obra de extrema relevância para o país.

“Nossas expedições têm o objetivo revelar pelo esporte as belezas do mundo através de experiências para sensibilizar o público quanto à importância da preservação dos patrimônios naturais, artísticos e históricos. E Abrolhos é um destino que nos possibilitará mostrar diversas riquezas nacionais e iniciativas de sucesso enquanto usamos o esporte para nos levar a todos os cantos deste que é um dos lugares mais lindos do Brasil”, revelou Jaime, que carrega como lema da equipe o conceito “Informação gera conservação”.

 
Teaser Miramundos
 

Referência em conservação ambiental

A CI-Brasil, consultora técnica do projeto, é uma das lideranças no processo de conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico na região de Abrolhos. A organização atua há 20 anos na região com o foco na promoção do bem-estar humano no fortalecimento da sociedade, no cuidado responsável e sustentável para com a natureza. A organização implementa programas de campo que demonstram como a conservação e a valorização da natureza resultam em impactos positivos para as pessoas. As atividades incluem a criação, implementação e ampliação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas de Abrolhos, o apoio à gestão participativa nas Unidades de Conservação, a pesquisa e o monitoramento da biodiversidade marinha e de aspectos socioeconômicos, atividades de comunicação, informação e educação ambiental e o estímulo à implementação de políticas públicas e práticas econômicas visando a pesca sustentável na região. 

Jornalismo e aventura

No dia 29 de abril, a equipe sairá do Rio de janeiro com destino à foz do Rio Doce, onde a expedição terá início oficial – localidade onde a lama do desastre da barragem de Mariana escoou para o mar. Serão exploradas regiões de 20 cidades em 30 dias de viagem. Em diferentes pontos do trajeto a equipe acompanhará o trabalho de técnicos e especialistas que vão fornecer as últimas informações sobre a situação atual das ameaças do impacto da lama na região e como isso pode influenciar a biodiversidade, a pesca e o turismo no local.

De lá a equipe segue rumo ao norte da costa para explorar esta parte do país que tem mais de 500 anos de uma história que vêm sendo escrita desde os primeiros passos do Descobrimento, onde há comunidades tradicionais, parques naturais, aldeias indígenas e construções de extrema relevância para os nossos patrimônios histórico e cultural.

     
     

A história da região

Localizado entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo, a região abriga mais de um milhão de pessoas - entre comunidades pesqueiras, indígenas e pequenas e médias cidades. A costa é famosa por ter sido uma das primeiras a receberem os portugueses que ali desembarcaram pela primeira vez. Ali começou a exploração do capital natural do país com a extração de pau-brasil. Apesar de séculos de crescimento demográfico e desmatamento, o território ainda abriga diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Em sua parte marinha, é reconhecido por abrigar a maior biodiversidade marinha da porção sul do Oceano Atlântico, com registro de cerca de 1.300 espécies. A região possui a maior produção pesqueira da Bahia, responsável pelo sustento das famílias de mais de 20 mil pescadores. É também um dos principais polos turísticos do país, que gera cerca de 80 mil empregos, com destaque para as praias paradisíacas e o mergulho nos recifes durante o verão, e a observação das baleias Jubarte no período de julho a novembro. Entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo, a região abriga mais de um milhão de pessoas - entre comunidades pesqueiras, indígenas e pequenas e médias cidades.

     
     

A equipe Miramundos em Abrolhos:

Rafael Duarte é jornalista, fotógrafo, documentarista e executivo de marketing e fundador da Miramundos. Premiado na fotografia e no cinema, dirigiu o filme “Whiteout” e é autor do livro “Miramundos Estrada Real”. Mestre em "Cinema e Audiovisual" pela Université Paris 1 Pantheón-Sorbonne, usa a fotografia para cotar histórias e provocar reflexões sobre as belezas naturais do planeta e as questões humanas. É diretor produtora audiovisual, editora e agência de conteúdo Bambalaio.

Jaime Portas Vilaseca é consultor artístico, empresário e profissional de marketing, Jaime Portas Vilaseca é atleta, coordenador de logística, produtor e fundador da equipe. À frente da Portas Vilaseca Galeria há seis anos, revela talentos e participa das principais feiras de arte no circuito nacional e internacional. Como ultra-maratonista, participou de provas longas como LA MISION (180km), 4Refúgios (80km), Ultra-Trail Agulhas Negras (90KM) e escalou o monte Aconcágua.

Flavio Forner é fotógrafo aventureiro de São Paulo que busca relatórios visuais que estimulem uma mudança social positiva em seus trabalhos. Suas produções independentes e coletivas são baseadas em narrativas de fotojornalismo e fotografia documental. É co-fundador da agência XIBÉ colaborador do livro “Expedição Miramundos Estrada Real”.

Pedro Serra é jornalista, fotógrafo, videomaker e sócio-diretor da Do Rio Filmes, onde atua na direção, direção de fotografia, produção e finalização de documentários, curtas, webséries, comerciais e institucionais. Estudou documentário na Escuela Internacional de Cine y Televisión, de Cuba e trabalhou no Jornal Extra, onde ajudou a estruturar a área de vídeos, que coordenou produzindo diversos documentários, reportagens investigativas e webséries.

Enrico Marcovaldi está entre os mais aclamados profissionais da imagem de natureza no Brasil. Fotógrafo, cinegrafista e documentarista do mundo natural, especializado em imagens submarinas e com mais de 25 anos de experiência, tem seu trabalho divulgado nas principais revistas, jornais, TVs e mídias dos projetos de conservação marinha do Brasil.

 
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