Diário de um esquiador iniciante
da redação, Manoel Morgado
19 de janeiro de 2013 - 17:21
 
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    Taxi local Foto: Manoel Morgado
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    Vista da rua principal" Foto: Lisete Florenzano
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    Carrinho de bebe em skis" Foto: Manoel Morgado
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    Vista maravilhosa de um das pistas" Foto: Manoel Morgado
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    Vista de um dos ski lifts" Foto: Manoel Morgado
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    O chamado Plat� com v�rios dos pr�dios" Foto: Manoel Morgado
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    Vista panor�mica de Avoriaz" Foto: Manoel Morgado
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    Chocolate quente com rum ao meio dia" Foto: Lisete Florenzano
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    Vista panor�mica do resort" Foto: Manoel Morgado
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    Vista da fal�sia " Foto: Manoel Morgado
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    Crian�as na Ecole des Enfants " Foto: Manoel Morgado
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    Humilia��o�.as crian�as de 5 anos saltando as mesmas colinas que n�s " Foto: Manoel Morgado
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    Manoel e Lisete " Foto: Manoel Morgado
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    Di�rio de um esquiador iniciante " Foto: Manoel Morgado
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    Di�rio de um esquiador iniciante " Foto: Manoel Morgado
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    Crian�as brincando " Foto: Manoel Morgado
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    Lift " Foto: Manoel Morgado
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    Manoel em visual de inverno " Foto: Manoel Morgado
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    Mont Blanc " Foto: Manoel Morgado
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    Lisete em nosso apartamento de inverno " Foto: Manoel Morgado
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    O apartamento " Foto: Manoel Morgado
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    Por do sol da janela " Foto: Manoel Morgado
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21 de fevereiro de 2013 – Último post
Esta última semana de ski foi simplesmente deslumbrante. Se a semana passada se caracterizou por prazer sem medo esta foi a semana da liberdade. A semana inteira esquiei fora das pistas, nada muito aventuresco, geralmente ao lado das pistas, nas encostas não marcadas e não trabalhadas pelas máquinas, mas que me deu uma sensação de liberdade absoluta em relação aonde queria ir. Não mais tinha de me limitar às pistas, mas podia descer quase qualquer coisa. Fora das pistas a neve é mais suave, as possibilidades de escolha de caminho ilimitadas.
No começo da semana o Greg, que escalou o Cho Oyu e o Everest comigo, veio passar 3 dias conosco e esquiamos sem parar. A Lisete ficou gripada e com isso ficou os 3 dias em casa, então era só eu e o Greg das 8:30 da manhã até as 17 horas só parando para tomar uma cerveja belga Leffe, a melhor do mundo na minha opinião, no horário do almoço. No primeiro dia fizemos pistas a muita velocidade e no dia seguinte começamos a sair das pistas e não paramos mais. No fim de semana nevou bastante e com isso tivemos ski da melhor qualidade com neve fofa, seca e suave.
Mas, como tudo na vida chega ao fim, nossas férias de ski também terminaram. Mas, o amor pelo ski foi tanto que eu e o Greg resolvemos voltar agora dia 9 de março para mais 2 semanas de ski e o Rob, outro companheiro de Everest vai se juntar a nós por uns 5 dias. Mal posso esperar.
E terminando então este relato e este blog, deixo algumas dicas para quem, assim como eu, quiser experimentar este fascinante esporte:

Tenha aulas, muitas aulas, quanto mais melhor. É muito fácil adquirir vícios se você aprende sozinho ou com um amigo. E muito difícil se desfazer desses vícios depois. Também é muito mais seguro começar a aprender com um instrutor. Nós tivemos 15 horas de aulas em grupo, mais econômicas e outras 6 horas particulares e achamos essa combinação excelente. No começo é gostoso estar em um grupo para ver os erros e acertos e progressos dos outros. Mas, com o passar do tempo cada um evolui de maneira mais rápida ou mais lenta e daí é bom ter aulas particulares.
Não compre seu equipamento na primeira experiência de ski. Com o passar do tempo você começa a perceber as diferenças entre um ski e outro, entre uma bota e outra. Após uns 4 dias você já pode trocar de ski para um mais avançado, então alugar te dá mais flexibilidade de ir mudando de equipamento conforme você vai avançando.
Use capacete! Este é um esporte perigoso e não existem regras de trânsito. Mesmo se você esquia bem, tem muita gente que não e as colisões são quase inevitáveis.
Se puder, passe pelo menos 2 semanas na primeira vez que for esquiar. Uma semana é muito pouco e, possivelmente, quando voltar um ano depois terá de começar quase do princípio. Em duas semanas os conhecimentos já se sedimentaram mais, você já adquiriu mais experiência e quando voltar ainda vai se lembrar do que aprendeu. Se puder mais tempo, um mês, melhor ainda.
Grande parte dos gastos em um lugar de ski são da alimentação. Alugar um apartamento é muito mais conveniente e econômico do que um hotel.
Se for para o mesmo lugar que nós fomos, Avoriaz, vá em janeiro que tem um clima excelente, boa neve e não muita gente. Em fevereiro começam as férias belgas e depois as francesas e tem muito mais gente nas pistas.

Bom, creio que é isso. Boa esquiada e espero que este blog possa ter motivado vocês a esperimentar este esporte!!


19 de fevereiro de 2013 – A semana

Esta foi para mim a melhor semana desde que chegamos aqui. A neve esteve perfeita cm nevascas quase todas as noites e com isso todas as pistas cobertas de neve fresca powder, excelente pare esquiar. Também, agora o medo que dominava muito de minha experiência de ski foi embora e ficou apenas o prazer, um enorme prazer de deslizar velozmente montanha abaixo. Em nenhum outro esporte eu senti tanto a necessidade de foco, concentração total, absoluta. E também, mais do que em outros, eu sinto que posso perceber diariamente o meu progresso. A cada dia vejo que minha posição está melhorando e como você posiciona o corpo é tudo em ski. E no entantom, apesar dessa melhora diária, vejo o quanto ainda tenho pela frente. Hoje desço todas as vermelhas em qualquer condição de neve, mas desço ainda sem elegância, sem a graça que é tão característica de quem esquia bem e há muitos anos. As vezes parece mais uma dança do que um esporte e por outro lado é muito mais aeróbico do que imaginava. Quando se consegue descer um pouco mais rápido como estou descendo agora e principalmente quando a pista tem os “calombos” (moguls em inglês), e você tem de desviar deles a cada movimento, chego ofegante como se tivesse subido a montanha e não descido.
Agora tenho esquiado mais horas e mais duramente de modo que nossa vida é bstante simples aqui. Acordar café da manhã, esquiar até a 1 da tarde, comer algo em um dos restaurantes nas pistas, se com sol do lado de fora em deliciosas espriguiçaderas ou se está tempo ruim do lado de dentro, mais umas 3 horas de ski a tarde e de volta para casa. Banho e nada mais, o cansaço bate forte.
Ontem esquiamos tanto que acabamos perdendo a hora do último ski lift (16:30) e no fim, como estávamos longe de Avoriaz em outro resort francês, tivemos de pegar um taxi caríssimo para poder voltar. Agora estou mais esperto com o horário.
Hoje a Lisete quis dormir até mais tarde e com isso sai sozinho e esquiei o dia inteiro só e ouvindo MPB no meu Ipod. Isso não é muito prudente, pois é importante ouvir se vem alguém vindo, mas é tão delicioso que não resisti. Como atenuante, todos chegam e saem de Avoriz aos sábados, todos os apartamentos são alugados desta forma de sábado a sábado, de modo que pela manhã é o melhor dia para esquiar. Tinha nevado a noite toda e quando saí cedo não havia quase ninguém esquiando. Resultado foi que as pistas estavam “virgens”com neve deliciosa e sem marcas. Era como se eu estivesse esquiando for a de pista.
Vimos algumas coisas inspiradoras esta semana. Além das crianças que nasceram sobre skis e que aos 4 ou 5 anos estão esquiando fantásticamente vimos um cego aprendendo a esquiar. Ele ia na frente e o instrutor atrás dando as instruções, direita, esquerda. Só de imaginar esquiar sem ver me dá calafrios e me enche de admiração. Depois vimos um paraplégico em uma cadeira super transada com amortecedores com as pernas presas e um ski em cada braço e um ski sob a cadeira. Não resisti, fui atrás dele para ver como era. Incrível…inspirador o que as pessoas determinadas podem realizar.
E, também vi um cara descendo uma vermelha de snow board…tocando acordeon….
A partir de amanhã entarmos na última semana aqui e apesar de termos ficado tanto tempo. O período normal de todos aqui é uma semana, já estou ficando com saudades….podia ficar mais



2 de fevereiro de 2013 – Todos os tipos de neve

Esta semana, nossa terceira esquiando, foi a mais variada possível em termos de neve e de clima. Tivemos de tudo, dias lindíssimos de sol e céu azul, chuvona o dia inteiro até nevascas super fortes com ventos de 50 km/hora nas pistas mais altas. Com isso a neve esteve de todas as maneiras possíveis. No começo da semana estávamos rezando para nevar, pois a neve a cada dia ficava mais dura. Daí nevou durante o dia, mas não muito e durante a noite choveu e a temperatura que até então nunca passva dos zero graus, mesmo no meio do dia, de repente foi para 5 positivos. Resultado, a neve úmida do dia anterior com a chuva, durante a noite congelou e no dia seguinte tínhamos gelo puro em todas as pistas. Veio então a super nevasca durante dois dias inteiros (ainda está nevando agora a noite) e finalmente tivemos novamente uma neve gostosa de esquiar, mas com um preço. A temperatura desabou e foi quase aos 10 graus negativos com muito pouca visibilidade. O resultado disso tudo foi um curso intensivo de ski nas mais variadas condições. A cada dia nos deparamos com algo novo, um desafio a mais.
Nesta semana tivemos 3 aulas de 2 horas, só nós dois e o instrutor e foi super proveitoso. Corrigimos alguns vícios que já estavam se instalando, aprendemos coisas novas e estamos esquiando muito melhor, com mais técnica e segurança. Agora já estamos nos aventurando nas pistas vermelhas com mais frequência embora nelas ainda não conseguimos esquiar tão elegantemente quanto nas azuis. Mas, isso vai chegar. Ainda temos duas semanas pela frente com muitos quilômetros de ski!
Depois de 21 dias em Avoriaz enjoamos de esquiar aqui, já fizemos todas as pistas inúmeras vezes então sentimos que era hora de mudar de local. E isso que é bacana da Portes de Soleil. Quando você enjoa de um resort tem mais 11 para explorar. Nesses últimos 3 dias nos concentramos em Morzine e Le Gets e estamos adorando. Saímos de casa esquiando, descemos uma longa e deliciosa pista de 3 quilômetros de extensão, pegamos um ônibus gratuito por 10 minutos e estamos em Morzine. De lá é só ir esquiando de vale em vale até chegar a Les Gets (pronunciado Le Ge).
Hoje renovamos nosso passe e estamos prontos para mais deliciosos 15 dias


27 de janeiro de 2013 – Voltando a ter aulas
Como nosso instrutor anterior estava ocupado, a partir de hoje vamos ter aulas com o Damian que embora com um método de ensino diferente, provou ser um excelente instrutor também. Como a Lisete estava com skis novos, muito mais rápidos que os anteriores, fizemos uma pista mais fácil para aquecer e para o instrutor sacar o que sabemos fazer. DE cara ele nos disse que tínhamos de mudar o lado para o qual o corpo estava se inclinando nas curvas. Ao contrário de moto onde você se inclina para o lado da curva, no ski, para que peso fique na perna de baixo em uma curva o peso tem de estar neste ski e para isso o corpo tem de inclinar para o lado oposto ao da curva, super estranho, mas que faz super sentido. Mas, uma coisa é entender racionalmente, outra é fazer o teu corpo fazer um movimento completamente contrário ao que voê está acostumado com motos ou bicicletas. Resultado, o dia inteiro tentei praticar isso, mas esquiei muito pior do que nos dias anteriores. Mas, creio que no final isso vai ajudar muito. Já deu para ver hoje que desta forma o peso fica muito mais no ski de baixo e com isso as curvas saem mais precisas e com menos esforço e o ski de cima por estar mais leve acompanha o de baixo. O resultado é que fica mais façil de deixá-los paralelos. Outra dica é tentar deixar as pernas mais juntas. Só que, como sempre, eu consertava uma coisa para perceber que a outra se desfazia. Ufa, são tantas coisas..
O dia começou super bonito, mas no fim do dia, conforme a previsão do tempo anunciava, fechou e começou a ventar muito forte e a nevar levemente. Esta neve é muito bem vinda, pois as condições da neve está deteriorando a cada dia de sol.


26 de janeiro de 2013 – Refazendo todas as azuis

Hoje sai para esquiar com a Lisete e como ela tinha ficado dois dias sem esquiar começamos de leve com a parte mais tranquila das azuis de Avoriaz. De lá saímos para refazer tudo o que já tínhamos feito nessas duas semanas tentando ir mais rápico e com mais técnica e nos preparando para voltar a ter aulas a partir de amanhã. Baseado na experiência da primeira semana quando o grupo era muito heterogênio e no final tínhamos de esperar um monte para que cada um descesse as pistas, esta semana decidimos ter aulas só para nós dois. É mais caro, mas creio que no fim vai render muito mais. As aulas serão de 2 horas, das 9 as 11.
Já no fim do dia presenciamos um acidente, um dos muitos que acontecem todos os dias aqui. Dois homens se chocaram de frente e um deles acabou com alguns cortes superficiais no rosto. Decididamente este é o esporte com o maior número de acidentes que já fiz. Várias vezes por dia vemos gente sendo levada de ski doo (motos de neve) dentro de um trenó preso na moto. No apartamento anterior era pior, pois o centro médico de Avoriaz ficava no térreo do prédio e com isso víamos ainda com mais frequência. E não tem jeito, a velocidade é enorme, o número de pessoas imenso e a habilidade muito variada. E o para choques é o seu corpo….Tento não pensar muito nisso ainda mais quando estou descendo uma encosta a mil por hora, mas sei que o risco é grande. Por enquanto nada mais sério aconteceu, mas….
Como todos os dias os pés da Lisete ficam muito frios depois de algumas horas esquiando, hoje trocamos de locadora e alugamos botas muito mais quentes e com um palmilha com aquecedor alimentado com baterias recarregáveis. Vamos ver se assim ela consegue esquiar o dia inteiro sem ter de vira para casa para trocar de meia e aquecer os pés.
Sábado a noite com lua cheia, por do sol maravilhoso chama fondue com vinho tinto no calorzinho de nossa casa.


25 de janeiro de 2103 – Mudando de apartamento
Hoje pela manhã foi dia de mudança. Tínhamos alugado um apartamento por 15 dias para ver se gostávamos de Avoriz e como gostamos, melhor, amamos, decidimos ficar mais 3 semanas, só que o apartamento que tínhamos alugado não estava disponível neste período então tivemos de mudar. Mas, o novo, apesar de ser do mesmo tamanho, tem uma distribuição melhor e com isso dá a sensação de mais espaço. Para a mudança, contratamos o taxi local, a carroagem sobre esquis puxado por um cavalo super bonito, forte e com pelos cobrindo as patas para enfrentar a neve. Daí guardamos tudo, fizemos uma grande compra de supermercado e como prêmio de tanto trabalho fomos para o Aquariaz (confiram no http://www.avoriaz.com/mountain-holidays/aquariaz-.php ) um grande conjunto de piscinas aquecidas com plantas tropicais e decoração super bonita. Ficamos lá por duas horas relaxando na água que estava quase boa, dois graus a mais não fariam mal. Mas, claro, como somos quem somos, ficamos também brincando em uma parede de escalada acima da água, uma prévia do mês que passaremos em brve na Tailândia escalando em rocha.


24 de janeiro de 2013 – esquiando sozinho
Hoje a Lisete decidiu tirar o dia para descansar, nosso ritmo aqui está bem forte com várias horas de ski por dia e isso é bastante cansativo, mas como estou viciado no ski sai sozinho mesmo. Acordamos mais tarde pois ontem pela primeira vez fomos checar a noite de Avoriaz. Fomos a dois pubs, ambos com excelente música ao vivo e acabamos dormindo bem mais tarde do que nosso normal.
O ski, como acontece todos os dias, foi cada vez melhor. O dia estava lindo novamente e pouco frio. Decidi concentrar meu treino não em fazer coisas mais difíceis, mas em fazer mais bem feito o que já sabia. Tentei deixar meus skis mais paralelos, com as pernas mais juntas e ao mesmo tempo inclinar o corpo mais para frente. Resultado, as vezes conseguia uma coisa outras vezes outras, mas tudo junto raramente. Mas, de um modo geral fiquei feliz com o resultado. Esquiei por 5 horas sem parar e fiz muito do que ja havia feito nos outros dias, mas tudo aqui em Avoriz.
No final da tarde estava lindíssimo com as nuvens cobrindo todo o vale e acima disso o céu azul. Começava as pistas com tempo lindo e terminava no meio das nuvens, sombrio e com dificuldade de enxergar o relevo ela falta de contraste.


23 de janeiro de 2013 – quarta feira, décimo dia de ski
Mais um dia de céu azul, mas depois de um dia inteiro de sol a neve já tinha voltado ao normal. Cruzamos para a Suiça rumo a um vilarejo chamado Champoussin. Como nada na vida é perfeito, afinal estamos no sansara, as pistas da Suiça são vazias e lindas, mas muito mal sinalizadas. Na França todas as pistas tem placas a cada 100 metros com o nome da pista e são numeradas em ordem decrescente de modo que você sempre sabe onde está, que tamanho tem a pista e quanto falta para final. As placas de indicação também indicam a direção dos ski lifts e os ski lifts tem o nome bem grande marcado. Nada disso na Suiça! Resultado, a navegação é super difícil e passamos metade do dia tentando chegar onde queríamos chegar e a outra metade tentando voltar para casa. Desde que conehci a bagunça do aeroporto de Genebra que decidi que a fama de organização dos suiços é apenas marketing, e um marketing muito bem feito. Na real é bem diferente e as pistas confirmam isso.
Na volta aconteceu uma coisa boa, resultado dessa desorganização. Desde ontem que eu já me sentia pronto para um desafio maior, sair das pistas azuis e tentar as vermelhas, mas o medo impedia. Acho que o trauma daquela segundo dia foi meio duradouro. Bom, nosso plano de acordo com os mapas que temos era de voltar de ônibus de Champoussin para Les Crossets pois neste trecho só dava para esquiar por uma pista vermelha. Qundo chegamos em Champoussin nos informaram que este ônibus não existe e a única maneira de voltar seria pegando não apenas uma, mas duas vermelhas. Uma que estava marcada no mapa como azul era na realidade vermelha. Sem ter o que fazer, não tivemos outra opção que não descer as vermelhas…e …não foi difícil. Claro, são bem mais inclinadas, mas uma vez que você domina a arte de fazer curvas, você quebra qualquer piramba em pirambinhas. Terminamos a primeira com um grande sorriso no rosto. Quebramos o tabu e agora temos a nossa disposição mais um montão de pistas e a facilidade de não ter de ficar quebrando a cabeça para ir de A a B. Temos aí uns 500 km de pistas para explorarmos nos próximos vinte e poucos dias.
Também, desde ontem que venho tentando sair um pouquinho das pistas e fazer uns off pista com neve powder, trechinhos pequenos, mas o suficiente para sentir a delícia que é isso. A sensação é competamente diferente, primeiro porque é extremamente macio e suave, sem fazer o barulho do ski na neve dura e segundo por que vai muito mais rápido. Mas, aprender powder é uma outra história que vou deixar para quando o instrutor estiver conosco, na próxima semana.
Chegamos de volta a casa depois de 6 horas de ski ininterrupto, super cansados, mas felizes!


22 de janeiro de 2013 – terça feira, nono dia de ski
Não ter podido esquiar ontem teve uma grande compensação, a melhor neve até então!! Acordamos já com um dia lindo, céu super azul e tudo coberto de uma grossa camada de neve fofa, deliciosa para esquiar. Foi nosso melhor dia também em termos de o que conseguimos fazer. Saímos e voltamos para a Suiça, desta vez com planos de explorar um outro vale e fomos para Chaten. Paisagem deslumbrante, pouca gente, pistas incríveis. Estava tão bom que almoçamos uma ótima pizza em um restaurante em uma das pistas e passamos a tarde por lá. Amanhã mais Suiça!


21 de janeiro de 2013 – segunda feira, oitavo dia de ski
Hoje fizemos nossa primeira excursão à Suiça. Subimos um ski lift, descemos uma pista, subimos outro ski lift e lá estávamos na fronteira entre a França e a Suiça. Nada mais fácil…descer do ski lift e esquiar para a Suiça. Como a população da França é bem maior do que a da Suiça, as pistas daquela lado eram muito mais vazias, o que foi um alívio depois da experiência de domingão com sol. Mas, a redor do meio dia o tempo deu uma virada completa e começou a nevar cada vez mais forte, a visibilidade diminuiu para poucos metros e o vento aumentou drásticamente. Tempo de voltar para casa para almoçar. Mas, o vento só piorou e a tarde foi de sessão pipoca assistindo um vídeo no computador. Ski só amanhã…


19 de janeiro de 2013 – sábado, dia livre

Nós dois estávamos sentindo os músculos das pernas e foi super bom ficar descansando por um dia inteiro apesar que olhando o pessoal esquiar me deu uma grande vontade de sair por pelo menos um tempinho, mas resisti pois acho que assim será melhor.
Só levantamos as 10 da manhã e saímos para ir na imobiliária para visitar mais um apartamento para daqui há duas semanas. Não gostamos e voltamos lá e nos deram uma outra chave e este sim é super bonitinho. Mínimo como o que estamos, mas super novo e mobiliado com cuidado e o melhor, disponível por 3 semanas. Então vamos ficar aqui até sexta feira desta semana e daí neste outro até irmos embora no dia 16 de fevereiro.
Daí fomos andar pela rua principal sob uma forte nevasca que a partir do meio dia começou a cair deixando tudo ainda mais bonito. O plano era caminhar um pouco e depois ir para o Aquariaz, um enorme conjunto de piscinas cobertas e um jacuzzi enorme do lado de for a que hoje com esta nevasca devia estar fantástico…mas, o lugar fecha aos sábados!!! Voltamos para casa um pouco frustrados.


20 de janeiro de 2013 – domingo, sétimo dia de ski

O dia amanheceu lindíssimo e com o passar das horas só melhorou. No meio da manhã tivemos de parar em um restaurante para tirar a segunda pele, balaclava e colocar luvas mais leves. Delícia poder esquiar sem tanta roupa.
Hoje acabamos de explorar as pistas azuis que faltavem aqui em Avoriaz e nenhuma delas nos surpreendeu. Acho que agora estamos confiantes o suficiente para fazer qualquer uma delas, aqui em Avoriaz e nos outros resorts que são ligados pelo enorme sistema de ski lifts do Porte de Soleil. A única surpresa hoje foi descer uma das pistas cheia de calombos que exigiam que nos fizéssemos curvas fechadas uma atrás da outra. Também hoje tive minha primeira colisão. Uma menina estava sendo atendida pelos para médicos, colocada em uma maca e isso estava acontecendo no meio de uma pista estreita. Eu desviei pela direita e um ouro esquiador pela esquerda e nos encontramos de cara no meio da pista. Resultado, eu fui para o chão e fiquei com uma leve distensão no ombro esquerdo. Nada sério, mas que mostrou o quão fácil é se machucar neste esporte. Aliás, por incrível que pareça isso aqui me lembra o trânsito da Índia. Não há regra alguma, todos fazem loucuras e ninguém fica bravo com ninguém. Mas, ver um monte de gente descendo a mil por hora uma pista em um domingo de sol lembra realmente um daqueles vídeos do You Tube sobre cruzamentos na Índia!!!


18 de janeiro de 2013 – sexta feira, sexto e último dia de aula
O dia amanheceu super bonito, sem vento e com um azul intenso das montanhas. Depois de uma descida de aquecimento fomos para a pista mais inclinada que já fizemos, daquelas que você para no início, olha para baixo e diz – No way José!!! Mas, o ski é um excelente treino para resolver grandes problemas. Frente a uma descida forte demais, você simplesmente quebra ela em zig zags suaves e aos poucos vai descendo…como na vida! E assim fomos, inclina o corpo para frente, coloca o peso na perna de baixo, olha para onde quer ir e o ski te segue, daí você atravessa a descida perpendicularmente, muda o centro de gravidade, inclina o corpo para frente e faz mais uma curva. Me senti absolutamente em controle a manhã toda a simplesmente não acreditava no progresso que fiz nesses curtos seis dias. Decididamente foi super importante ter feito todas essas aulas! Mais tarde aconteceu uma coisa mágica. Estamos descendo uma pista bem íngreme e estreita e, como sempre, estou concentrado em fazer as manobras e nem vejo bem onde estou. Daí a Lisete me diz – Você não acredta que pista é essa!!! – Era a Combe de Foret, aquela azul que fizemos no segundo dia e que foi um pesadelo. Agora era fácil, bem fácil e eu não podia acreditar que tanto progresso tinha sido obtido em tão pouco tempo. Desci o restante da pista com um grande sorriso no rosto.
No final da aula tivemos um presente do Charles, ele nos levou para um parque, como são chamadas as áreas com rampas de salto e obstáculos. Claro que era uma de iniciantes, mas não tinha esperanças de fazer um percurso desses ainda nesta semana. E adoro essas coisas…Eram três rampas arredondadas, como uma sequência de três colinas. Ele nos disse para descermos sem frear que tudo daria certo. Contei até três, respirei fundo e lá fui ganhando cada vez mais velocidade. Passei a primeira com um friozinho na barriga, a segunda cada vez mais rápido e a terceira a uma velocidade alucinante. Não cheguei a saltar, mas os skis sairam do chão alguns poucos centímetros. Claro que ao final estávamos todos super excitados e não parávamos de falar. Subimos outra vez e descemos novamente, só que agora já sabendo o que iria acontecer, com muito menos medo.
Nos despedimos do Charles, embora não para sempre como para o Adrian, a Susan e a Liane, pois eles estão indo de volta aos seus trabalhos. Nós que ainda temos mais quase 4 semanas aqui decidimos descansar amanhã, treinar sozinhos o que aprendemos durante a próxima semana e daí sim ter mais uma semana de aulas. Ao final ele disse que tínhamos ido super bem. Me disse que eu poderia pegar aulas do nível dois, saltando o nível um!!
Para comemorar fomos para o Yeti Bar comer uma tartiflete com uma deliciosa cerveja branca belga. Nos despedimos de nossos companheiros de curso e voltamos para a montanha para descer a pista da floresta que havíamos feito de manhã e que tanto medo nos havia dado no segundo dia. Ela percorre um lindo trecho de pinheiros carregados de neve descendo de maneira muito sinuosa até 1400 metros. No final desta pista a neve tinha se transformado em gelo e os últimos 400 metros de descida foram horríveis com os skis deslizando perigosamente no gelo.
Para terminar a semana com chave de ouro voltamos a subir a montanha em frente ao nosso apartamento e descemos duas vezes uma longa pista cada vez buscando ir mais rápido e mais em controle. Ao final da segunda o frio nos mandou para o calorzinho de nossa casa.
A noite fomos ao cinema, tem duas salas aqui que mostram ao redor de 10 filmes por semana. Fomos ver o excelente Argo sobre os reféns na embaixada americana em Teeran nos anos 80. As cenas da cidade, principalmente do bazaar central, me deram ainda mais vontade de ir para o Iran no meio do ano, plano que venho acalentando já há alguns anos.
Fomos deitar super tarde para nossos padrões, a maia noite. Amanhã dia de descanso, de dormir até tarde e acordar com o dia já claro!


17 de janeiro de 2013 – quinta feira, quinto dia de ski
Enquanto tomávamos o café da manhã víamos pela janela o vento fortíssimo levantar nuvens de neve e sacudir as montanhas. O dia foi super frio, quando passamos por um quadro de avisos em frente ao ski lift marcava 14 graus negativos!!!Por todo o dia ficamos com as mãos geladas apesar de estarmos usando várias camadas de roupas, balaclava e nossa luva de montanha mais grossa.
Hoje fomos pela primeira vez para a montanha em frente à nossa casa, até então exploramos apenas a parte de trás. As vistas deste lado são espetaculares com o resort pendurado em cima de um promontório com penhascos íngremes que despencam rumo a Morzine. Ontem o por do sol nesses penhascos foi espetacular e hoje o nascer do sol novamente tingiu as rochas de cor de rosa. Descemos uma pista maravilhosa, do grau perfeito para nossa atual habilidade. Infelizmente o Adrian hoje não estava em seu dia. É incrível como a gente clica e desclica em nossa habilidade. Em um momento você está ótimo, para depois, logo em seguida, se sentir super inseguro e regredir em sua habilidade. Mas, tudo está na cabeça, é um jogo mental terrível. Quando isso acontece comigo procuro parar um pouco, respirar fundo, me concentrar e daí tudo volta a acontecer de forma correta. Apesar de ter os músculos das pernas muito fortes de anos de escaladas e trekkings termino essas pistas mais longas com a perna ardendo do esforço. Perguntei ao Charles se isso era normal e ele me disse que é por que não inclino o corpo para frente…e eu que achava que estava com a posição do corpo correta. Mais uma vez me concentro e inclino e a dor melhora.
Próximo do fim da aula a Lisete começou a reclamar de muito frio na ponta dos pés e decidimos tomar um delicioso chocolate quente com rum, especialidade local. No final, acabamos almoçando no charmoso restaurante de frente às pistas. O prato do dia era uma massa local com salsichas e molho de champignon, delicioso. De lá, ela decidiu descansar por uma hora e eu segui esquiando. Quando voltei para casa para buscá-la, uma hora depois, ela me disse que estava com muita dor nos dedões e que não conseguia nem colocar a bota de ski. A bota dela estava úmida depois de 5 dias esquiando e decidimos que iríamos trocar mais tarde por uma seca. Voltei a esquiar, mas o frio estava terrível até para mim que normalmente não sou friorento. Passei no centro do vilarejo e achei o que procurava desde que chegamos, um wank talkie para não mais nos perdermos caso a gente acabe separado em alguma pista.
Depois de voltar do vilarejo onde trocamos a bota da Lisete, compramos uma mochila pequena para mim e um goggle de lente amarela para dias de pouca visibilidade para a Lisete, cozinhamos um delicioso filet de frango com creme de milho regado a vinho quente.


16 de janeiro de 2013 – quarta feira, quarto dia de ski
Começamos o dia com duas práticas de slalon e o progresso foi notável. Muito mais controle, mais velocidade e pela primeira vez consegui parar com aquelas deslizadas de lado que são tão bonitas quando você vê na televisão os jogos olímpicos de inverno quando ao final de uma descida absurda o esquiador para jogando neve para o lado. Mas, claro, o que fiz não foi nada disso, apenas parei deslizando um pouco, sem neve e sem show. Mas, fiquei feliz do mesmo modo!
Hoje levamos uma bronca em regra do instrutor que disse que não estávamos arriscando coisas novas, que ao contrário do esperado não estávamos caindo muito e isso era porque não estávamos arriscando. Parece que a bronca deu resultado pois todos esquiaram melhor depois disso. Descemos algumas pistas mais ingrímes e eu me senti super confortável com as viradas mais fechadas e com o ângulo do pista. Depois fizemos um exercício muito legal de seguir o mestre. O Charles ia a frente e nós tínhamos de seguir exatamente o seu trajeto. Isso tira a atenção da piramba que tínhamos à frente. Ski exige foco absoluto, por horas você não faz outra coisa do que estar alí presente a cada parte do seu corpo, a cada movimento, principalmente para nós que estamos ainda aprendendo e com isso ainda não automatizamos nada. A concentração é tão grande que muitas vezes não percebemos nem por onde fomos e quando, à tarde, tentamos fazer o mesmo que fizemos pela manhã, não lembramos o caminho com o labirinto de pistas e ski lifts.
Ao meio dia fomos até a imobiliária para ver se nosso apartamento estaria livre para depois das 2 semanas que o alugamos. Infelizmente não, teremos de mudar e ficar em outro por uma semana e ainda outro na semana seguinte. É incrível como a vida faz com que nunca durmamos na mesma cama por um período longo. Em nossa vida normal, sem endereço fixo, mudamos com uma frequência enorme, uns dias em um hotel, depois barracas, depois outro país e tudo de novo. Aqui teríamos a oportunidade de ficar 40 dias no mesmo lugar…mas, não será assim. Fomos ver como é o outro apartamento e ele é um pouco maior que este que estamos com um quanto e sala e não um só ambiente como este. Assim como agora, ele fica ao lado de uma “rua de neve” de modo que sairemos também com os skis nos pés desde a porta do apartamento. Voltamos para a imobiliária e fechamos por mais uma semana. O outro visitaremos no sábado para a semana depois dessa. Com isso estamos nos comprometendo a ficar aqui por um mês. Estamos felizes!
A tarde passamos basicamente repetindo o que fizemos de manhã, brincando de gato e rato, um seguindo o outro. Delicioso!
O menú do jantar foi curry com frango e salada.


15 de janeiro de 2013 – terça feira, terceiro dia de ski
Hoje foi um dia de aulas particularmente importante e difícil, começamos a aprender a fazer curvas e a frear não mais usando a técnica de skis em V, mas usando a borda de metal do ski com os skis paralelos, muito mais efetivo. Mas, apesar de ser super importante nos dois primeiros dias fazer o V, agora estávamos todos como que acostumados com isso como quando se aprende a andar de bicicleta com rodinhas e depois se tenta tirar. Eu peguei mais ou menos rápido, mas a Liene e a Susan decididamente se acostumaram com o V e passaram o dia todo lutando contra isso. O segredo para conseguir fazer a curva desta forma “sliding”é fazer com mais velocidade e para isso você precisa confiar na técnica, amedrontador no começo, mas delicioso quando você consegue. Fui durante a manhã gradualmente aumentando minha velocidade e ficando cada vez mais feliz com isso. Depois de alguns exercícios descemos uma pista de principiantes, mas com slalon, ou seja, dois bastões colocados em lados opostos da descida como se fossem portas (gates) pelas quais você precisa passar fazendo um zig zag pista abaixo. Delicioso, não fosse a humiliação de ter de dividir este exercício com crianças de 4 anos!.
A tarde nos aventuramos novamente em uma pista nova, só que desta vez tínhamos perguntado que tipo de azul era. Foi mais íngreme do que o que fizemos de manhã, mas dentro de nossas novas habilidades. Praticamos e praticamos o que tínhamos aprendido e percebi que o sofrimento do dia anterior tinha pelo menos dado alguns frutos, estava com menos medo, mais confiante. A terapia de choque do dia anterior tinha, pelo jeito, valido a pena.
A noite, como tem acontecido todas as noites, sonhei sem parar com ski e mesmo quando não estava dormindo, apenas de olhos fechados ainda via incessantemente cenas do que tinha acontecido durante o dia. Isso só tinha acontecido comigo quando fiz meus primeiros saltos de paraquedas e quando aprendi kayak de corredeira. Isso deve sinalizar o grau de adrenalina que experimento durante o dia por aqui!


14 de janeiro de 2013 – segunda feira, segundo dia de ski
Desta vez e pelo resto da semana a aula foi de manhã, das 9 da manhã as 11:30. Acordamos as 7:30 e ainda era noite. Com o fuso horário não dormi tudo o que precisava e levantei no frio da manhã ainda com muito sono. Depois de 5 minutos de caminhada gelada estávamos novamente na escola prontos para mais um excitante dia de aulas.
Subimos diretamente para o topo do ski lift de ontem e descemos mais algumas vezes a mesma pista, cada vez sentindo um pouco mais de controle. De lá tomamos outro ski lift e a nossa frente estava uma longa descida bem mais inclinada do que a que tínhamos descido até então. A idéia era agora treinar as curvas usando o método de skis em V, mas tentando inclinar o corpo para frente que de acordo com o Charles é a chave para esquiar bem. Só que isso é completamente contra tudo o que teu corpo quer fazer. Frente a uma descida em frente a você, o que o corpo quer é inclinar para trás e não para frente. Inclinar o corpo para frente é, no início, amedrontador, mas é isso o que você tem de fazer para manter o controle. Levamos todos um monte de tempo para descer esta pista e ao final perguntei que tipo de pista era, esperando que o instrutor nos dissesse que era uma verde, a mais fácil que tem fora a de crianças que era o que tínhamos feito antes. Pra surpresa geral e claro um grande orgulho nosso ele nos disse que era uma azul, a segunda em termos de dificuldade. Depois disso vem a vermelha e a preta.
Voltamos a prtaicar nesta pista e aos poucos apareceu o padrão que iria se manter nos próxims dias. Eu, a Lisete e o Adrian desciamos na frente, muito mais em controle e com mais técnica. Depois vinha a Liene,c aindo com frequência e mais atrás ainda a Susan que decididamente não leva jeito para o esporte.
Exaustos, voltamos para casa para almoçar e descansar um pouco antes de nos aventurarmos a tarde sem instrutor, mas todos confiantes pois tínhamos feito uma azul!!! O que não sabíamos era que dentro desta categoria – azul – existia muita diferença. Ao contrário da escalada em rocha onde cada grau tem 3 ou 4 subdivisões (6a, 6b, 6c por exemplo) no ski só tem 4 categorias de modo que tem azuis fáceis, muito fáceis e azuis muito difíceis beirando uma vermelha…só que ao ver uma plaquinha com a cor azul você não sabe o que é. Esse foi nosso erro que nos custou caro..
Descemos uma pista já conhecida e em seguida reslvemos explorar algo novo. Como era uma pista azul não nos preocupamos muito, deveria ser do mesmo grau de dificuldade do que já havíamos feito. O começo era bem íngreme, mas depois deveria melhorar. Só que ao invés de melhorar só piorou, fcou mais íngreme e mais estreita. Estava tão preocupado em não morrer que perdi totalmente a noção de se a Lisete estava em frente ou atrás de mim. As vezes conseguia esquiar quase sem controle e outras vezes simplesmente congelava. Ficava parado olhando o abismo abaixo de mim e não conseguia me mexer. Algumas partes simplesmente desci de lado, passo a passo com meus skis nos pés. Daí criava coragem e descia novamente esquiando. As pistas todas tem postes de marcação a cada mais ou menos 50 metros e aos pouco vi aqueles números diminuindo. Com muito alívio vi que estava chegando ao fim, mas para meu desespero, esta pista acabou em outra igualmente difícil que tinha outros 13 postes de marcação!!! Parei para esperar pela Lisete. A idéia de pegar esta pista em particular tinha sido minha e estava não só preocupado pela segurança dela, mas també se ela estava brava comigo por nos ter colocado nesta situação. Esperei meia hora lá, mas nada dela. Será que ela estava na minha frente me esperando no fim da pista? Ou será que se machucou. O walk talkie que tinha planejado comprar ainda não havia chegado na única loja que vendia este tipo de material em Avoriaz, não havia maneira de saber o que tinha acontecido com ela. Resolvi criar coragem e terminar aquele martírio, mais 600 metros de abismo (ou assim naquele dia a pista me parecia). Ao final, estava com dor nos quadriceps e temendo por meus joelhos..e nada da Lisete. Resolvi voltar para nosso apartamneto para ver se ela estava lá, mas nada também. Encontrei com ela na rua quando subia de volta ao vilarejo e para meu alívio (culpa?) ela estava com um sorriso no rosto apesar de exausta. Ela tinha, claro, passado pelas mesmas dificulades, medos, bloqueios que eu, mas tinha tomado uma saída antes que a minha e que no desespero de me manter sem cair nem vi a placa. Trocamos experiências e depois de um curry com frango regado a um vinho tinto para relaxar os músculos das atribulações do dia fomos dormir.


13 de janeiro de 2013 – domingo, primeiro dia de ski
Acordamos tarde e ao abrir a janela o que vimos? Neve claro, neve fresca por todos os lados. Estava nublado e tinha nevado durante a noite. Saímos para nossa compra de super mercado para poder cozinhar, atividade esta que por ser bem rara na nossa vida é um prazer. Existem dois super mercados, um menor que se chama Sherpa e um Carrefour. Voltamos com duas mochilas repletas de coisas gostosas e fizemos um almoço com sanduiches de baguete francesa, camenbert, salame, tomates e alface. Voltamos a sair, e antes da aula fomos a uma loja de aluguel de material de ski que tinham nos recomendado. Haviam 3 sets de material com skis, bastões e botas, um para iniciante, outro para intermediários e o último para avançados. Claro que pegamos o de iniciantes, ams a dona da loja nos disse que em poucos dias já poderíamos trocar para o intermediário que ra mais rápido e um pouco mais “nervoso”. O aluguel do set de inicantes custava 60 euros por semana, um preço super razoável. Um amigo, o Enrico, que já esquia há bastamte tempo me recomendou não comprar o material e sim alugar já que seria melhor entender melhor o esporte antes de escolher um. Sábio conselho já que se fosse comprar não teria idéia do que escolher.
De lá fomos para o grande acontecimento, nossa primeira aula de ski. Tinha achado por internet uma escola que oferecia duas horas e meia de aulas por seis dias por 175 euros por pessoa. Nos encontramos com nossos companheiros de aulas, o Adrian, um policial irlandês super bem humorado, sua esposa a Susan que trabalha na federação irlandesa de ciclismo e organiza tudo para a equipe nacional e a Liane, uma psicóloga holandesa. Os 3 são tão novatos quanto nós e tem uma semana aqui antes de voltar aos seus países e ao trabalho. Nosso instrutor é francês, tem ao redor de 30 anos e chama-se Charles (ou pelo menos se apresenta assim para facilitar aos de lingua inglesa já que as aulas são em inglês). Já trabalha aqui há 8 temporadas e no verão ensina wind surf em Biarritz.
A primeira aula começou com alguns exercícios de equilíbrio com apenas um ski em uma área plana. Depois trocamos e fizemos tudo novamente e apenas depois disso pusemos os dois skis nos pés. Depois de quase uma hora disso descemos uma rampinha super suave e aprendemos a frear colocando as pontas da frente dos skis próximos como que em uma letra V com o vértice para baixo. Fomos então para nossa primeira pista, nós e um monte de crianças de 4 a 5 anos de idade, super bonitinhas com capacete, roupas de ski, goggles que com desenvoltura invejável tomavam o ski lift ajudados por seus instrutores. E lá fomos nós rumo ao topo de uma pista pouco inclinada, mas amedrontadora da mesma forma para nós que desceríamos pela primeira vez. E….não cai, como esperava. Vinte anos atrás quando fui esquiar na Austrália, minha ex esposa me deu cinco minutos de aulas e me largou em uma pista muito mais difícil que a que descemos desta vez. Não deu outra, tombo atrás de tombo e descidas completamente desgovernadas. Desta vez, a pista estava de acordo com o que tínhamos aprendido. Voltamos a repetir mais duas vezes sempre recebendo instruções do que fazer e acabei a aula surpreso com o progresso que tinha feito nessas curtas duas horas e meia de aula. Fui para casa feliz! Um strogonoff delicioso e cama.


12 de janeiro de 2013
Após 12 horas de vôo e cinco filmes já que não consigo dormir um segundo em aviões pousávamos em Zurich onde após uma breve conexão tomamos outro vôo, desta vez muito curto, para Genebra. Lá uma van (28 euros por pessoa) nos esperava para a linda viagem de 1:30 horas subindo de 400 a 1800 metros. O dia estava lindo com céu azul, mas mesmo assim quando chegamos ao final de nossa longa viagem o frio estava intenso. No escritório da Informação Turística encontramos também a imobiliária onde fomos super bem atendidos pelo Greg, um jovem francês que respondeu com muita paciência nossas infinitas perguntas. Lá também compramos nosso ski pass, o cartão que nos permite esquiar em qualquer dos 650 km de pistas do Porte de Soleil, qualquer um dos 197 teleféricos do conjunto de resorts. Pagamos 494 euros cada um por 21 dias de passe. Aos poucos já estamos realmente admitindo para nós mesmo que vamos ficar aqui por um longo tempo…
Pegamos a chave e tomamos uma carroagem (8 euros pela viagem de 5 minutos) que nos levou até a porta de nosso prédio. Dezessete metros quadrados era um conceito um pouco abstrato. Quando chegamos ficamos um pouco chocados com o tamanho do lugar, mas aos poucos fomos organizando nossas coisas e rearrumando os poucos móveis de modo a ficar mais confortável. O apartamento tem um beliche, uma mesa, um armário, uma cozinha com geladeira, um fogão de duas bocas, micro ondas e um armário. O banheiro tem um box bem pequeno, mas com água abundante e muito quente. Além disso uma televisão (com programas apenas em francês) e um aquecedor elétrico. Passado algum tempo, já nos sentíamos em casa. Para nós que passamos boa parte do ano em barracas, não é difícil se sentir a vontade em um apartamento por menor que seja.
Estavamos super cansados e nesta noite resolvemos jantar fora. A escolha não poderia ser outra: fondue acompanhado de um gostoso vinho tinto (30 euros por pessoa). Tínhamos ido com nossas botas de trekking e em pouco tempo estávamos com os pés gelados. Entramos em uma das muitas lojas de ski do vilarejo e compramos nossas snow boots, artigo essencial para este lugar onde tudo é coberto por neve. Agora sim, estávamos com os pés secos e quentinhos.


Novembro de 2012
Escrevo este blog para dividir com vocês minha experiência de esquiador aprendiz e estimular outras pessoas a experimentar este esporte incrível no qual apenas estou começando, mas pelo qual já estou completamente apaixonado. Meu concunhado tinha razão. Ele me disse que assim que começasse eu iria me perguntar porque nunca tinha feito isso antes.
Por muitos anos desejei fazer exatamente o que estou fazendo e não fiz por que tive medo de me machucar, lesar meu joelho, por exemplo, e como tanto em meu trabalho como em meu lazer vivo do meu corpo sempre evitei o ski. Também sempre pensei que este tipo de férias, passar um mês em um resort transado dos Alpes Franceses, fosse uma coisa completamente impossível do ponto de vista financeiro. Este diário então tem a função de mostrar para as pessoas que esta é uma possibilidade real para pessoas de todas as idades e não tão caro assim.
Em meu trabalho, eu e a Lisete procuramos concentrar nosso período de trabalho de modo a ter longas férias. Quando trabalhamos guiando grupos trabalhamos ao redor de 14 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês. Com isso podemos trabalhar seis meses por ano e ter seis meses de férias. Quando este período de férias estava se aproximando comecei a pensar em que poderia fazer, onde ir e as alternativas que pensei, embora todas muito atraentes, não faziam meu coração bater mais rápido. Pensei em fazer travessias de snow shoes (raquetes) no Yellowstone no inverno quando o parque está vazio e lindíssimo. Pensei em fazer alguma viagem de sea kayak, talvez na costa do Canadá ou então na Baja California. Pensei em fazer o trek pelo rio Zanskar congelado no inverno, no norte da Índia nos himalaias. Todos estes programas são incríveis e mais cedo ou mais tarde farei todos eles, mas agora eles não eram o que eu buscava. Veio então a idéia de esquiar por um período longo o suficiente para aprender de maneira sólida e poder avançar rapidamente. Assim que pensei isso, sabia que era o que eu queria fazer. Conversei com a Lisete que topou imediatamente embora nem eu nem ela tenha qualquer experiência anterior com skis. Para ser mais preciso, ela nunca tinha posto um par de skis nos pés. Eu tinha esquiado dois dias na Austrália e uma vez na Índia, mas isso foi há mais de 20 anos atrás.
Comecei a pesquisar os diversos resorts nos Estados Unidos e nos Alpes, escrever para imobiliárias procurando algum pequeno apartamento para alugar. Ficar em hotéis e comer fora todos os dias seria proibitivamente caro por um período tão longo. Definimos que iríamos ficar do dia 12 de janeiro ao dia 19 de fevereiro. Mas, o meu antigo sonho não era apenas esquiar e sim ficar em um resort na neve, desses que você sai de seu apartamento e já está na neve, o correspondente ao pé na areia só que na neve. Um lugar onde eu não precisasse de um carro ou de tomar ônibus todos os dias para ir e voltar do ski. Esse tipo de acomodação nos Estados Unidos (Colorado e Utah) era demasiadamente caros. Já estava me conformando em não ter o que queria quando por acaso comentei com uma amiga, a Mica, e ela me contou que tinha achado um apartamento no resort de Avoriaz na França exatamente como eu queria e por US$ 60 por dia. Nunca tinha escutado nada sobre Avoriaz e fui imadiatamente ver na internet como era e o que ví me deslumbrou. O resort é parte de um conjunto de 12 outros resorts ligados por 650 km de pistas de ski de todos os níveis se espalhando pela França e para Suiça. Fica em um lindo promontório e é completamente pedestre, ou seja, não há carros, ônibus, nada, apenas carroagens puxadas por cavalos no melhor estilo Papai Noel com sininhos no pescoço e tudo.
Reservamos um apartamento de 17 metros quadrados, mínimo, por duas semanas, compramos os bilhetes aéreos São Paulo – Genebra – São Paulo para as datas que tínhamos pensado, 40 dias esquiando e estávamos prontos. Por um pouco de cautela não reservamos acomodação por todo o período, queríamos ver se gostávamos do esporte e do lugar para daí reservar acomodação para o restante do período. Dia 11 de janeiro, apenas 3 dias após voltarmos do Aconcagua onde tínhamos guiado 3 trekkers ao campo base e 10 pessoas para a escalada ao cume, embarcamos rumo a nossa aventura.