Estes dias me peguei pensando sobre os caminhos de cada pessoa e vi que tenho muitas amigas que ainda não se encaixaram em nenhum. Por isso, nesta semana do dia das mulheres, quero deixar aqui uma reflexão sobre o assunto.
É engraçado como o caminho de algumas pessoas se define rápido, enquanto para outras pessoas é um longo processo. Me lembro de estar na escola e alguns amigos já tinham definido que queriam ser veterinários, biólogos ou advogados. E realmente seguiram esse percurso e hoje estão muito bem e satisfeitos em sua área. Eu decidi qual curso iria fazer na graduação de uma forma imatura, sem saber direito o que era o curso que escolhi. E lá fui eu estudar engenharia mecânica. Não gostei de nada, fui empurrando com a barriga o tempo todo. Me formei simplesmente porque não sabia para que lado ir. Pensava em largar, mas ao mesmo tempo vinha a questão: então, vou fazer o que??? Dessa forma, terminei o curso. Trabalhei na área, dando aula na PUC em Curitiba e depois trabalhando em empresa. Mas é engraçado, hoje em dia se me perguntam qualquer coisa sobre engenharia, não sei responder. Deletei tudo do meu HD interno!
Justamente por não gostar do curso, segui paralelamente fazendo o que eu gostava, como uma válvula de escape: atividade física. Fiz de tudo, desde jogar vôlei, polo aquático, mountain bike, academia. No último ano da faculdade é que fui conhecer a escalada em rocha e caminhadas. Sim, um universo se abriu para mim. Mas não foi só alegria... esse mundo gira entre alegrias e frustrações, e passei por todas essas fases. Segui em frente, não sei bem por quê. Algo me empurrava para esse caminho. Mas ainda não me passava pela cabeça que um dia iria trabalhar exclusivamente com atividades outdoor.
Para muitos os caminhos se abrem lentamente, num processo de tentativa e erro, de descobertas. Eu sabia o que eu não queria, mas não fazia idéia do que queria. Isso é mais comum do que a gente pode imaginar... Creio que isso acontece pois algumas profissões sequer existem em nosso universo. Eu nem sabia da existência da profissão de guia de montanha e trekking aqui no Brasil, muito menos de educador outdoor. Então, como eu poderia seguir um caminho que eu não enxergava? Essas informações vão chegando, lentamente, num longo processo. A grande questão é a busca.
Buscar é difícil. É um equilíbrio entre colocar energia em um caminho sem saber se vai dar certo e ao mesmo tempo ter paciência para se ter alguma resposta. É ser determinado e flexível, estar aberto a novas idéias. É ter um tanto de teimosia, ao “enfrentar” amigos e familiares que vão tentar convencer você a ter um emprego fixo e estável. É saber dizer não, sem precisar levantar a voz, mas com toda a firmeza do mundo e sem dar margem a discussões. Muitas vezes também é ficar perdido no meio do caminho, sem nenhuma perspectiva mas com uma certeza de que respostas irão chegar. Ser um buscador tem uma armadilha: ficarmos tão focados na busca, e tão críticos, que nunca nada está bom. Temos também que ser “encontradores”.
Meu caminho se abriu aos 39 anos. Sim, bati a cabeça por todo esse tempo. E quando aconteceu, não foi aquela coisa, trombetas soando, perfume no ar. Eu não sabia se era mais uma tentativa ou se desta vez era real. Devagar as respostas foram chegando e defini que era isso que eu queria, que fazia sentido em minha vida, que me alimentava a alma. E uma vez definido, pude me dedicar a ser melhor a cada dia dentro dessa escolha.
Para todas as minhas amigas, que conheço pessoalmente ou não, ou até que não conheço, mas que seguem nesta vida como mulheres: não desistam dos seus sonhos, mesmo quando não souberem exatamente que sonho é esse. Ouçam seus instintos. Acredito que nosso caminho já existe dentro de cada uma de nós. Temos que ter a coragem de olhar para ele e seguir em frente.
Bons ventos em sua jornada! Grande abraço!
Lisete Florenzano
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