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Necessidade de evitar a “Cegueira da Neve”
Artigo técnico
 
 
 
Publicado em 05/05/2011 - 23h01 - Karina Oliani
 
 
 
GRAVAÇÃO - Karina Oliani gravando a matéria no Aconcágua. Foto: Roberta Recoder
 
 
 

A maioria das pessoas deve saber que os raios ultravioletas podem causar danos irreversíveis à pele e aos olhos. Doenças oculares conhecidas, tais como catarata e degeneração macular. Até a Cegueira da Neve é uma condição grave que pode levar uma pessoa à cegueira total.

Apesar das radiações serem invisíveis aos olhos humanos, seus efeitos são claramente percebidos quando não se toma o devido cuidado. Há quase um século, os exploradores do Ártico forneceram os primeiros relatos dos efeitos adversos da radiação ultravioleta nos olhos. A cegueira da neve ou Snowblindness foi o termo por eles usado para descrever as queimaduras na córnea sofridas por muitos deles devido à grande exposição ao sol e à reflexão pela neve.

A radiação ultravioleta (UV) é emitida pelo Sol e sabemos que há três tipos, UV-A, UV-B e UV-C, por ordem decrescente de comprimento de onda. Na teoria, quanto menor o comprimento da onda, pior o dano causado pelo raio. Sendo assim, os raios UV-C seriam os grandes vilões da história. Mas para a nossa alegria, os raios UV-C (< de 280 nanômetros) são absorvidos pela camada de ozônio. Assim, a Cegueira da Neve é causada pelo excesso de radiação UV na córnea, especialmente os raios UV-B.

O Sol é o principal fornecedor de radiação UV mas não é o único! No nosso dia a dia há ainda as lâmpadas de bronzeamento, instrumentos de soldadura, lasers, entre outros. As nuvens absorvem parte da luz visível, e em menor grau a ultravioleta e, num dia nublado, a quantidade de UV recebida pode ainda ser grande apesar de não se sentir a luz do sol. A quantidade de UV recebida é aumentada quando é refletida por neve que aumenta esse índice em até 80% dos UV ou pela areia, aumento de até 15%, ou pela espuma do mar que reflete até 25 % dos UV.

Em alta montanha e estações de esqui, a quantidade dos raios UV recebida, por causa da altitude, aumenta. A cada 305 metros mais acima, temos 4% a mais de incidência dos raios UV. Quando o Sol está mais alto, a luz é menos filtrada e 50% dos UV são recebidos entre as 11h da manhã e as 2h da tarde. Por esses motivos, um cuidado especial deve ser tomado por pessoas que pretendem ir para uma montanha com neve.

Os escaladores de alta montanha que precisam usar cilindros de oxigênio (em altitudes extremas-acima de 7000m) se incomodam com o ar quente e úmido que exalam de seus pulmões e acabam embaçando seu goggles e óculos, principalmente durante a descida. Então, é comum que escaladores retirem suas proteções oculares por alguns instantes, que muitas vezes, já são suficientes para causar Snowblindness.

Uma pessoa que se expôs ao sol da montanha pode sentir dor ocular intensa, apresentar olhos vermelhos, aparecimento de halos ao olhar para luz, edema palpebral, aumento visível do lacrimejamento e as pupilas contraídas. E esses sintomas podem levar de 6 a12h para aparecerem.
Dependendo da gravidade da lesão e do tratamento recebido, o escalador pode voltar a recuperar a visão em cerca de 18h. E a superfície corneana leva em média de 24-48h para se regenerar. Mas infelizmente há casos onde a cegueira é total e permanente.

Uma vez que o efeito dos UV é cumulativo, a proteção deve fazer-se sempre que seja desenvolvida uma atividade ao ar livre em dias que não estejam muito nublados. Nuvens espessas bloqueiam os UV, mas uma camada de nuvens finas que atenua consideravelmente a luz visível não tem tanto efeito sobre a luz UV. Nesta altura a necessidade de proteção não é tão sentida, mas igualmente necessária.

O objetivo é então bloquear os UV impedindo-os de chegar ao olho. As principais ajudas para este efeito são chapéus e óculos de sol.

Os óculos de sol devem bloquear 99-100% tanto da luz UV-A como UV-B. Além disso, o melhor é ter um óculo que absorva 75-80% na luz visível e idealmente dê alguma proteção para a retina em relação à luz violeta e azul. Um óculos com armação que contorne a face oferece maior proteção porque bloqueia os raios periféricos.

Vai a dica: Para quem usa lente de contato, é também necessário o uso de óculos de sol e melhor ainda se as próprias lentes de contacto tiverem filtro para UV, o que já é possível em algumas marcas. Estas lentes de contato não devem ser usadas em substituição do óculos de sol, mas constituem uma proteção adicional aos UV periféricos que passam por fora do óculo de sol.

 
 
VISITA - Medical Service no Aconcágua. Foto: Roberta Recoder
 
 
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Médica especializada em medicina e resgate de áreas remotas.
Membro da Wilderness Medical Society.
Responsável pelo projeto "Medicina da Aventura" no Brasil. Membro da Brazilian Adventure Society. Registrada nos EUA como Wilderness Emergency Medical Technician.

Pilota de helicóptero, Instrutora de mergulho e membro Divers Alert Network.
Foi salva-vidas do Surf Life Saving Club de Surfers Paradise, Austrália em 1997 e já realizou diversos cursos na área de resgate aquático e terrestre.

Idiomas: Inglês, francês e espanhol.

Foi bailarina durante 12 anos e Jazz por 7 anos.
Foi modelo da Mega.

Atividades voluntárias: Integrante da equipe do Projeto Piauí 2006 - Projeto fazendo história nos anos de 2005/2006 - Projeto Gaia Social de planejamento familiar em 2006.

Foi apresentadora de programas de aventura no Sportv, TV Jam e TV Record.

Atualmente Karina é apresentadora do programa Extremos do Canal Multishow.

Karina é atleta TNT Energy Drink, The North Face e Smith Sunglasses