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COLUNISTA JUS PRADO
 
Festival de Highline Gravatation 2016 – a essência da fita
 
texto e fotos: Jus Prado
13 de junho de 2016 - 10:36
 
Festival de Highline Gravatation 2016 aconteceu em Florianópolis. Foto: Danilo Cinacchi
 
  Jus Prado  

A primeira vez que ouvi falar em slackline foi em 2006, quando já começava também a praticar a escalada com mais frequência. Lembro-me que tencionávamos a fita com a ajuda de uma polia (quando tinha), pedaços de corda, vários mosquetões e cordeletes para o nó prussik. Andar na fita era secundário e apenas um meio para melhorar o equilíbrio, propriocepção, fortalecimento do core e membros inferiores para o desempenho na escalada, além de ser um treino muito divertido e eficaz que ajudava também no foco e concentração. Pouco a pouco o que antes parecia impossível ia se tornando possível e o corpo ia entendendo o movimento, cada passo dado gerenciando o equilíbrio e o desequilíbrio era uma satisfação muito grande que valia a persistência renovando a força de vontade em brincar mais um pouquinho subindo na fita de novo após cair.

Alguns anos se passaram e de repente aquela prática secundária ganhou autonomia e virou febre, contagiando gente de todas as tribos, sendo escaladores ou não. A criatividade e evolução desse novo movimento abriram espaços para novos desafios que se manifestam em diferentes estilos: trickline, longline, yogaline, waterline, highline... São tantas variedades impressionantes! E esse último, o highline, era o que me parecia mais distante de entrar em contato até o dia em que descobri o Festival de Highline Gravatation em Florianópolis.

A segunda edição desse evento internacional aconteceu na semana passada, do dia 26 a 31 de maio, na região da praia do Matadeiro e Lagoinha do Leste em Floripa. Foram 11 linhas montadas para celebrar e integrar essa comunidade de praticantes que vem crescendo no mundo todo! Atletas pioneiros do highline no Brasil: Rafael Bridi, Allan Pinheiros, Cristiano Backes, entre outros profissionais, aprendizes e simpatizantes, estavam presentes e foi uma honra compartilhar seis dias de imersão com essa galera de muito alto astral! Teve gente de Goiás, São Paulo, Espírito Santo, BH, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraná, Pará, e países como Chile, Argentina, México, Itália. Além disso, os atletas internacionais: Jerry Miszewski (EUA), Ryan Robinson (EUA), Jediah Doohan (UK) e Pablo Signoret (FRA) da Balance Community compartilharam conhecimento e equipamentos de segurança na montagem e manutenção das linhas durante o festival.

     
     

Ainda estou digerindo toda essa vivência! Foi um evento sem dúvidas muito completo que contemplou praticante e não praticantes do highline. Na área de camping estabelecida na praia do Matadeiro havia um espaço bacana com cozinha comunitária, slackline, longline e rodeoline montadas pra uso livre dos participantes do festival, tenda onde rolava um som ao vivo a noite e oficinas multiculturais durante o dia. As oficinas foram uma ótima maneira de integrar a galera, teve: meditação, yoga, acroyoga, atividades circenses (tecido acrobático, trapézio e lira), capoeira e musicalidade, procedimentos básicos do highline, entre outras. Além das oficinas e do highline teve também sessão de cinema, rifa de equipamentos, kits com camisetas e cia e até uma festa com DJ. Sem contar a linda praia bem em frente ao camping, que para quem gosta de surfar era mais um chamariz para curtir e se divertir!

Para chegar aos highlines tínhamos que fazer uma trilha de 1h30 mais ou menos, cruzando por vários gravatás, uma planta da família das bromélias muito comum por aqui, e foi em homenagem ao gravatá que surgiu o nome Gravatation como título do festival.

A consciência ambiental e da responsabilidade pessoal para o beneficio do coletivo foram mensagens predominantes para que cada um se sentisse parte do evento em um espírito de união e não-hierarquia. O objetivo principal é disseminar a prática do highline com segurança, mínimo impacto sobre o meio ambiente e o máximo de participação ativa para a conservação do mesmo e reconhecimento de que se cada um fizer a sua parte estará contribuindo para o bem-estar de todos.

 
Jus Prado no Festival de Highline Gravatation 2016 que aconteceu em Florianópolis. Foto: Danilo Cinacchi
 

Em resumo, foi impressionante ver homens e mulheres mandando muito bem no highline, evidentemente com um predomínio de jovens por ser um movimento recente, mas essa exposição desencadeia uma maturidade emocional e expansão espiritual para aqueles que se entregam por inteiro e levam essa filosofia de andar na linha para a vida, com certeza contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes nessa sociedade tão desconexa em relação aos valores e virtudes da vida. Além do impacto físico e sutil, o festival é um exemplo de incentivo para o crescimento do highline no Brasil. Se você puder, não fique de fora do próximo evento em 2017! Garanto que vale muito a pena essa experiência! Gratidão a todos que estiveram lá e aos novos amigos que conheci. Namastê!

Até a próxima!
Jus Prado
Lotus Viajante

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