Histórias dos Alpes
da redação, Texto e Fotos: Jus Prado
14 de setembro de 2012 - 12:25
 
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    Agrad�vel Chamonix Foto: Jus Prado
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    Elias, nos encontramos s� em lugares especiais" Foto: Jus Prado
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    Da esta��o para o Refugio de Tet� Rousse 3167m" Foto: Jus Prado
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    Me despedindo da montanha na primeira tentativa" Foto: Jus Prado
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    Hugh no Refugio de Tet� Rousse 3167m" Foto: Jus Prado
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    Na segunda tentativa com o vilarejo de Les Houches ao fundo" Foto: Jus Prado
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    Montanha com um pouco de neve na segunda vez, Refugio du Go�ter acima" Foto: Jus Prado
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    Registrando os momentos no caminho de volta ao Refugio du Go�ter" Foto: Jus Prado
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    Tentando outra vez, rota alternativa para chegar ao Refugio du Go�ter 3817m" Foto: Jus Prado
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    Voltando do Refugio Vallot 4362m" Foto: Jus Prado
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    Hugh, Jus e Tasseb boas amizades e ricas trocas culturais" Foto: Jus Prado
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    Anoitecer no Refugio du Go�ter" Foto: Jus Prado
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    Cruzando o Grand Couloir" Foto: Jus Prado
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Agrad�vel Chamonix Foto: Jus Prado

 

Na manhã do dia 21 de agosto de 2012 parti de Dublin para Geneva, Suíça, de onde peguei um transfer de mais ou menos 1h15min com destino à Chamonix, um apaixonante vilarejo aos pés dos Alpes.

Tudo combinado com o meu parceiro Hugh, neozelandês, ele estaria me esperando na estação de ônibus de Chamonix. Desci em frente ao teleférico de Aiguille du Midi e depois de um tempinho nos achamos por lá e fomos à busca do nosso couch em Argentière. Para toda essa trip independente eu usei o programa do Couchsurfing (www.couchsurfing.org) e até agora só tive excelentes experiências e pretendo viajar muito mais assim! Para quem não conhece dê uma olhada no site, pois vale a pena.

Bom, nos instalamos em Argentière em um lugar muito, digamos, exótico e conhecemos pessoas muito especiais. Com o calor de quase 30º troquei de roupa e descemos para Chamonix para definir melhor a nossa logística de escalada. As primeiras informações que tivemos foi que estava muito perigoso ir até o Refúgio du Goûter, pois há alguns dias as quedas de pedras no Grand Couloir estavam graves, porém eles não estavam proibindo ninguém de subir, ainda.

Com esta nova informação e previsões não tão boas para o tempo nos dias 24 – 25 de agosto, dias que reservamos um lugar no Refúgio, ficamos pensativos e a questão era: tentar ou esperar? Como tínhamos tempo para esperar e tentar em outros dias ficamos com essa incógnita. Lembrei de uma frase que um grande amigo meu das montanhas, o Velho de Andradas, me disse uma vez: “só escala quem na montanha está” e de certa forma eu queria estar perto para sentir a energia e ver se realmente daria ou não.

Paramos para degustar a deliciosa culinária francesa e permanecemos em busca de que decisão tomar, discutimos várias possibilidades, mas são apenas idéias e um monte de “e se”, hipóteses existentes apenas em nossa cabeça. Fomos a vários outros lugares buscar mais informações sobre as condições da montanha, ligamos nos refúgios du Goûter (3817m), Tetê Rousse (3167m), fomos à casa de guias de montanhas, meteorologia... Enfim, fizemos de tudo para sentir alguma resposta. E o que senti era que tínhamos que estar perto da montanha mesmo diante de todas as adversidades.
E nesse vai-e-vem em Chamonix parei para encontrar o Elias, daqui do Portal Extremos, e tivemos ótimas conversas, risadas, ele me contou como foi o Tour du Mont Blanc, contei meus planos de escalada e o que estava acontecendo, relembramos momentos de outra viagem e como somos chiques, rs, pois só nos encontramos em lugares especiais. Combinamos um almoço para o dia seguinte e segui para dormir em Argentière.

No dia seguinte decidimos ir para Les Houches no fim da tarde e acampar perto do teleférico du Bellevue de onde subiríamos até o Refúgio de Tetê Rousse e assim sentiríamos a montanha. Agilizamos o aluguel de alguns equipamentos que faltavam, almocei com o Elias e também nos despedimos. Pegamos as coisas em Argentière e nos instalamos em Les Houches.

Programamos para começar a caminhar por volta da hora do almoço, passamos no mercado para comprar uns lanches de trilha e pegamos o teleférico du Bellevue do qual partiríamos caminhando até o Refúgio de Tetê Rousse. Havia muitos alertas de perigo sobre as pedras soltas pelo caminho e com muita humildade continuamos com nossos planos.

Primeira tentativa: um calor no primeiro trecho super íngreme que foi um desgaste um tanto desnecessário depois que eu soube que havia um trem que fazia esse percurso, enfim, vamos lá! Fizemos uma breve pausa para o almoço e prosseguimos.

Atravessando o trilho do trem, encontramos poucos montanhistas, pegamos uma parte de pedras onde o tempo começou a mudar, nuvens e uma chuvinha vieram fazer parte do percurso. A chuva parou e começando a subir um trecho que apelidei de “Cuesta Brava” – relembrando trecho de mesmo nome no caminho para o campo base do Aconcagua – começou um vento que igual eu só havia visto aqui na Irlanda em umas das colinas, e aí a progressão começou a ser lenta.

Levamos por volta de 5 horas do fim do teleférico até o Refúgio de Tetê Rousse à 3167m de altitude. Olhamos para o Grand Couloir e não parecia nada amigável, deixamos as coisas no refúgio e fizemos o check-in. Com a alta temperatura dos últimos dias o Grand Couloir estava sem nenhuma neve e depois da janta ficamos um tempo lá fora contemplando a montanha, sentindo sua energia e abertos para uma resposta.

Vimos uma violenta queda de pedras na aresta esquerda da montanha e esta cena mais as nuvens que se formavam sobre o topo quase impedindo de se ver o próximo Refúgio eram respostas bem claras de que aquele não era o momento certo. As previsões para os próximos dias eram de tempo fechado e neve acima dos 3100m. Entramos no refúgio e sentamos para discutir as nossas sensações e sincronizar a nossa decisão. Estar na mesma sintonia ajudou muito a fluir todos estes momentos na montanha, o Hugh foi a todo tempo um parceiro e tanto. Sem dúvidas decidimos descer na manhã seguinte.
Levamos umas 2h30min para descer tudo até a estação de trem, pegamos o trem até o teleférico e de lá nos recompomos no camping com um bom banho e passamos em Chamonix para devolver os equipamentos. Tiramos dois dias de descanso, com boa alimentação e acompanhando a previsão do tempo decidimos tentar de novo nos dias 27 – 28 de agosto.

Nesses dois dias pelo vale muita chuva caiu pela noite e estávamos muito felizes pela nossa decisão. Agilizando tudo de novo para uma nova investida, melhoramos um pouco nossa logística o que nos poupou energia e na manhã do dia 27 seguimos num dia de céu limpo rumo ao Refúgio du Goûter. Neste dia havia muito mais montanhistas do que da outra vez, pegamos novamente o teleférico e depois o trem até Nid d’Aigle (2,372m) de onde seguimos por uma rota alternativa já que pelo trilho do trem estava fechado, um caminho um pouco mais longe mais em grande parte da subida pegamos sombra o que foi muito bom!

Pegamos a “Cuesta Brava” de novo e desta vez foi muito melhor sem aquela ventania toda, fizemos uma pausa maior perto do Refúgio de Tetê Rousse e observamos o Grand Couloir com um pouco de neve o que parecia um bom sinal, pudemos avistar também alguns montanhistas subindo rumo ao Refugio du Goûter e lá vamos nós tentar outra vez.

Segunda tentativa: atravessamos rapidinho o Grand Couloir e seguimos na escalaminhada e via ferrata por horas e com vários montanhistas subindo e descendo, até finalmente ver se aproximando o Refugio du Goûter, eu mal pude acreditar que demos um passo avante e estava ali me sentindo muito bem!

Levamos mais ou menos 6 horas da estação do trem até o Refugio du Goûter, e ao entrar no refugio a busca agora era por lugar para dormir já que é comum chegar lá sem reservas e aguardar por um canto. Conseguimos 2 camas e jantamos por ali com café-da-manhã, marcado para 2 horas da manhã. Ficamos um tempo lá fora curtindo o visual e o calor do sol que ajudava a aquecer um pouquinho naquele frio. Tiramos fotos e conhecemos alguns outros montanhistas que tentariam o cume no mesmo dia que nós. Entre essas pessoas 2 espanhóis sem muita experiência, o que infelizmente também acontece muito no Mont Blanc por se achar que é uma montanha “fácil” e com rotas menos técnicas. Em minha opinião não é nada elementar e o Mont Blanc não deixa de ser uma montanha que merece respeito e humildade e não é menos importante que nenhuma outra, inclusive pode ser muito perigosa como pudemos ver o último grave acidente com avalanche em julho que matou várias pessoas. Enfim, consciência, humildade e respeito são palavras-chave para tudo nesta vida!

Fomos “dormir” às 20h, em altitude e com uma grande escalada para começar na madrugada fica difícil dormir 100% tranqüilo. E como beber muita água é importante para uma boa aclimatação ir ao banheiro também faz parte, então, este sono se torna bem superficial, apenas um descanso para os olhos, rs. O vento forte e constante lá fora me preocupava.

Levantamos 1h40min da manhã e fomos para o refeitório, um trânsito de gente pra cima e pra baixo, montanhistas se equipando para subir, alguns já subindo, outros indo pro café e todo canto lotado de gente! Tomamos o nosso chocolate quente com bastante açúcar pra dar energia, comemos umas torradas e partimos para nos equipar também e começar a subir.

Quase prontos, faltava só nos encordar e não é que a corda nova decide embolar bem nesta hora! Para o meu estresse, tentamos desembolar o mais rápido possível, pois já estávamos lá fora, expostos ao vento, prontos para começar. Olhei pro Hugh e respirando fundo eu disse: “Será que isso é um sinal?”. E ele respondeu: “Qualquer insegurança maior nós voltamos, ok?”. Ok.
Repeti sua última frase e tomei frente à escalada lendo as pegadas na neve logo encontrei um ritmo contínuo com passos firmes e respirações profundas.

O visual era incrível! Era possível ver um rastro de luzes das lanternas de cabeça dos outros montanhistas montanha acima. Víamos as luzes dos vilarejos no vale lá embaixo, as estrelas brilhando no céu e o caminho de pegadas bem marcado à minha frente que ao receber as luzes da minha lanterna de cabeça formavam pequeninos pontos de brilho pelo gelo, vários deles, como se fossem um céu no glaciar. Inesquecível e fantástico!

Um momento de pura concentração e foco, os sons da respiração e dos crampons e piqueta sendo cravados no gelo geravam por alguns segundos, êxtase e, logo depois uma mistura de outras sensações inexplicáveis vinham à tona. Pegamos um ritmo bom e encontramos a dupla de espanhóis que começaram a nos seguir.

A subida do Aiguille du Goûter (3863m) e do Dôme du Goûter (4304m) eram sem fim e o vento trazia nuvens para o céu que antes estava limpo e agora começava a ficar nublado. Aos poucos podíamos ver um pouco mais o glaciar pelo qual estávamos andando, na medida em que ia clareando, eu já sentia que precisava de uma pausa para comer algo e tomar mais água, mas não havia nenhum lugar abrigado do vento para parar e ficar exposto não seria bom, não podíamos parar para não sentir muito frio.

Os passos começaram a ficar um pouco mais lentos e com mais pausas para respirar. O Hugh me incentivava a cada vez que eu olhava para trás para saber se ele também estava legal. “É isso aí, está num ritmo bom, vamos lá!”. E a subida sem fim começava a terminar, pude ver o glaciar mudando de inclinação e que bom poder relaxar as pernas num terreno mais plano!
Aumentamos um pouquinho o ritmo numa descidinha e depois numa leve reta e assim nos distanciamos dos espanhóis. O vento roubava meu calor e começei a me sentir meio estranha, com muito frio. Definitivamente precisávamos parar para comer e hidratar, mas ali ainda estava muito exposto.

Avistamos o Refuge Vallot (4362m) e para chegar lá mais um trechinho de subida íngreme. Falei pro Hugh pra gente parar lá, pois onde estávamos não ia dar. Esforcei-me pra chegar, sentindo as pernas meio fracas na subida observava aquela sensação estranha. Estava me sentindo tão bem antes o que estava acontecendo? Perguntei-me. Falei pro Hugh dessa sensação e paramos no Refugio que estava um entra e sai de montanhistas.

Sentamos um pouquinho e só de sair da ventania já estava ótimo, mas ao invés de melhorar eu piorei e começei a tremer de frio, não tinha vontade de comer nada só de me esquentar e dormir. Comi uns chocolates e doces para dar energia, me hidratei e o Hugh me abraçou para ajudar a esquentar, minhas mãos e meus pés estavam geladinhos! Movimentava-os para mantê-los aquecidos.

Nessas horas todos os tipos de pensamentos passam pela cabeça, mas o meu sentimento naquela hora era o de voltar. Logo, a dupla de espanhóis chegou e um deles também não se sentia bem. Fui ao WC e quando voltei sugeri que um deles descesse comigo enquanto o outro que queria continuar tentasse com o Hugh chegar ao cume e depois nos encontrávamos no refúgio du Goûter. Eles toparam, porém o Hugh ficou preocupado comigo e não queria me abandonar, super parceiro. Eu disse que estaria bem descendo com o espanhol e que estava feliz por ele poder continuar!

Com tudo certo mudamos as duplas, nos encordamos de novo e cada um seguiu seu destino dali. Ao pegar o caminho de volta para o Refúgio du Goûter o dia estava amanhecendo, nublado e diferente do que previa a previsão do tempo, o sol apareceu um pouco abaixo das nuvens iluminando o vale e ainda estávamos longe de alcançar o seu calor, infelizmente.

Fizemos um esforço para tirar algumas fotos e registrar aquelas imagens que são para poucos. Continuamos a passos bons e encontramos montanhistas subindo e descendo, a montanha estava movimentada. Mais pausas para fotos, vídeo e uma última contemplação de toda aquela maravilha gelada.

Atingimos o nosso cume e estamos muito felizes por isto, a conquista é a cada passo e é muito particular. Não estamos ali para provar para ninguém aonde chegamos e nos vangloriar por isso, muito menos precisa provar o porquê estamos fazendo isso. A escalada não é ego, não é troféu, não exige explicação lógica, e neste mundo não realizamos nada sozinhos, existe todo um universo conspirando para que cada coisa aconteça em seu momento certo, interconectado, por isto estamos exatamente aonde deveríamos estar, vivendo exatamente o que deveríamos viver.

Avistando o Refugio du Goûter estava consciente de que ali era apenas parte do caminho, mas já estava feliz por retornar e relaxar um pouco antes de descer até o vale. Eu e o Hugh desceríamos no mesmo dia e os espanhóis iriam ficar mais um dia no refúgio para fazer a descida no dia seguinte o que é uma boa idéia ficar uma noite a mais ou no Goûter ou no Tetê Rousse.

Chegando ao refúgio, tiramos os equipamentos, nos cumprimentamos pelo nosso máximo doado naquele momento e fomos para o refeitório no qual eu pedi uma sopa para ajudar a me esquentar. Estava tão cansada que mal conseguia segurar o pão para mergulhar na sopa, ri quando deixei o pão cair 2 vezes. Depois de comer conversei com uma outra dupla que havíamos conhecido um casal de mais ou menos 50 – 60 anos, uma italiana e um francês, que também não chegaram no cume por sentir muito frio, e ela descreveu sensações parecidas com a que eu tive.

Bom, arrumei um canto na mesa e dei um cochilo até o Hugh chegar. Acordei com ele me cutucando, não sei quanto tempo se passou só sei que havia apagado e de repente estava o Hugh me acordando e dizendo que também não chegou. O frio estava intenso e o ritmo do outro espanhol estava muito lento e com paradas constantes demais, ele não sentiu muita confiança na nova dupla e o melhor foi voltar, o cume estava encoberto de nuvens e a montanha sempre estará lá. Não foi desta vez, mas estávamos muito felizes por nossa conquista! Com certeza valeu muito a pena chegar até onde chegamos.

Apressamos-nos para pegar o caminho até a estação de trem e o último trem era às 16h50min. Eram 10h40min e acreditamos ter tempo suficiente para pegar este último trem, apenas a parte até chegar ao Refúgio Tetê Rousse seria lenta por ser uma escalaminhada e via ferrata mas depois poderíamos dar um gás até lá embaixo. O que não foi bem assim.

Começamos a desescalar, eu comecei com os crampons nos pés, mas depois parei e tirei pois já não havia tanta neve. Passamos rapidinho novamente pelo Grand Couloir com o tempo já nublado, atravessamos o glaciar e descansamos um pouco depois do refúgio Tetê Rousse. Eu estava bem cansada e as minhas pernas também, o que piorou foi que eu não quis comer mais nada e as botas estavam machucando a ponta dos meus dedos de tanta descida.

Mas só tem um jeito de sair dali, caminhando e rápido para não perder o trem! Estes últimos momentos de descida foram terríveis, tudo de bom que eu estava sentindo durante a subida se multiplicou em péssimas sensações na descida. Mas, acontece, às vezes estamos bem e às vezes não. E isso pode mudar em frações de segundos.

Provavelmente a minha TPM ajudou a tornar-se pior esta descida e intensificar a sensação de dor, o que eu mais queria era sair dali o mais rápido possível! E o tempo parecia não estar ao meu favor, cada minuto parecia uma eternidade! Foquei na estação de trem e vamos lá sem parar, pois não podemos perder este trem de jeito nenhum! Fazia em média 12 horas que estávamos em ritmo de atividade, caminhando com algumas paradas é claro, mas, muito exaustivo.
Chegamos à estação faltando 15 minutos para o trem chegar! Agradeci ao universo por isso e fiquei desacreditada que estava ali e havia “feito” tudo isso. Nesses momentos temos mais ainda a clara certeza de que não realizamos nada sozinhos e seja a situação que for que enfrentamos nesta vida temos que sair com as nossas próprias pernas, ninguém pode fazer nada para mudar uma situação a não ser você mesmo. Lições que a natureza relembra aqueles que estão abertos a ouvir e aprender.

Do trem pegamos o teleférico, já tirei as botas que deixaram as minhas unhas do dedão dos pés roxo (e que estão roxas até hoje) e voltamos para o camping. Fui “rapidamente” ao WC e entrei no saco de dormir e falei para o Hugh: “Daqui eu só saio amanhã!” rs. Ele ainda foi a Chamonix devolver os equipamentos e voltou com uma surpresa maravilhosa que eu nunca vou esquecer: 2 pizzas deliciosas!!! Uma quatro queijos e uma vegetariana! O que dizer mais senão um muito obrigado de todo coração!

No dia seguinte dormimos até mais tarde, tomamos um bom café-da-manhã num camarada nosso da Creperia, agilizei algumas coisas para a minha volta, demos uma última passada em Chamonix, tentei pegar o teleférico da Aiguille du Midi para fazer o meu passeio turístico, mas o tempo virou de vez no vale e prometia ficar assim nos próximos dias. Este passeio terá de ficar para a próxima também.

Encontramos Tasseb, um francês do Couchsurfing que me ajudou muito a preparar a viagem, compartilhamos juntos ótimos momentos, conversas, e foi uma troca cultural muito agradável! Com certeza tenho muitos motivos para voltar à Chamonix muitas e muitas outras vezes! E quem sabe até ficar um tempo por lá e aprender francês, rs. Até que não seria uma má idéia!

Muito obrigada a todos que me acompanharam e acompanham, a jornada continua! Muitas energias positivas para todos e veremos onde será a próxima aventura!
Namastê!



Namastê.
Jus Prado
jusprado.wordpress.com