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COLUNISTA GUILHERME CAVALLARI
 
Que mountain bike comprar?
da redação, Texto e fotos: Guilherme Cavallari
5 de junho de 2013 - 14:14
 
 

Recebo muitas perguntas de leitores dos meus livros. Algumas perguntas são frequentes (FAQ - frequently asked questions), então decidi colecionar minhas respostas aqui no blog…

Pergunta: Quero começar a fazer trilhas, que bike devo comprar?
Eu respondo: Bicicleta é igual cueca ou calcinha, algo muito íntimo. Também igual à lingerie, bicicletas sofrem influência da moda, sem falar na questão da tecnologia… Já imaginou alguém procurando o celular perfeito ou o computador ideal? Passa um ano e aquele modelo escolhido já virou sucata tecnológica…

Com bikes, graças a Allah, as mudanças não são tão rápidas quanto na informática ou na telefonia, mas a cada dois ou três anos aparece alguma novidade que vira o mercado das magrelas de ponta cabeça.

Para começar a fazer trilhas (imaginando as trilhas que publico na coleção Guia de Trilhas), a bike deve ter o máximo de marchas possível. Isso, hoje em dia, significa 30 marchas. Uma bike de 24 marchas, ou menos, exige muito mais do ciclista, física e tecnicamente. Eu diria que o mínimo de marchas hoje em dia seria 27.

Para começar, basta suspensão dianteira. Se não faltar grana, compre logo uma bike full suspension (suspensão nas duas rodas), porque é mais confortável, mais seguro (especialmente nas descidas e obstáculos), mais divertido e moderninho. Uma observação importante: não existe bike full suspension baratinha! A suspensão traseira tem que ser eficiente e isso quer dizer ter recursos! Uma mola, simplesmente, não é suspensão traseira… É apenas uma mola.

Os melhores freios hoje em dia são os hidráulicos a disco. Dá prá viver muito bem com os antigos V-Brakes, aquelas “anteninhas” que apertam os aros das rodas. Mas com freio não se brinca, então se for disco ou V-Brake, escolha bem e não regateie. Freios a disco mecânicos (a cabo) tem suas vantagens em expedições longas por lugares molhados, mas só isso.

O mínimo de suspensão para quem vai começar, em minha opinião, é 100 mm na frente e atrás. 80 mm é muito pouco e mais de 130 mm é muito peso a toa.

Ferro, alumínio, carbono ou fibra de mandioca com goma de cupim? Não faltam materiais diferentes na construção dos quadros de bikes. Eu confio em bikes com quadro de alumínio aeronáutico. Fibra de carbono oferece uma pedalada mais confortável, especialmente se a bike só tiver suspensão na frente, mas é um material mais delicado e caro.

Então vem a questão: e o peso ideal?

Simples. Quanto mais leve melhor, claro! Mas, também, quanto mais leve mais caro! Eu acho que uma bike full suspension deve ter no máximo 13,5 kg. E uma bike de suspensão dianteira no máximo 12,5 kg. Mas lembre-se: o peso da bike é relativo ao peso do ciclista! Quanto mais leve o ciclista, mais leve deve ser a bike.

Hoje em dia tem ainda a questão de 26 ou 29 polegadas nas rodas… Decisão difícil porque as duas têm mais vantagens que desvantagens. Rodas de 29 polegadas, teoricamente, deslancham mais uma vez em movimento, rodas de 26 pologadas, também teoricamente, são mais resistentes. Minha opinião é, ciclistas menores, como mulheres de estatura baixa ou mediana vão aproveitar menos as vantagens de uma roda 29. Homens grandes vão se dar melhor com aro 29. Quem faz mountain bike em terrenos mais técnicos, desce forte, arrisca mais na pilotagem, é melhor ficar com aro 26. Quem pedalo em asfalto mais do que terra, melhor ficar no aro 29. Quem viaja para lugares sem infraestrutura, sem oficinas de bike e sem peças de reposição à disposição, como cicloturistas e cicloexpedicionários, melhor levar uma aro 26.

E, por fim, a pergunta… Mas, que marca de bike eu devo comprar?

Aiaiai, que saia justa! Mas a resposta é óbvia: compre uma bike que tenha representante oficial no Brasil, que seja importada legitimamente. Bons quadros importados têm garantia vitalícia e bons quadros também quebram. Sem garantia você estará fazendo um investimento de alto risco, não vale a pena. Procure uma marca com boa representação no Brasil, com boa assistência técnica, com história e uma boa rede de distribuição. Quanto maior e mais antiga a estrutura da importadora, mais segura será sua compra. Infelizmente, quando o assunto é trilha, a indústria nacional ainda não acertou a mão – ou as bikes são pesadas demais ou frágeis demais. A mesma lógica de confiabilidade vale para todos os componentes da bike.

Quer saber mais? Eu escrevi e publiquei um livro com praticamente tudo o que sei sobre bicicletas, com trinta anos de experiências e vivências, milhares de dicas muito bem organizadas e explicadas. O livro tem centenas de fotos coloridas, tabelas, ilustrações e é um dos best-sellers da Kalapalo Editora. Chama-se MANUAL DE MOUNTAIN BIKE & CICLOTURISMO, clique no nome para ler a resenha publicada aqui mesmo no site.

Abaixo, links para resenhas de outros livros de minha autoria, todos com roteiros de trilhas de mountain bike e roteiros de cicloturismo no Brasil e na Patagônia, todos publicados pela Kalapalo Editora. Material que responde a outra pergunta importantíssima no mountain bike… Onde pedalar?

- Resenha da coleção Guia de Trilhas enCICLOpédia

- Resenha do Guia de Trilhas cicloMANTIQUEIRA

- Resenha do Guia de Trilhas Serra Geral (BluGrama)

- Resenha do Guia de Trilhas Carretera Austral

 

 



Guilherme Cavallari
www.kalapalo.com.br