Era a nossa segunda noite na travessia de San Pedro de Atacama (Chile) até Uyuni (Bolívia), dentro da Toyota 4x4 Land Cruiser estavam dois alemães, um francês, um indiano, um inglês, o motorista boliviano e eu de brasileiro, no segundo dia já formávamos um laço de companheirismo e nos divertíamos falando uma mistura de inglês e espanhol, apenas os alemães ficavam um pouco perdidos na conversa. No fim do dia convidei o pessoal para fazer uma foto noturna e prontamente aceitaram.
Nosso hostal era bem as margens do Salar Uyuni, um pequeno vilarejo de não mais de 100 pessoas e completamente escuro pela falta de energia elétrica e por ser uma noite sem lua. Caminhamos até um muro que dividia o vilarejo do Salar e armei ali o tripé. Os dois alemães que pouco entendiam o que falávamos, resolveram seguir salar adentro.
Pedi para o indiano Ash servir de meu personagem nessa foto, regulei a minha Nikon D200 em ISO 100, pois queria grãos finos na imagem e boa qualidade, a abertura em f5 e a velocidade coloquei em 60 segundos e com o controle remoto disparei a foto. Com a minha head lamp iluminei somente o rosto do Ash durante 2 segundos ou menos e em seguida desliguei e pedi para o indiano sair de frente a máquina, nisso tudo acredito que não tinha se passado 30 segundos, desta forma nos 30 segundos restantes que o sensor continuou captando a imagem, o fundo do salar se sobrepôs ao corpo do Ash e ele ficou parecendo um fantasma. Essa é a técnica de light paint (pintando com luz).
Elias Luiz
editor-chefe do Extremos
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