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Uma das minhas fontes de inspiração foi o clássico filme de Bernardo Bertolucci "O Céu que nos protege", baseado no livro de Paul Bowles, onde o autor traça um paralelo entre o turista e o viajante: O turista busca algo mais superficial, como a diversão a qualquer preço. O Viajante busca vivenciar aquele universo paralelo, aprender, fazer parte daquela natureza insólita e das relações sociais distintas que esse contato oferece. Independentemente do rótulo, e sem querer desmerecer qualquer tipo de viagem, sempre me lembro dessa história quando procuro um roteiro novo. Penso em apresentar algo novo ao leitor, de forma que ele não se prenda, sempre, aos roteiros mais manjados. Se a proposta for praticar alguma atividade por um destino já consolidado, que seja pensada de uma forma mais original. Com isso, estamos sempre na estrada em busca de uma travessia menos conhecida, de uma pedalada inusitada, do alto de uma pedra ou de um morro que ainda não figure nos mapinhas e roteiros pré-estabelecidos.
Nesse sentido, fomos ao interior da Paraíba para compor um novo roteiro para a revista Aventura & Ação, em busca do Lajedo do Pai Mateus, um incrível lajedo de granito ornamentado por rochedos colossais e milhares de pinturas rupestres. Esse cenário agreste, já conhecido nas telas do cinema brasileiro, foi palco de grandes filmes nacionais, como “Cinema, aspirinas e Urubus”, “O Auto da Compadecida” entre outros filmes e tele novelas rodadas no município de Cabaceiras. Região que se apresenta como a mais seca do Brasil, com índices pluviométricos abaixo dos 300 mm anuais.
A proposta era pedalar por trilhas pouco conhecidas no cenário nacional e fecharmos com uma travessia a pé, ainda inédita: A Travessia dos Matacões. Esse caminho que corta três grandes lajedos pelo Cariri Paraibano, é constituído por gigantescas pedras de formas instigantes, entremeadas por jardins eriçados de cactos. Nesse caminho pudemos presenciar as marcas deixadas pelo homem pré-histórico, num roteiro que irá se tornar, certamente, uma das grandes jóias do ecoturismo do Brasil.
Boa trilha,
André Dib |