Extremos
 
COLUNISTA AGNALDO GOMES
 
"Onde fui parar" - Nepal
 
da redação, Agnaldo Gomes
24 de novembro de 2010 - 14:35
 

Trekking ao Campo Base do Everest, ao fundo o Ama Dablam. Foto: Fahad Mohammed
 
  Karina Oliani

Nepal, Kathamndu, 08/11/2167.

Isto mesmo meus caros, aqui no Nepal estão no ano de 2167 e estes dias comemorando uma espécie de ano novo, mas é uma mudança de era, a de 1131.

E já que estou no ano de 2167 puder ver como vai ser o futuro...

O futuro das cidades vai ser com vacas andando pela rua, muito trânsito, barulho e sujeira. Mas também não vai haver violência (aqui no máximo eles brigam com pedras, prefiro uma pedrada que um tiro) e onde as pessoas lhe dão "oi" com um Namastê, um comprimento ao deus que está dentro de você, independente de que religião é este deus.

Bom, este é o futuro, mas o presente é mais legal e ele foi de caminhada e escalada.

Foram 32 dias nas montanhas, uns 300 km caminhados e 12.000 metros de desnível, para cima e para baixo.

Destes 32 dias, 25 foram caminhando e dos 7 restantes, 2 parados sem se mexer, apenas deitado e entoando "aummmmm, aummmmm". Os outros 5 foram pra escalar, onde quase não se tem deslocamento em distância, só vertical mesmo.

Nestes 32 dias a incrível marca de 1 banho tomado e 32 dias comendo macarrão, ovo, arroz, batata e chá.

Foram 20 dias passados a 5.000m ou um pouco acima (5200m) ou um pouco abaixo (4900m).

Altitude máxima de 6189m e mínima de 2850m.

A caminhada não é difícil, mas está longe de ser fácil. Pelo desnível é como subir todo dia um corcovado de Ubatuba, e descer no dia seguinte, isto durante um mês...

Carreguei minha mochila e no começo estava com uns 17 quilos, beleza. Mas depois com o equipo de escalada, virgem santa...

A paisagem... bom, simplesmente as maiores montanhas do mundo a sua volta, o que dizer? Se você gosta de montanha arranja um jeito, qualquer um e venha! E não são só montanhas, há cachoeiras e matas.

A escalado do Island Peak de 6189m de altitude foi a minha escalada no Himalaia, hehehe, esta montanha é apenas uma lombada aqui, mas saber que você esta enfiando o seu crampon e a piqueta numa montanha no Himalaia, é duca!

Da escalada foram 4 dias de preparação (fora os 8 de caminhada pra chegar e voltar do campo base) e no dia do cume 13 horas de atividade pra subir ao cume e voltar ao campo base. Uma subida sem fim que começou à 1h da manhã e às 5h da manhã no glaciar com todo aquele gelo, 15 graus negativos, pude ver o sol surgindo e iluminando os cumes mais altos das montanhas, com disse antes, é duca!

A subida é por um glaciar empinado, mas até ai tudo bem, dose é a parede que leva a crista do cume. Você vai caminhando, subindo pelo glaciar e de repente se depara com uma parede a sua frente e pensa: " Ué pra onde é agora ?". E você se toca que só pode ser pra cima, 100 metros de gelo na sua cara, 80 metros com uns 75º graus de inclinação e os 20 últimos com uns 89,9º graus.

Dá-lhe, jumar, piqueta e crampom e muita fé!

Depois, mais 40 minutos andando pela crista que leva ao cume, onde só tem espaço pra uma pessoa, abismo do lado o direito e do lado esquerdo e de repente abismo na frente... ué!!! É o cume do danado! Depois foi só rapelar pra baixo (150 metros com os dedos duros de frio) voltar ao campo base, caminhar 5 dias, pegar um voo num calhambeque com asas e estou de volta a Kathmandu.

Agora tenho uns dias de descanso e depois partir pro Tibet e depois India, afinal a viagem ta só na metade!

Abaixo alguns tópicos relevantes:

- Yak, apenas um boi peludo?
- O chinês que queria me comer...
- A canadense que queria me comer...
- A yaka que queria me comer...(depois de 20 dias sem banho).
- A arte da guerra: como negociar preços nas ruas de Kathmandu.
- Monge meditando: dormindo ou acordado? saiba distinguir.
- Rato sagrado: faço reverência ou mato? Dicas pra evitar uma gafe religiosa.
- Quer emagracer? me pergunte como!
- Chuk versão boneco de neve, como fazer, parte 1
- Butão, o país onde ziper não entra.

Namastê!
Agnaldo Gomes

 
comentários - comments