O Segundo dia de caminhada foi o mais longo e cansativo… Na verdade, a cada dia que ia passando, AQUELE dia se tornava o mais cansativo, pois a estafa ia acumulando, o oxigênio ia diminuindo… Mas nós ainda não sabíamos disso, estando apenas começando o segundo dia…
Mas "no papel" esse seria nosso dia mais puxado (excluindo o dia da escalda final), onde tínhamos uma caminhada de 9 horas pela frente, ganhando cerca de 900 metros de altitude!
O único probleminha, é que logo depois que acordamos e começamos a nos organizar para o início a escalada, as nuvens nos alcançaram e o tempo fechou de novo! Mas pelo menos nesse dia não choveu, apenas tivemos um nevoeiro muito denso praticamente o dia todo!
Teoricamente esses dois dias seriam os mais puxados em relação a altitude ganha num único dia, e em ambos alcançamos o limite máximo (seguro) de ganho de altitude que o corpo humano aguenta. Claro que isso varia muito de pessoa para pessoa, organismo para organismo, mas dizem que passar de 1000 metros de altitude num único dia é arriscado demais para saúde.
Então os guias aproveitavam a altitude ainda relativamente baixa (tudo abaixo de 3 mil a 3.500 metros de altitude ainda é considerado de baixo risco) para conseguirmos subir o máximo da montanha de uma vez só, enquanto nossos pulmões aguentavam, para podermos ter um dia extra de aclimatação numa altitude bem alta.
Alguém também me perguntou o que seria uma escalada de aclimatação, que significa que escalavamos até um ponto máximo, passávamos um tempinho lá em cima, e depois descíamos de novo, para acampar e dormir numa região de mais oxigênio – e nesse sobe e desce no nível de oxigênio que o organismo vai se acostumando com a altitude.
Mas voltando a caminhada, foi sem duvida um dia, muito, muito longo, mas não necessariamente difícil.
A subida foi bastante gradual, com algumas áreas mais inclinadas que outras, onde tivemos que usar as mãos para subir, mas no geral, uma longa e inclinada caminhada.
Nesse dia foi quando saímos da região de Floresta Alpina e a paisagem foi ficando menos e menos densa, e passamos a ver mais flores e plantas "exóticas"! Foi nesse dia também que vimos nossa primeira árvore Senecio gigante!
O ponto alto do dia foi ver as cavernas escondidas na trilha Rongai, onde geralmente os animais de escondem durante a noite – vimos varias pegadas de búfalos! E segundo o guia, volta e meia também aparecem umas pegadas de elefante!
O grupo de carregadores estava nos esperando na primeira caverna, onde nos serviram o almoço – a sopa do "engenheiro estomacal" caiu perfeitamente pois pegamos muito frio nesse dia!
Mas logo depois tivemos que seguir viagem, e a tarde foi ainda mais difícil! Não só porque já estávamos cansados das primeiras 4 horas de caminhada, mas a temperatura caiu bastante a medida que íamos subindo e a trilha foi ficando mais e mais inclinada (sem falar que a quantidade de oxigênio na parte da tarde, já era mais baixa que na parte da manhã, que contribuiu pro cansaço….).
Finalmente acampamos no Kikelelwa Camp, perto da segunda caverna, a 3.600 metros de altitude.
Essa altitude já é considerada de risco, então o guia chefe, Makeke jantou com a gente, prestando bastante atenção em como estávamos reagindo ao cansaço, as horas puxadas de caminhada e a altitude.
Algumas pessoas de nosso grupo começaram a passar mal nessa noite, com fortes dores de cabeça, enjoo e um desarranjo generalizado, então resolvi começar a tomar o Diamox por prevenção. Até então eu estava me sentindo ótima! Cansada, mas ótima. Sem nem um pingo de dor de cabeça, nem enjoo e nem sequer sentia muita falta de ar, e como uns dias antes da viagem, ainda em Londres eu tomei um Diamox (conforme o medico recomendou) para testar o efeito, e passei meio mal, tinha pensado em nem tomar – mas ao ver como algumas pessoas estavam reagindo, resolvi arriscar os efeitos do Diamox para prevenir os efeitos da altitude, e tomei ½ comprimido. Me senti super bem, sem efeito nenhum!
A noite ainda dormi bem, apesar do saco de dormir deslizante!
Mas eu realmente me surpreendi de como me adaptei super bem – eu imaginava que já no segundo dia ia estava me desfazendo de tanto vomitar e dor de cabeça, mas o fato de que meu apetite ainda estava intacto, e estava me sentindo super bem e "forte" foi um alivio que me animou ainda mais pra seguir a escalada nos dias seguintes! |